Tanques dos EUA seguem à Europa para deter suposta ameaça
russa
14 de outubro de 2016 MIKHAIL
KHODARENOK, GAZETA.RU
Grupo de blindados pesados chegará a porto alemão em janeiro
de 2017, antes de unidades rodarem por diversos pontos do continente europeu.
Objetivo da iniciativa é, segundo especialistas russos, tranquilizar membros da
aliança no Leste Europeu.
Tanques norte-americanos durante manobras da Otan em Adazi,
na Letônia
Foto:Reuters
Os Estados Unidos enviarão a primeira brigada blindada
pesada à Europa em janeiro de 2017, conforme anunciou o comandante do Exército
norte-americano na Europa, tenente-general Ben Hodges, em entrevista à
publicação semanal “Defense News”.
Segundo a declaração, feita durante a conferencia anual da
Associação do Exército dos Estados Unidos, o reforço militar na região tem por
objetivo tranquilizar aliados e deter uma eventual postura agressiva da Rússia.
A 3ª Brigada da 4ª Divisão de Fort Carson, do Colorado,
começará a embarcar nas próximas semanas. A chegada ao porto de Bremerhaven, na
Alemanha, está prevista para meados de janeiro, informou o general.
Antes da viagem, a equipe realizará um teste de prontidão
para verificar o quão rápido conseguiriam atracar os navios no porto alemão e
chegar ao oeste da Polônia.
O general prevê que, em virtude das condições climáticas de
inverno, a 3ª Brigada chegará à zona de treinamento perto da cidade polonesa de
Drawsko Pomorskie em aproximadamente três semanas.
Uma segunda brigada de blindados pesados, programada para
setembro de 2017, irá “provavelmente navegar por vários portos europeus para
testar a sua capacidade de atracação e organização em outro ponto designado”,
acrescentou Hodges.
Para deter a Rússia...
Na chegada ao local de treinamento, a brigada blindada irá
checar suas armas e equipamentos, testar comunicações e camuflagem, carregar as
munições e implantá-las em suas áreas de responsabilidade para se preparar para
ações de combate.
Todas as atividades anteriormente descritas farão parte da
chamada Resolução do Atlântico, segundo o general, com o objetivo de apoiar os
aliados dos EUA na Europa e dissuadir a Rússia por meio da demonstração de
poderio militar.
Para demonstrar a capacidade de combatente tanto no norte
como no sul do continente, um batalhão seguirá à região do Báltico, e outro,
para Romênia e Bulgária.
“A maior parte da equipe de combate permanecerá, porém, na
Polônia, onde existem condições aceitáveis para acomodar as tropas.”
Segundo Víktor Murakhóvski, editor-chefe da revista “Arsenal
Otetchestva” (Arsenal da Pátria), uma vez que as Forças Armadas dos EUA não
dispõem de divisões permanentes, “é difícil precisar exatamente as
características dessas brigadas em termos de número e capacidade de combate”.
Se não houver reforços relevantes, o especialista acredita
que os batalhões do Exército norte-americano na Europa Oriental não
apresentarão uma força ameaçadora, tornando-se, assim, uma iniciativa mais
política do que operacional-estratégica.
“Sem dúvida, isso está sendo feito para elevar o moral dos
aliados dos Estados Unidos no Leste Europeu”, sugere Murakhóvski.
... e tranquilizar aliados
A expectativa é que as formações e unidades norte-americanas
participem das manobras militares anuais da Otan no continente europeu, embora
os próximos exercícios da aliança na Polônia ( “Anakonda”) serão conduzidos
apenas em 2018.
Antes disso, as unidades de brigada blindada dos EUA atuarão
nas manobras “Saber Guardian”, que acontecerá nos territórios da Bulgária e da
Romênia em julho de 2017 e envolverá cerca de 30 mil militares de mais de 20
Estados-membros da Otan.
“É evidente que a implantação de unidades militares dos EUA
na Europa é um fator tranquilizante para o leste do continente, que vem se
sentindo atormentado por uma hipotética ameaça militar da Rússia”, explica
Víktor Khramtchikhin, vice-chefe do Instituto de Análise Política e Militar,
com sede em Moscou.
Segundo o analista, os batalhões que serão futuramente
implantados na região não poderiam garantir total defesa do flanco oriental da
Otan, mas atuam no psicológico dos líderes do Leste Europeu.
“Os novos membros da Otan sentem-se particularmente
encorajados com o fato de que, em caso de guerra, os soldados norte-americanos
estariam na linha de frente e, por isso, assumiriam a ação militar”, arremata.
Com o site de notícias Gazeta.ru
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