Criamos
uma sociedade de ricos delinquentes, diz Barroso na GloboNews
Criamos uma sociedade de ricos delinquentes, diz Barroso na
G
QUA, 06/07/2016 - 07:26 ATUALIZADO EM 06/07/2016 - 07:27
Jornal GGN - Para Luís Roberto Barroso, ministro do
Supremo Tribunal Federal, o sistema penal brasileiro está longe de ser ideal e
não funciona da mesma maneira para todos. "Nós criamos uma sociedade cheia
de ricos delinquentes, que sonegam, fraudam licitação, subornam, fazem lavagem
de dinheiro", disse o magistrado em entrevista para Roberto D'Ávila, da
GloboNews, também falando na necessidade de criar uma sistema penal que
"valesse para todo mundo".
Barroso elogiou a atuação da Operação Lava Jato, afirmando
que os "rapazes de Curitiba" ofereceram um bom exemplo. "Quem ia
doar para o caixa 2 vai pensar duas vezes", salientou, dizendo que
considera que "mudamos o paradigma ético no Brasil, e agora precisamos
mudar a ética privada".
O magistrado se mostrou contrário ao foro privilegiado,
dizendo que ele deveria ser restrito para chefes de poder e para os ministros
do Supremo, mas "não em causa própria", e sim por hierarquia e
proteção institucional. Para ele, deveria ser criada uma vara especializada em
Brasília, com um juiz indicado pelo STF. "Foro por prerrogativa
(privilegiado) é antirepublicano, faz mal para o Supremo e gera
impunidade", diz o ministro.
Do Globonews
"Sistema
punitivo brasileiro não funciona para os ricos", diz Barroso
Em entrevista exclusiva a Roberto D’Avila, ministro do STF
comenta o papel da Lava-Jato no imaginário brasileiro e diz que o país precisa
de um sistema penal que valha para todos.
Em entrevista a Roberto D’Avila, com exclusividade para a
GloboNews, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso
deixa claro que o sistema penal brasileiro está longe de ser satisfatório.
"O sistema punitivo brasileiro não funciona como prevenção geral para os
ricos. Consequentemente, nós criamos uma sociedade cheia de ricos delinquentes,
que sonegam, fraudam licitação, subornam, fazem lavagem de dinheiro. Portanto,
nós precisávamos criar um sistema penal que valesse para todo mundo", afirma
ele.
Em relação à Operação Lava-Jato, Barroso considera a ação da
Polícia Federal e do Ministério Público importante para a prevenção de futuros
crimes. "Quem ia doar para o caixa 2 vai pensar duas vezes. A melhor coisa
que os rapazes de Curitiba fizeram foi oferecer um bom exemplo. Uniram-se
membros do Ministério Público, Polícia Federal e a magistratura em um pacto de
seriedade, de qualidade técnica, de trabalho de patriotismo, para ajudar a
enfrentar um problema brasileiro, que é a corrupção. Acho que mudamos o
paradigma ético no Brasil, mudamos a ética pública e agora precisamos mudar a
ética privada", ressalta o ministro.
Barroso se mostrou ainda contra o foro privilegiado:
"Sou contra. Precisa acabar. Precisa ser drasticamente restringido para os
chefes de poder, talvez para os ministros do Supremo - não em causa própria -
mas por uma questão mínima de hierarquia e proteção institucional. Porém, sou
contra o foro por prerrogativa. Sou a favor de se criar uma vara federal
especializada em Brasília com um juiz escolhido pelo Supremo com um mandato de
quatro anos, ao final dos quais ele é promovido para seu tribunal. O foro por
prerrogativa (privilegiado) é antirepublicano, faz mal para o Supremo e gera
impunidade", defende Barroso.
Embora faça críticas ao presente, Luís Roberto Barroso tem
uma visão otimista ao falar do futuro. "Talvez a gente não esteja em um
momento de celebração. Mas acho que nós estamos fazendo uma revolução profunda
e silenciosa no Brasil. E as mudanças que estão sendo feitas não vão se
refletir no PIB do ano que vem, mas vão se refletir a longo prazo na vida dos
nossos filhos", acredita ele.
Entre seus colegas, Barroso é avaliado como o maior advogado
constitucionalista do Brasil. Aos 55 anos, ele foi escolhido pela presidente afastada
Dilma Rousseff para ocupar a vaga de Ayres Britto no Supremo. Nascido em
Vassouras, casado e pai de dois filhos, Barroso dividiu a carreira entre os
escritórios do Rio de Janeiro e Brasília e a banca de Direito Público da UERJ..
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