Políticos falam em ‘turbulência’ para governo com lista de
Janot
14 de março de 2017
Saiba como o meio político reagiu aos pedidos de inquérito
enviados nesta terça-feira (14) pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar políticos citados em
delações.
Ao todo, Janot pediu ao STF a abertura de 83 inquéritos para investigar
políticos mencionados por 77 executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht e da petroquímica Braskem (empresa do grupo Odebrecht). As delações
já foram homologadas pelo Supremo.
Nesses depoimentos, segundo a TV Globo apurou, são mencionados os nomes de pelo menos 170 pessoas, entre as quais políticos com
foro e sem foro privilegiado. Os nomes que constam da lista, contudo, não foram
divulgados pela PGR.
Diante os pedidos de Rodrigo Janot, caberá ao ministro Luiz Edson Fachin,
relator da Operação Lava Jato no Supremo, decidir se os inquéritos serão
autorizados e se o sigilo será removido.
Repercussão
Leia abaixo o que disseram parlamentares nesta terça:
Edison Lobão (PMDB-MA), senador, investigado na Lava Jato:
“Não vejo nenhuma razão maior para tensão. Vários senadores já estão submetidos
à investigação e muitos deles, inclusive eu, temos tido esses inquéritos
arquivados por falta de completa procedência das delações.”
Efraim Filho (PB), deputado e líder do DEM na Câmara:
“É natural que [a lista] vai causar um grande impacto na Casa, mas o nosso
desafio é ter a maturidade necessária para separar a agenda econômica da agenda
política. Ambas são importantes, mas podem caminhar em paralelo. Não é
produtivo para o Brasil parar a agenda econômica para discutir apenas a agenda
política, fruto das investigações da Lava Jato, que são importantes para o
Brasil”.
Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado:
“Não vou falar sobre isso [pedidos de Janot]. Não vi nenhuma lista. Vamos
aguardar, vamos aguardar com calma.”
Fábio Ramalho (PMDB-MG), deputado e primeiro-vice-presidente da Câmara:
“Acho que não [vai afetar o andamento da Casa]. Vamos aguardar para ver, porque
é pedido de inquérito.”
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda:
“Não acredito que isso [a lista] vai impedir os trabalhos normais do
Legislativo. Nós temos três poderes independentes:
Executivo, Legislativo e
Judiciário. Cada um está funcionando normalmente e hoje o Judiciário mostrou
que também está funcionando normalmente”.
Humberto Costa (PT-PE), líder da oposição no Senado:
“Naturalmente, [a lista] gera um ambiente de turbulência, de preocupação de
muita gente. Esperamos que os delatores tenham sido fiéis e não tenham mentido
em relação a quem eventualmente tenha cometido algum tipo de irregularidade.
[…]. Mas não creio que [a lista] vá impedir que as matérias mais importantes
sejam votadas pelo Senado.”
Lúcio Vieira Filho (PMDB-BA), deputado e vice-líder do PMDB
na Câmara:
“Pior do que está não vai ficar. Talvez, quando sair a lista [os nomes se
tornarem conhecidos], o clima até melhore, porque aí acaba a expectativa. Se
sair uma lista com 80 nomes, quem achava que estava, vai poder ficar tranquilo.
[…] Tudo aqui atrapalha votação. Qualquer ruído atrapalha votação até porque dá
discurso para quem não quiser votar.”
Paulo Bauer (PSDB-SC), líder do partido no Senado:
“Naturalmente que a lista, se alcançar alguns senadores, vai trazer alguma
consequência, alguma discussão, um atraso.
Mas não vai gerar dificuldade para
continuarmos votando os assuntos de interesse do país e enfrentando os
problemas que precisam ser encarados no Brasil. […] A lista não vai paralisar
nenhuma votação, poderá produzir algum atraso, algum debate paralelo, mas não
vai fazer com que o Senado deixe de votar as matérias importantes para o país.”
Randolfe Rodrigues (AP), líder da Rede no Senado:
“Há, obviamente, uma tensão por parte do Congresso, mas o que mais me preocupa
não é a tensão entre senadores e deputados.
O que me preocupa são iniciativas
que podem surgir contra o conteúdo e o rumo das investigações do Ministério
Público e da Procuradoria-Geral da República.
Tensão pode fazer parte do ânimo
dos parlamentares, o que não pode fazer parte são iniciativas que interrompam
investigações.”
Romero Jucá (RR), senador investigado na Lava Jato e
presidente do PMDB:
“O Ministério Público tem a obrigação de investigar qualquer indício. A melhor
resposta que se pode dar é trabalhar e votar. Estou tranquilo, qualquer
investigação, vou responder e não vou mudar meu jeito de trabalhar.
Quem tenta
paralisar o Congresso não está a favor do Brasil. Quem tiver cometido crime,
deve pagar. Quem não tiver cometido, tem que ser declarado isento. Não há
também nenhuma verdade em qualquer tipo de delação a não ser que a delação seja
comprovada. E acho que colocar uma nuvem negra sobre toda a classe política do
Brasil é um desserviço.”
G1
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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