Quem são os
especialistas suspeitos que a velha imprensa usa para demonizar Favreto. Por
Joaquim de Carvalho
Publicado
por Joaquim
de Carvalho 9 de julho de 2018
A Folha de
S. Paulo publica hoje opinião da advogada Maristela Basso sobre a decisão do
desembargador Rogério Favreto de conceder habeas corpus a Lula.
Diz a advogada
que o desembargador pode ser acusado de usurpação da função pública.
Maristela é
apresentada como professora da USP.
Só que, no caso, a qualificação mais
apropriada seria a de sócia do escritório de advocacia Nélson Wilians, que
patrocinou recentemente um evento em Nova York que teve palestra de Sergio
Moro.
Wilians é
também advogado da Petrobras, o que, em princípio, colocou Moro em situação de
conflito de interesse em razão da palestra, já que a Petrobras, como assistente
de acusação, é parte nos processos conduzidos pelo titular da 13a. Vara Federal
Criminal de Curitiba.
A opinião de
Maristela carece, portanto, de isenção.
Melhor seria
se ela explicasse como Nelson Wilians se tornou a maior banca de advocacia do
Brasil e, depois que Michel Temer assumiu,
beneficiado pelo impeachment,
conseguiu contratos expressivos no governo federal, como as ações da GEAP
(autogestão em saúde dos servidores públicos federais).
Wilians é
também ligado ao tucano João Doria, como advogado e como dono de jatinhos que o
ex-prefeito de São Paulo usou para deslocamentos pelo Brasil,em eventos de
pré-campanha a
presidente (por enquanto, sem conseguir viabilizar a candidatura
a presidente no lugar de Geraldo Alckmin, ele é pré-candidato a governador do
Estado de São Paulo).
Da pequena
Cianorte, na região de Maringá, Nelson Wilians também é um entusiasta de Moro,
a quem homenageou com manifestações na rede social, e seu escritório
contou com a presença dele e da mulher, Rosângela, na festa em que se comemorou
o título de cidadã honorária do Paraná concedido pela Assembleia Legislativa a
Sandra Marchini Comodaro, sócia do escritório em Curitiba.
Nelson
Wilians também esteve na linha de frente do movimento que levou à deposição de
Dilma — advogados do seu escritório prepararam um dos pedidos de impeachment
entregues a Eduardo Cunha, o do ator Alexandre Frota.
Frota também
foi levado em avião de Nelson Williams para participar das manifestações pelo
impeachment realizadas no dia da votação da Câmara, em maio de 2016.
Ao mesmo
tempo em que Wilians patrocinava ações pró-impeachment, Moro, com o espetáculo
da Lava Jato, criava o ambiente tóxico propício a manifestações de rua e à
queda de popularidade de Dilma.
Para
Wilians, a troca de presidente foi um bom negócio.
Com Michel Temer, seu
escritório conseguiu mais contratos no governo federal e em áreas de influência
no governo federal.
Depois do
impeachment, além do contrato com a GEAP, o escritório foi escolhido sem
licitação para arbitrar uma disputa no porto de Santos, antiga área sob
influência de Temer, com honorários estimados em R$ 23 milhões.
Se o
impeachment foi bom para o escritório, a prisão de Lula talvez também seja.
Para quem ajudou a derrubar Dilma, faz sentido, dois anos depois, Lula ou
alguém indicado por ele voltar ao poder?
Como
profissional do direito, a opinião de Marilena Basso sobre a decisão do
desembargador Favreto vale, portanto, tanto quanto a de Carlos Cachoeira sobre
as máquinas de caça-níqueis.
Nas suas respectivas áreas, têm interesses.
A entrevista
de Maristela à Folha ajuda a entender como funciona a máquina de formar opinião
no Brasil.
Outros especialistas, com interesses na disputa política, também
estão sendo ouvidos para enaltecer Moro e demonizar Favreto.
É um truque
manjado para quem conhece a área de comunicação, mas o grande público não
percebe.
Compra gato por lebre, ou, em outras palavras, sócia de escritório que
faz parte condomínio golpista por professora da USP.
Roberto
Marinho com Joaquim Falcão: opinião de jurista com selo da Globo
Disse
Falcão:
“A questão
não é o ativismo do Judiciário, mas a militância do magistrado.
E a militância
é um subproduto da fragmentação e da individualização da Justiça, cujo exemplo
básico vem de cima, do Supremo Tribunal Federal”.
Falcão foi
escolhido recentemente para a Academia Brasileira de Letras, com grande
publicidade da Globo, e com seu prestígio Falcão tem defendido em artigos
publicados no principal jornal da família Marinho teses que ajudam a manter
Lula fora de circulação.
Tanto
Maristela Basso quanto Falcão têm currículo para emitir opiniões na área
jurídica, e não há nenhum problema em ouvi-los.
Seria mais honesto, entretanto,
se os jornais informassem a seu distinto público quem de fato são suas fontes e
a que interesses servem.
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