Lava Jato cancela delação da
Andrade que atingiria em cheio Aécio
14/08/2017
Da Folha
A pouco mais de um mês de deixar o cargo, o procurador geral
da República, Rodrigo Janot, enviou sinais de que não quer mais saber da
complementação da delação da Andrade Gutierrez.
A desistência ocorreu após procuradores questionarem se
haveria relatos de crime envolvendo o ex-presidente Lula e teles e receberem um
não como resposta.
A avaliação da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e em
Brasília é que, sem Lula e sem teles, a complementação da delação da Andrade
Gutierrez traria poucas novidades.
A empresa, que nasceu em Belo Horizonte, tem relações com o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), mas os procuradores avaliam que os relatos dela
sobre o tucano pouco acrescentariam ao que foi relatado pela Odebrecht e por
Joesley Batista.
Os procuradores tinham interesse em três casos envolvendo
empresas de telecomunicações porque a Andrade Gutierrez é uma das sócias da Oi
e controlava a Telemar.
Os casos são os seguintes:
1) o investimento de R$ 5 milhões
feito em 2005 pela Telemar na Gamecorp, empresa de Fábio Luis Lula da Silva, o
filho mais velho de Lula;
2) a compra da Brasil Telecom em 2008 pela Telemar,
negócio no qual o Banco do Brasil e o BNDES entraram com R$ 6,8 bilhões; e
3) a
história narrada pelo publicitário Marcos Valério, condenado no mensalão, de que
a Portugal Telecom pagou propina de 2 milhões de euros ao PT.
A Andrade Gutierrez negou aos procuradores que tenha havido
crime nesses três episódios, segundo a Folha apurou.
No caso da
Gamercorp, por exemplo, a empresa sustenta que fez o investimento porque um
concorrente, o banqueiro Daniel Dantas, tinha planos de se aproximar de Lula
por meio de aportes na empresa do filho.
(…)
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