Enquanto Cunha renuncia, deputados aprovam fim da
exclusividade da Petrobras no Pré-sal
QUI, 07/07/2016 - 15:46
ATUALIZADO EM 07/07/2016 - 17:35
Jornal GGN - Enquanto o comovente discurso de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) pela renúncia da Presidência da Câmara tratava de ocupar a cena
e as manchetes do dia, em momento propício para fugir de pressões, deputados
aprovavam o Projeto de Lei que põe fim à exclusividade da Petrobras no Pré-Sal.
O texto agora vai direto ao Plenário da Câmara.
A votação foi concluída coincidentemente às 14h30 desta
quinta-feira (07), quando os jornais preocupavam-se exclusivamente em
repercutir o choro e o discurso do peemedebista que renunciou para salvar o seu
mandato.
Em tempo ágil, todos os destaques que propunham mudanças no
projeto foram rejeitados por maioria da Comissão Especial da Petrobras e
Exploração do Pré-Sal. E imediatamente foi aprovado o relatório do deputado
José Carlos Aleluia (DEM-BA), que concordava com o texto original de José Serra
(PSDB-SP), atual ministro das Relações Exteriores, acabando com a
obrigatoriedade do papel da Petrobras como operadora única.
A mudança legislativa afeta todos os blocos contratados pelo
regime de partilha de produção em áreas do pré-sal, que tinha o comando da
estatal brasileira. Um grande lobby envolvendo empresas estrangeiras acompanhou
todo o processo de tramitação dessa lei, no sentido de permitir a participação
internacional nos lucros da descoberta nacional.
"O que estamos votando aqui é o início do processo de
privatização da Petrobras e o deputado Aleluia sabe muito bem disso",
disse o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que integrava a oposição de
parlamentares do PSOL, PT e PCdoB na Comissão.
Entretanto, como estavam em número menor, os deputados dos
três partidos não conseguiram adiar ou rejeitar o parecer de Aleluia.
"Esse projeto melhora as condições de recuperação da Petrobras",
defendeu o relator, adiantando que ainda outras mudanças deverão ocorrer, no
futuro, com um Marco Legal da Exploração da camada do Pré-Sal.
No atual regime de partilha, a Petrobras era responsável
por, pelo menos, 30% da operação de cada bloco contratado para a exploração e a
produção de petróleo e gás da camada.
Apesar de conceder uma "prioridade" à estatal,
para cada contratação, e na lei ficar definido que caberá, neste caso, à
Petrobras os mínimos 30%, a aprovação e palavra final de quem será o operador
da exploração ficará sob o crivo, nada menos, do presidente da República, ou
seja, Michel Temer.
Assim, ainda que a estatal decida aceitar permanecer com 30%
de determinada produção do consórcio vencedor, é Temer quem decidirá,
realmente, se a Petrobras permanece.
O texto está nas mãos do Plenário da Câmara, em votação que
estava prevista para ocorrer na próxima semana. Se aprovado por maioria, Michel
Temer sancionará a proposta de Serra. Mas com a renúncia de Cunha, a Câmara
deve se ocupar, antes, da escolha do novo presidente da Casa.
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