Defensoria pública pede que INSS suspenda 'pente-fino'
Estadão Lígia Fomenti8 horas atrás 14/10/2016
Fornecido por Estadão Na prática, medida é o primeiro
passo para
a Defensoria acionar a Justiça contra a medida
BRASÍLIA - A Defensoria Pública da União recomendou
formalmente nesta sexta-feira, 14, a suspensão do programa de revisão de
benefícios previdenciários, lançado em agosto pelo governo. O pedido,
endereçado ao Instituto Nacional de Seguro Social, dá o prazo de dez dias para
que a medida seja acatada. Na prática, é o primeiro passo para que a defensoria
ingresse na Justiça contra a iniciativa do governo.
Defensores sustentam que o programa de revisão somente deve
ser implementado quando a concessão de novos benefícios, como auxílio doença e
por invalidez, for realizada dentro do prazo estabelecido em lei. De acordo com
a defensoria, atualmente o prazo para o agendamento de uma perícia para novo
benefício pode levar até seis meses. Bem mais do que os 45 dias definidos por
lei.
"Da forma como está, o INSS optou por dar prioridade ao
corte de benefícios e restringir o acesso a um direito", argumenta a
defensora pública Diana Andrade, uma das autoras do pedido. "A medida mais
adequada é suspender a revisão até que todas as agências estejam de fato
agendando perícias no prazo de 45 dias", completou.
O governo estima fazer uma economia de pelo menos R$ 6
bilhões com o programa de revisão. A verba seria obtida por meio da reversão de
benefícios, concedidos a pessoas que já não reúnem condições para receber, por
exemplo, auxílio-doença. Para atender a esse objetivo, resolução do INSS criou
um bônus, no valor de R$ 60 por atendimento, concedido para peritos que
aderirem à força-tarefa da revisão. "O problema é que não há nos postos um
número suficiente de profissionais atendendo. Tal mecanismo incentivaria apenas
os profissionais a concentrarem seus esforços no programa de revisão, em
detrimento da análise de novos pedidos de benefícios", completou Diana.
A defensora disse que não ser possível saber qual o impacto
do programa de revisão sobre o prazo para atendimento de pessoas que pretendem
começara a receber benefícios. "Quisemos agir preventivamente. Justamente
para evitar que a espera, que já é longa, se agrave ainda mais."
Diana citou como exemplo uma simulação na agência do INSS na
cidade cearense de Itapoca. Ali, pessoas que postulam benefício previdenciário
podem esperar até 197 dias para fazer perícia. "Imagine como ficaria se a
prioridade for dada para revisão de benefícios. A defensoria não pode permitir
a restrição de direito da concessão", completou.
O programa de revisão será feito de forma gradual. Na
primeira etapa, serão convocados para uma nova perícia beneficiários de
auxílio-doença. Nesse grupo, a prioridade será para aqueles que obtiveram o
benefício por meio de ações na Justiça. Na segunda etapa, serão revistos os
benefícios concedidos por invalidez a pessoas com menos de 60 anos. Por fim, o
trabalho será feito para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada.
Procurado, o INSS afirmou que oficialmente não foi informado
sobre a recomendação da Defensoria. De acordo com a autarquia, o tempo médio de
espera para realização de perícias médicas é de 37 dias. Em nota, o INSS afirma
ainda que o programa de revisão dos benefícios não afeta a rotina normal dos
institutos, uma vez que as perícias deste programa são feitas além da agenda
normal do médico que aderiu à iniciativa.
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