JUIZ DE CURITIBA COM VERGONHA DO MINEIRINHO? Moro diz que
foto ‘rosto com rosto’ com Aécio foi ‘momento infeliz’ de sua trajetória;
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12 de agosto de 2017
Entre aplausos e vaias, o juiz federal Sergio Moro,
responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, afirmou em palestra
em Heidelberg, na Alemanha, nesta sexta-feira (9), que as investigações sobre
desvios de recursos da Petrobras são imparciais e não sofrem influência de
interesses políticos.
Questionado pela DW Brasil sobre a criticada foto em que
aparece rindo ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante a premiação
“Brasileiros do Ano de 2016”, da revista “IstoÉ”, Moro afirmou que o político
não está sob sua jurisdição.
“Foi um evento público, e o senador não está sob
investigação da Justiça Federal de Curitiba.
Foi uma foto infeliz, mas não há
nenhum caso envolvendo ele”, disse.
Aécio Neves, um dos políticos mais citados nas recentes
delações de executivos da Odebrecht e de funcionários da Andrade Gutierrez,
teria recebido propina de Furnas, estatal do setor elétrico.
Moro destacou que as investigações estão focadas na
Petrobras e, por isso, é natural que políticos da oposição não apareçam.
“Se o
crime é provado, haverá consequências. O PTB, o Solidariedade, PP e PT aparecem
nas investigações, então não posso ver onde está a parcialidade na condução das
investigações”, disse.
Ele evitou comentar a notícia de que a Odebrecht teria pago
caixa 2 ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nas campanhas
eleitorais de 2010 e 2014. “Casos envolvendo políticos são encaminhados ao
Supremo”, argumentou.
O juiz disse discordar “totalmente” das críticas de que o
processo legal não tem sido cumprido na Lava Jato.
“A operação não é uma bruxa
caçadora”, justificou ao dizer que não “joga com a política”.
“Nenhuma prisão
aconteceu com base em opiniões políticas, mas em evidências de que crimes foram
cometidos.”
Para Moro, a Lava Jato dá ao Brasil a oportunidade de
superar a “prática vergonhosa” de pagamento de propinas.
“Há uma profunda
erosão na confiança na democracia”, afirmou.
“A Lava Jato revela que muito pode
ser feito para combater a corrupção sistêmica.”
O juiz federal declarou que o Executivo e Legislativo
precisam implementar políticas para combater a corrupção. Ao setor privado cabe
implementar meios de controle interno para acabar com a “regra do jogo” do
setor público, guiada pelo pagamento de propinas.
PROTESTOS
Um grupo de cerca de 30 juristas e acadêmicos enviou uma carta
à Universidade de Heidelberg argumentando que Moro não tem credibilidade para
discursar sobre combate à corrupção no Brasil, por ser “parcial” em favor de
partidos como PSDB e PMDB.
“O juiz federal Sergio Moro incorreu em posturas as quais
foram determinantes para o clima político de derrubada de um governo legítimo
servindo, desta forma, aos piores interesses antidemocráticos”, diz o texto, em
referência ao vazamento de uma escuta telefônica entre a então presidente Dilma
Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no período de crise
pré-impeachment.
Na plateia, brasileiros levantaram cartazes com dizeres
“Moro na cadeia” e “parcialidade fere a democracia”. Outros gritavam “Moro, meu
herói”.
Os grupos trocaram insultos.
Perguntado por uma pessoa na plateia por que divulgou os
áudios de escutas telefônicas de Dilma, Moro afirmou que as pessoas têm o
direito de saber o que seus governantes fazem.
“É estranho que numa democracia as pessoas reclamem de uma
revelação como essa.
Desde o início das investigações decidimos que não iríamos
esconder nenhuma informação do público”, declarou ao ressaltar que a atitude
“não foi uma exceção à regra”.
Moro não quis comentar a crise entre o Legislativo e o
Supremo Tribunal Federal (STF) instalada nesta semana após o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se negar a se afastar do cargo depois de
determinação do ministro Marco Aurélio Mello.
Uol
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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