'Bolsa Lula': herdeira de banco suíço doa R$ 500 mil após
bloqueio de Moro
11/08/2017 02h00
Imagem do Google
Se Luiz Inácio Lula da Silva é visto como o pai do Bolsa
Família, ela quer ser a mãe do "Bolsa Lula".
Herdeira da família fundadora do banco Credit Suisse,
Roberta Luchsinger, 32, decidiu lançar um movimento de apoio financeiro ao
ex-presidente, que teve quase R$ 10 milhões em planos de previdência e contas
bancáriasbloqueados
a pedido do juiz Sergio Moro.
A neta do suíço Peter Paul Arnold Luchsinger abriu o bolso,
o closet e o cofre para fazer uma doação pessoal ao petista no valor de cerca
de R$ 500 mil em dinheiro, joias e objetos de valor.
"Com o bloqueio dos bens de Lula, Moro tenta
inviabilizá-lo tanto na política quanto pessoalmente.
Vou fazer uma doação para
que o presidente possa usar conforme as necessidades dele", diz Roberta.
Ela saca da bolsa Hermès um cheque ao portador no valor de
28 mil francos suíços (cerca de R$ 91 mil), mesada que recebia do avô morto em
8 de julho, aos 92 anos.
"Foi o último cheque que recebi dele e vou repassar
integralmente ao Lula.
Agora, já podem dizer que ele tinha conta na Suíça,
aquela que os procuradores da Lava Jato tanto procuraram e não acharam",
ironiza Roberta.
A herdeira bilionária recheou uma mala da marca Rimowa de
objetos que o ex-presidente poderá transformar em dinheiro.
Entre eles, um relógio Rolex (R$ 100 mil) e um anel de
diamantes da joalheira Emar Batalha (R$ 145 mil), que enfeitou um editorial da
revista "Vogue".
"Lula vai poder penhorar tudo", sugere a
doadora.
Na mala que será entregue pessoalmente nos próximos dias, em
data que está sendo negociada com o ex-ministro Gilberto Carvalho, há ainda
objetos de desejo de blogueiras e "it girls": uma bolsa Chanel (R$ 32
mil), um par de sandálias Christian Louboutin (R$ 3 mil) e um vestido Dolce
& Gabbana (R$ 30 mil).
"São itens que poderão ser leiloados em um evento em
benefício ao ex-presidente", propõe Roberta.
Uma bandeja de prata, com o brasão da família Luchsinger, foi
incluída na lista.
Segundo ela, é um protesto pelo confisco dos presentes que
Lula recebeu de chefes de Estado quando estava na presidência.
Roberta justifica a doação com críticas ao que qualifica de
"excessos" e "seletividade" da cruzada anticorrupção
empreendida por Moro e companhia.
"É indevido esse protagonismo político da Lava Jato,
que fere o sistema de pesos e contrapesos entre os poderes da República",
diz. "Perseguir o Lula é perseguir o povo brasileiro."
CARREIRA POLÍTICA
Dona de uma agenda de contatos políticos de todos os matizes
ideológicos, Roberta pretende se lançar candidata a deputada estadual na
eleição de 2018 pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil).
Ela se filiou ao partido ao se casar em 2009 com Protógenes
Queiroz.
Ex-deputado pela legenda, ele hoje se encontra em asilo
político na Suíça para escapar da prisão após ser condenado por
violação do sigilo no comando da Operação
Satiagraha.
Divorciada há dois anos do ex-delegado que prendeu o banqueiro
Daniel Dantas, do Opportunity, ela continua militando no PCdoB.
"Roberta tem personalidade própria, é progressista e
provém de um segmento social pouco usual no nosso partido. É muito bem-vinda
neste momento em que buscamos renovação e queremos trazer pessoas de bem para a
política", afirma Walter Sorrentino, vice-presidente do PCdoB.
GRANDES FORTUNAS
Roberta não vê incompatibilidade entre seu estilo de vida
sofisticado e a pregação de uma sociedade igualitária e sem classes sociais
preconizada pelos comunistas.
Ela critica os cortes
na área social aprovados por Temer e diz apoiar a taxação sobre
grandes fortunas, proposta capaz de gerar calafrios entre seus amigos e
parentes endinheirados.
"Sou absolutamente contrária à redução do dinheiro que
vai para os mais pobres ao invés de aumentar a tributação para os mais
ricos."
Em tempos de polarização, a herdeira diz não temer patrulha
ideológica ao se perfilar nas fileiras da esquerda.
"Esse ódio exacerbado contra os partidos de esquerda,
principalmente contra o PT, chegou ao ponto de cegar parte da sociedade.
Virou
moda se referir a Lula como ladrão", afirma.
"Esses que hoje o
demonizam se esquecem de que Lula foi bom para os pobres e também para os ricos
e deixou a Presidência com 90% de aprovação."
Para Roberta, outro ponto que a faz continuar apoiando Lula,
a quem prestou solidariedade no velório
da ex-primeira dama Marisa Letícia, é o fato de o petista transitar entre
empresários e trabalhadores. "Gosto disso. Também sou assim."
NA ESTRADA
A neta de banqueiro diz estar pronta para colocar o pé na
estrada se for convidada a integrar a caravana do ex-presidente pelo país.
Para provar que não é só da boca para fora, ela está
disposta a incluir no pacote de doações uma perua Volvo XC 60, ano 2015,
blindada, avaliada em R$ 150 mil. "A perua da perua pode substituir a
caminhonete velha que o Moro sequestrou do Lula", brinca.
Rica, loura e de esquerda, ela é comparada pelos amigos à
senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), ex-petista.
"Enquanto eles acham graça
da minha militância, eu aproveito para pedir que também colaborem com o 'bolsa
Lula'. Afinal, todos eles ganharam muito dinheiro nos governos do PT."
Condenado
em primeira instância a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes
de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo que investiga a compra
de um tríplex no Guarujá, o ex-presidente pode
ficar inelegível em 2018.
Fato que não desestimula a campanha de doação aberta por
Roberta.
"Independentemente de ser ou não candidato, este dinheiro vai
permitir a Lula sair pelo Brasil espalhando esperança.
Não podemos perder a
crença na política. Precisamos de união."
Fonte: http://www.folha.uol.com.br/
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