23/10/2016 14:32
MPF e mídia massacram o PMDB de Temer. Oito atingidos em uma
semana É o juízo final do Golpe?
Nada menos que oito nomes de políticos da cúpula do PMDB, o partido do golpe,
foram atingidos durante esta semana por denúncias. Temer voltou correndo do
Japão para tentar salvar a situação. O que está acontecendo?
O clima de caçada insuflado por denúncias de corrupção foi plantado pelo
próprio PDMB para chegar ao poder. Além disso, do início de 2015 até a
derrubada de Dilma, o PMDB não fez senão sabotar o governo, desgastá-lo em
todas as votações, e transformar a condução política do país por Dilma em
ficção cronicamente inviável.
Então, Dilma caiu e, antes do que podia esperar, também Eduardo Cunha, o
arquiteto do impeachment, desabou. O São Jorge vingador dos humilhados da
Câmara, que acabara de liquidar o dragão, foi derrubado do cavalo, pisoteado e
escorraçado pela mídia. Esfregando o lombo dolorido, resmungou juras de
vingança, e claudicante rumou para a mesa de trabalho, para escrever suas
memórias sobre falcatruas alheias.
Antes disso, e em paralelo, o PMDB já tramava o fim da Lava Jato, condição
óbvia para garantir uma longa estadia nas cadeiras do poder, e, inversamente,
posição confortável para evitar uma entediante estadia nas masmorras de Moro.
Ocorre que, para cumulo da desgraça, a conspiração era instigada por um agente,
pré-infiltrado, que levantava a lebre justamente para colher subsídios para sua
denunciação premiada – o delator Sérgio Machado. Ou seja, o clima de caçada que
o próprio PMDB havia instigado com o luxuoso auxílio da mídia golpista, agora
já se alastrava por dentro, era o PMDB caçando o PMDB.
Mas não era um PMDB qualquer o objeto da emboscada de Sérgio Machado, mas a
alta cúpula, as cabeças coroadas, os presidentes e ex-presidentes, enfim, uma
parte que, se destroçada, abalaria o edifício do partido: o ex-presidente José
Sarney, o Presidente do Senado, Renan Calheiros, o então ministro do
Planejamento, e homem fortíssimo de Temer, Romero Jucá.
O efeito imediato já foi muito sério. A derrubada de Jucá, com impacto de estremecer
no governo provisório do usurpador Michel Temer. Mas o efeito retardado foi
maior ainda, porque transbordou em muito o campo estreito das armações
imediatas do poder.
Como já tinha perdido três ministros em cinco semanas, Temer buscou, para se
assegurar, um estratagema sórdido, como sói de ser quando um golpista delibera.
Para se garantir, numa situação que em que o solo sob seus pés encolhia
vertiginosamente, Temer apostou em ganhar terreno cometendo crimes de lesa
pátria em troca de sólida legitimidade com as elites e a mídia. Seria, e
continua sendo, o maior presente que a gangue empresarial do Brasil (mas também
do exterior, especialmente, dos EUA) poderia imaginar: a PEC 241, a destruição
da Previdência, do salário mínimo, da educação, a entrega do pré-Sal, e vários
outros eteceteras alinhados. Uma hecatombe para a democracia.
Tudo isso, se relaciona com as condições particulares em que o golpe ocorreu.
Ele nasceu das denuncias, mas as denuncias continuam mastigando o PMDB por
dentro porque, dentro do PMDB, há uma longa história de ‘fisiologismo’,
leia-se: corrupção. Para se livres delas, Temer tentou a cartada do lacaio
miserável, dando tudo aos poderosos. O que foi fácil devido à envergadura
cartilaginosa do seu ministério, com os Mendoncinhas e os Piccianinhos.
A situação nesse instante, para quem tem olhos para ver, parece sinalizar a
preparação de um banquete em que o governo Temer será devorado. Do começo da
semana para cá, foram oito nomes do PMDB, líderes, dirigentes e ministros de
Temer, que foram jogados na ribalta sob os refletores da mídia: Picciani,
Geddel, Moreira, Jucá, Cabral, Cunha, Sarney e Lobão – esses últimos com a
operação Métis desta sexta, 21.
Se o prognóstico se confirmar, o PMDB, em lugar de ser o lobo que tomou o poder,
torna-se mais um boi de piranha, sacrificado para que o PSDB possa galgar a
rampa do Planalto.
Sendo assim, se a mídia e a Justiça, o MPF, e as elites estiverem tramadas
contra o PMDB, o partido segue direto para o matadouro da Lava Jato. Eles já
intuíram que o perigo chegou muito perto, e começam a denunciar, como fez Renan
hoje, o risco do desrespeito ao estado de direito: “Valores absolutos e
sagrados do estado democrático de direito, como a independência dos poderes, as
garantias individuais e coletivas, liberdade de expressão e a presunção da
inocência precisam ser reiterados”.
Seria engraçado descobrir, ao final, que não apenas Cunha foi um bandido útil
para o golpe alcançar os seus objetivos. Mas que o próprio PMDB, contratado
como assassino de aluguel para liquidar a democracia, foi, logo que a obra foi
consumada, descartado pelo velho processo da queima de arquivos. Certamente não
é o juízo final do golpe, mas bem pode ser a liquidação de um segmento
importante dentro da coalizão do golpe.
Logo, contudo, teremos que decidir se vamos aceitar que um golpe confeccionado
por processos típicos das gangues mafiosas, seja tido como legítimo para
“colocar o Brasil nos trilhos”.
Fonte: O Cafezinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário