sábado, 9 de julho de 2016

O Centro de Nefrologia do Hospital de Clínicas do Acre (antiga Fundhacre

Inspeção do Sintesac denuncia série de problemas no setor de Nefrologia da Fundhacre
Falta de equipamentos adequados expõem servidores ao contato com material contaminante. Faltam alimentação adequada e local de repouso adequado
ASSESSORIA
05/07/2016 19:58:30
Funcionários da unidade durante inspeção /Foto: Assessoria
Funcionários da unidade durante inspeção /Foto: Assessoria

Uma visita surpresa realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sinteac), na manhã desta terça-feira (5), no setor de nefrologia da Fundação Hospital do Acre (Fundhacre) constatou graves problemas, expondo tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes que necessitam de atendimento especializado no local.
Os servidores aprovaram e apoiaram a ação do sindicato, requerendo mais intervenções como esta, dadas as precárias condições de trabalho.
Entre os problemas graves detectados pelos sindicalistas, está a exposição dos servidores à contaminação, dado o elevado grau de insalubridade no local, onde há falta até mesmo de luvas estéreis há mais de 20 dias. Além disso, foi constatada ainda que a alimentação servida não atende às necessidades, bem como não há local de repouso para o trabalhadores. A avaliação foi de que o setor, apesar de aparente beleza, está um caos quando avaliado corretamente.
Os profissionais da nefrologia relataram que em muitas vezes o jantar é apenas o resto do almoço e salada azeda. O café da manhã é apenas um pão, sem manteiga, pouco leite e, além disso, não há água potável em quantidade suficiente. Destaque-se que o profissional destas áreas têm de alimentar-se a cada três horas.

Sindicalistas reprovam falta de atenção à classe
Segundo o presidente do Sintesac, João Batista Ferreira dos Santos, a situação é preocupante. Ele garantiu que a visita vai resultar em um relatório a ser encaminhado aos órgãos competentes para os devidos procedimentos legais e a correção das falhas encontradas. “Se houver algum culpado, que seja punido nos termos da lei, pois não podemos expor as pessoas a contaminações em um momento em que elas mais precisam de atendimento de qualidade, sendo que os servidores precisam de condições para poderem trabalhar a contento”, destacou o presidente.
Para a tesoureira do sindicato, Francinete Barros, o setor está um caos e necessita de intervenção imediata por parte dos gestores estaduais de saúde, sob risco de provocar sérios danos à saúde dos servidores e com impacto disso sobre os tratamentos realizados no local.
O colaborador do Sintesac, Jean Marcos Lunier, destacou “que o relatório será apresentado para a Superintendência da Fundhacre, com cópias para o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e para o Ministério Público Estadual com o pedido de providências”.
A visita durou cerca de duas horas e foi muito bem recebida pelos servidores do local, os quais reforçaram a necessidade de intervenção e elogiaram a postura do sindicato em fiscalizar os locais de trabalho dos filiados.
O Centro de Nefrologia do Hospital de Clínicas do Acre (antiga Fundhacre) possui 1.062 metros quadrados, onde se realizam as hemodiálises. Este procedimento consiste em filtrar mecanicamente o sangue, ação que o rim doente não consegue mais realizar e auxilia no controle da pressão arterial. Depois de limpo, o sangue retorna ao corpo através de outro tubo. Em tese, o setor tem capacidade nominal para atender 200 pessoas por dia.
Fiscais do Sinteac mostraram-se preocupados com problemas encontrados na unidade /Foto: Assessoria
Fiscais do Sinteac mostraram-se preocupados com problemas
 encontrados na unidade /Foto: Assessoria

Problemas detectados
Repouso: Por não haver local adequado para o repouso, alguns servidores vão para casa, o que se complica para os que moram longe. São 18 profissionais com o quadro completo e a divisão das equipes garante o descanso a todos.
Horas extras: Os trabalhadores da coordenação ganham como extra o trabalho em dia de ponto facultativo, mas os demais, não. É preciso estender o direito a todos.
Ares-condicionados e exaustores: Os equipamentos exigem climatização adequada e os trabalhadores sofrem com a constante mudança do clima dentro da sala, que por vezes fica muito gelado. Os exaustores não são o suficiente para a purificação do ar, ficando cheiro muito forte de produtos químicos, irritando a pele e gargantas.
Insalubridade: Mesmo com laudos técnicos feitos e repetidos, comprovando o direito de receber 20%, ainda se paga somente 10%.
Gratificações para os melhores profissionais: Criação de um plano de incentivo à qualificação e para a excelência no atendimento, de forma a equilibrar os salários entre os administrativos e os do atendimento médico.
Alimentação para todos os profissionais (inclusive os de 6 horas, com café da manhã, lanche, almoço e janta): Por se tratar de um ambiente de trabalho em que se manuseiam constantemente produtos químicos de odor intenso, os profissionais necessitam de alimentação saudável e de qualidade. Há reclamação da falta de frutas.
Equipamento de proteção individual: O setor de nefrologia está há mais de 20 dias sem luvas estéreis. Existe apenas um avental como equipamento individual para todos os profissionais do turnos. Além disso, não há capacetes de proteção e falta álcool em gel, copos descartáveis, papel higiênico.

Qualidade e segurança no trabalho: Os trabalhadores já estão há mais de dois anos sem fazer os exames periódicos de segurança. Da mesma forma, não têm direito de consultas seletivas, sendo orientados a procurar postos de saúde ou UPA.

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