Inspeção do Sintesac denuncia série de problemas no setor de
Nefrologia da Fundhacre
Falta de equipamentos adequados expõem servidores ao contato
com material contaminante. Faltam alimentação adequada e local de repouso
adequado
ASSESSORIA
05/07/2016 19:58:30
Funcionários da unidade durante inspeção /Foto: Assessoria
Uma visita surpresa realizada pelo Sindicato dos
Trabalhadores em Saúde (Sinteac), na manhã desta terça-feira (5), no setor de
nefrologia da Fundação Hospital do Acre (Fundhacre) constatou graves problemas,
expondo tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes que necessitam de
atendimento especializado no local.
Os servidores aprovaram e apoiaram a ação do sindicato,
requerendo mais intervenções como esta, dadas as precárias condições de
trabalho.
Entre os problemas graves detectados pelos sindicalistas,
está a exposição dos servidores à contaminação, dado o elevado grau de
insalubridade no local, onde há falta até mesmo de luvas estéreis há mais de 20
dias. Além disso, foi constatada ainda que a alimentação servida não atende às
necessidades, bem como não há local de repouso para o trabalhadores. A
avaliação foi de que o setor, apesar de aparente beleza, está um caos quando
avaliado corretamente.
Os profissionais da nefrologia relataram que em muitas vezes
o jantar é apenas o resto do almoço e salada azeda. O café da manhã é apenas um
pão, sem manteiga, pouco leite e, além disso, não há água potável em quantidade
suficiente. Destaque-se que o profissional destas áreas têm de alimentar-se a
cada três horas.
Sindicalistas reprovam falta de atenção à classe
Segundo o presidente do Sintesac, João Batista Ferreira dos
Santos, a situação é preocupante. Ele garantiu que a visita vai resultar em um
relatório a ser encaminhado aos órgãos competentes para os devidos
procedimentos legais e a correção das falhas encontradas. “Se houver algum
culpado, que seja punido nos termos da lei, pois não podemos expor as pessoas a
contaminações em um momento em que elas mais precisam de atendimento de
qualidade, sendo que os servidores precisam de condições para poderem trabalhar
a contento”, destacou o presidente.
Para a tesoureira do sindicato, Francinete Barros, o setor
está um caos e necessita de intervenção imediata por parte dos gestores
estaduais de saúde, sob risco de provocar sérios danos à saúde dos servidores e
com impacto disso sobre os tratamentos realizados no local.
O colaborador do Sintesac, Jean Marcos Lunier, destacou
“que o relatório será apresentado para a Superintendência da Fundhacre, com
cópias para o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e para o Ministério Público
Estadual com o pedido de providências”.
A visita durou cerca de duas horas e foi muito bem recebida
pelos servidores do local, os quais reforçaram a necessidade de intervenção e
elogiaram a postura do sindicato em fiscalizar os locais de trabalho dos
filiados.
O Centro de Nefrologia do Hospital de Clínicas do Acre
(antiga Fundhacre) possui 1.062 metros quadrados, onde se realizam as
hemodiálises. Este procedimento consiste em filtrar mecanicamente o sangue,
ação que o rim doente não consegue mais realizar e auxilia no controle da
pressão arterial. Depois de limpo, o sangue retorna ao corpo através de outro
tubo. Em tese, o setor tem capacidade nominal para atender 200 pessoas por dia.
Fiscais do Sinteac mostraram-se preocupados com problemas
encontrados na unidade /Foto: Assessoria
Problemas detectados
Repouso: Por não haver local adequado para o repouso, alguns
servidores vão para casa, o que se complica para os que moram longe. São 18
profissionais com o quadro completo e a divisão das equipes garante o descanso
a todos.
Horas extras: Os trabalhadores da coordenação ganham como
extra o trabalho em dia de ponto facultativo, mas os demais, não. É preciso
estender o direito a todos.
Ares-condicionados e exaustores: Os equipamentos exigem
climatização adequada e os trabalhadores sofrem com a constante mudança do
clima dentro da sala, que por vezes fica muito gelado. Os exaustores não são o
suficiente para a purificação do ar, ficando cheiro muito forte de produtos
químicos, irritando a pele e gargantas.
Insalubridade: Mesmo com laudos técnicos feitos e repetidos,
comprovando o direito de receber 20%, ainda se paga somente 10%.
Gratificações para os melhores profissionais: Criação de um
plano de incentivo à qualificação e para a excelência no atendimento, de forma
a equilibrar os salários entre os administrativos e os do atendimento médico.
Alimentação para todos os profissionais (inclusive os de 6
horas, com café da manhã, lanche, almoço e janta): Por se tratar de um ambiente
de trabalho em que se manuseiam constantemente produtos químicos de odor
intenso, os profissionais necessitam de alimentação saudável e de qualidade. Há
reclamação da falta de frutas.
Equipamento de proteção individual: O setor de nefrologia
está há mais de 20 dias sem luvas estéreis. Existe apenas um avental como
equipamento individual para todos os profissionais do turnos. Além disso, não
há capacetes de proteção e falta álcool em gel, copos descartáveis, papel
higiênico.
Qualidade e segurança no trabalho: Os trabalhadores já estão
há mais de dois anos sem fazer os exames periódicos de segurança. Da mesma
forma, não têm direito de consultas seletivas, sendo orientados a procurar
postos de saúde ou UPA.
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