sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Brics não vão criar novas instituições todo ano', diz Uliukaev

'Brics não vão criar novas instituições todo ano', diz Uliukaev
Às vésperas da 8ª Cúpula do Brics, que ocorre entre 15 e 16 de outubro em Goa, na Índia, ministro da Economia russo faz balanço do grupo.
 Ulyukaev
Segundo ministro, atitude prática do grupo tem sido provada especialmente
 desde a presidência russa. Foto:Alexandr Korolkov/RG

Às vésperas da 8ª Cúpula do Brics, que ocorre entre 15 e 16 de outubro em Goa, na Índia, o ministro do Desenvolvimento Econômico da Rússia avalia grupo em entrevista exclusiva à Gazeta Russa. Para Aleksêi Uliukaev, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul passa a priorizar mecanismos criados anteriormente:

Como a Rússia pretende intensificar a cooperação com os países do Brics?

O Brics não tem o objetivo de surpreender a comunidade internacional criando novas instituições todos os anos. No momento, nossa principal tarefa é organizar o trabalho dos formatos já existentes e iniciar a aplicação prática das iniciativas.
Pretendemos intensificar a cooperação na área do comércio eletrônico, desenvolver a cooperação entre pequenas e médias empresas (PME), criar um recurso eletrônico especial para essas e simplificar o acesso dessas aos contratos públicos e de grandes empresas.
Também apoiamos as iniciativas da Índia na área do comércio e de serviços e na eliminação de barreiras não tarifárias. A implementação dessas iniciativas ajudará a criar uma economia inovadora e reforçar o comércio e os laços econômicos entre os países do grupo.

No ano passado, em Ufá, os países-membros aprovaram a Estratégia de Parceria Econômica do Brics. O que foi feito durante o ano?

Esse é um documento muito difícil e complexo, cuja implementação exige um trabalho coordenado de diferentes departamentos, tanto em nível nacional, como no âmbito do Brics. Na área econômica, estamos intensificando a cooperação no comércio eletrônico.
Por iniciativa da Rússia, será realizado o segundo “Diálogo dos Especialistas”, onde representantes de governos e de empresas unificarão as abordagens dos países do Brics no conceito do comércio eletrônico.

Há questões internacionais onde o Brics já tenha se tornado um player global e possa ditar seus termos?

O Brics não pretende ditar termos. Todos os cinco países têm alta autoridade moral na arena internacional. É um dos instrumentos mais poderosos da nossa influência sobre as decisões na agenda global.
O Brics busca apoio, agindo no interesse de todos os países em desenvolvimento, entre eles Argentina, México, Indonésia, Egito, Arábia Saudita etc. Prestamos muita atenção à cooperação na área de segurança alimentar, energia, tecnologias de informação.
 Movimento Não Alinhado ressalta importância de parceria com Brics width=
O Novo Banco de Desenvolvimento do Brics visa à cooperação com outras instituições financeiras, entre elas o Banco Mundial, AIIB e o Banco de Desenvolvimento da Eurásia. Assim, o Brics já se tornou centro da atração de outros países que levam em alta conta relações internacionais mais justas, inclusive as relações econômicas.
Não é segredo que os países do Brics frequentemente têm abordagens diferentes na resolução de questões no âmbito da OMC ou do G20. Isso é normal, já que cada membro do grupo tem suas próprias características nacionais de desenvolvimento. Mas o fato de que os cinco países em desenvolvimento decidiram coordenar suas posições é um passo enorme.
Não combinamos esforços contra ninguém. Pelo contrário, nos concentramos na promoção de uma agenda positiva e unificadora nas relações internacionais.

Como a economia russa é afetada por sua participação no Brics?

Originalmente, o Brics foi concebido como uma associação de países iguais. O clube já provou sua viabilidade e sua resistência a crises. Apesar do declínio no crescimento econômico, os países do bloco, onde vivem mais de 40% da população mundial, continuam a ser atraentes e promissores.
Dentro do curto período de sua existência, o grupo já alcançou resultados significativos: criou o Novo Banco de Desenvolvimento do Brics e conseguiu formar uma visão comum de cooperação econômica e comercial, cujos principais objetivos foram incluídos na Estratégia de Parceria Econômica do Brics.
Apesar dos fatores econômicos externos negativos, no primeiro semestre de 2016, o comércio entre a Rússia e os países do Brics, em volumes físicos, cresceu 12,6%, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O Brics é frequentemente acusado de retardar os trabalhos práticos. Essa situação mudou durante o ano da presidência da Rússia?

Acho que essas acusações são completamente infundadas. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics e do fundo de moeda de reserva é uma prova disso. O banco já começou a financiar os primeiros projetos nos países do grupo.
 

Durante sua presidência, a Rússia ofereceu a seus colegas a Estratégia de Parceria Econômica, além de uma lista de projetos para implementação conjunta no formato multilateral.
Somos gratos aos indianos pela continuidade e aprofundamento do trabalho iniciado pelos russos. Especialmente na implementação da Estratégia. Além disso, entre 12 e 14 de outubro será realizada a Feira do Brics, que é considerada um dos eventos mais importantes da presidência indiana.

Quando começará a implementação dos primeiros projetos do Banco do Brics?

Os primeiros projetos já foram aprovados. Os países-membros receberão US$ 911 milhões para a implementação de projetos de energia renovável. A Rússia, por exemplo, receberá investimentos na construção de miniusinas hidrelétricas na Carélia [região russa que faz fronteira com a Finlândia]. Além disso, o Banco também está interessado em outros projetos na Rússia, inclusive no desenvolvimento de infraestrutura de transporte.


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