Ordem de Malta em guerra contra papa Francisco
AFP 4 horas atrás 14/01/2017
© Fornecido por AFP (Arquivo) Papa Francisco (D) e
Robert
Matthew Festing, príncipe e france mestre da Soberana Ordem
de Malta, no
Vaticano, em 23 de junho de 2016
A Ordem de Malta, uma das mais antigas da Igreja Católica,
confirmou nesta semana sua oposição ao papa Francisco, em um gesto pouco comum
em sua história milenar.
Em um comunicado divulgado na quarta-feira em seu site, a
Ordem confirmou que se nega a cooperar com a comissão de investigação nomeada
pelo papa argentino, informaram nesta sexta-feira meios de comunicação
religiosos.
A entidade religiosa considera que deve "proteger sua
própria soberania" diante do que considera uma ingerência do papa, que
ordenou que a comissão investigasse a recente saída do ex-chanceler da Ordem
Albrecht Freiherr von Boeselager.
Trata-se de mais um passo na guerra aberta lançada pela
influente entidade conservadora, cujas origens remontam às Cruzadas, e que
atualmente está presente em mais de 120 países administrando hospitais e
ambulatórios, com 12.500 membros e 100.000 funcionários e voluntários.
O alemão Boeselager foi exonerado em 8 de dezembro do cargo
que ocupava desde 2014 por ter tolerado a distribuição de preservativos a
pessoas com risco de contrair o vírus da aids, explicou a imprensa católica.
"A substituição do chanceler é um ato administrativo
interno da Soberana Ordem de Malta e faz parte de sua jurisdição",
recordou a instituição em um comunicado.
Apesar de a entidade ser considerada como um Estado e contar
com seu próprio passaporte e corpo diplomático, para a Santa Sé continua sendo
vista como uma organização religiosa que deve obediência e respeito ao papa.
A recusa de Von Boeselager de apresentar sua demissão quando
solicitada pelos seus superiores, entre eles o cardeal ultraconservador
americano Raymond Burke - um dos adversários internos de Francisco -, é uma das
origens da controvérsia.
Burke, considerado um grande crítico do papa argentino, foi
afastado do Vaticano ao ser nomeado representante do papa na Ordem de Malta e,
desde então, lidera a batalha contra o pontificado de Francisco.
O cardeal faz parte do grupo que pediu a Francisco que
corrija seus "erros doutrinários", pedido ignorado até agora pelo
pontífice.
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