15 de outubro de 2016 Espaço, Tecnologia 17.508
Primeiro país espacial, Asgardia está aceitando candidatos a
cidadãos
Asgardia, que está sendo lançada como a primeira nação
espacial, está aceitando candidaturas para futuros cidadãos. Líderes do projeto
discutiram a futura nação espacial em uma conferência realizada em Paris na
última quarta-feira, 12 de outubro. Os líderes pretendem lançaram o primeiro
satélite de Asgardia para o espaço em 2017, e dizem que querem eventualmente
possuir uma estação espacial onde viverão alguns dos 150 milhões de cidadãos
pretendidos.
Asgardia recebeu esse nome em homenagem a Asgard, casa dos
deuses nórdicos na mitologia. A cidade, de acordo com Igor Ashurbeyli, líder e
fundador do projeto, terá uma democracia com ênfase na liberdade do indivíduo
para desenvolver tecnologias espaciais.
Agora, os interessados podem se inscrever e torcer para
serem selecionados entre os 100 mil primeiros cidadãos. A inscrição pode ser
feita por meio do site asgardia.space. No momento desta publicação, o site
contava com mais de 220 mil inscritos.
Apesar de Asgardia não ser reconhecida oficialmente como uma nação (pelo menos
ainda), os candidatos a cidadãos precisam preencher alguns requisitos legais
para se inscrever. É necessário, por exemplo, ter nascido em uma nação que
permita a dupla cidadania.
De acordo com os líderes do projeto, Asgardia poderá ser uma
nação localizada no espaço, na órbita da Terra, ou além. A equipe diz que a
nação precisa de pelo menos algumas dezenas de milhares de cidadãos antes de
entrar formalmente com um pedido de reconhecimento nas Nações Unidas.
Entretanto, nem todos os ‘asgardianos’ precisam viver no
espaço, bem como nem todos os cidadãos brasileiros vivem no Brasil. De acordo
com Ashurbeyli, a nação está sendo projetada para ‘servir a humanidade’ e para
buscar ‘paz no espaço’. Ahurbeyli é dono da Socium Holding, que de acordo com o
site da Asgardia, possui mais de 10 mil empregados em 30 países.
O líder do projeto disse que durante a seleção dos futuros
cidadãos de Asgardia, será dada preferência para aqueles que desenvolvem ou
investem em tecnologias espaciais. Ashurbeyli descreve Asgardia como um estado
que não se distrai com coisas como infra-estrutura, como estradas e hospitais.
Ele chama a futura nação de “um reflexo da Terra no espaço, mas sem as
fronteiras, limites e restrições religiosas”.
Ram Jakhu, diretor do Instituto de Lei Espacial e Aérea da
Universidade McGill, é o especialista legal do projeto Asgardia. Para Jakhu,
que concedeu entrevista ao space.com, com cidadãos selcionados, um governo e
uma estação espacial habitada para chamar de território, Asgardia cumpriria
três dos quatro elementos da ONU para considerar uma nação como Estado. O
quarto é o reconhecimento pelos Estados membros da ONU. Para ele, se a nação estiver
fazendo ‘coisas boas’, não há motivo para esse reconhecimento não aconecer.
“A visão (do projeto) é muito clara. Essa nação fará coisas
para ajudar a proteger a Terra e, além disso, servirá exclusivamente para
propósitos pacíficos e para permitir acesso aos países desenvolvidos que não
possuem acesso ao espaço. Então, fazendo as coisas desse jeito, o
reconhecimento não será um grande problema. Se esses quatro elementos
(território, cidadãos, governo e reconhecimento) forem concluídos, Asgardia se
torna um Estado e pode solicitar o ingresso nas Nações Unidas”, diz Jakhu.
Nenhuma taxa é necessária para os pedidos de cidadania, e os
primeiros cidadãos não precisarão contribuir com o custo do primeiro satélite
que deverá ser lançado no fim de 2017.
Ashubeyli diz que o primeiro satélite de Asgardia poderá ser
lançado a partir das nações que já exploram o espaço, mas que o país que pagará
pelo lançamento pode ser um país com economia emergente, não signatária do
Tratado do Espaço Exterior. Esse tratado foi assinado durante a Guerra Fria, em
1967 e diz que toda atividade no espaço deve ser liderada por uma nação-estado.
Para o líder do projeto Asgardia, esse tratado é restritivo, e ele quer que
indivíduos e companhias possam agir no espaço sem o envolvimento direto de
governantes.
A equipe também possui planos de lançar satélites que possam
proteger a Terra de asteróides e detritos espaciais. Joseph Pelton, diretor do
Instituto de Pesquisa em Espaço e Comunicações Avançadas da Universidade George
Washington e membro do projeto Asgardia, disse ao space.com que a defesa da
Terra requer espaçonaves diferenciadas.
Para defender a Terra de asteróides, Pelton prevê uma frota
de naves que possam ser lançadas de encontro aos asteroides anos antes de eles
alcançarem a Terra. Essas naves, de acordo com Pelton, poderiam também disparar
raio laser. Esses raios vaporizariam partes da superfície, ajudando a
lentamente mudar a direção do asteróide. Pelton espera que Asgardia trabalhe
com os estados-nações baseados na Terra para financiar tal sistema de defesa.
Pelton também tem planos para proteger a Terra de ejeções de
massa coronal (rajadas de partículas do Sol, que podem danificar satélites e
redes de energia). Junto com Jim Green, chefe de ciências planetárias da NASA,
Pelton idealiza um sistema de defesa com campos magnéticos de 1 a 2 Teslas,
localizados na órbita L1 (entre a Terra e a Lua). Para estes projetos de defesa
e outros desenvolvimentos da tecnologia espacial, Ashurbeyli prevê o
crowdfunding como potencial fonte de capital de investimento. [Space]
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