VEM AO CASO
MORO? Lava Jato Que Queria Lula, “Pega” Apresentador Da Globo News; SAIBA!
Por Redação
Click Política Em 1 jul, 2018
POR JOAQUIM
DE CARVALHO DO DCM:
Foi no
programa de Roberto D’Ávila, da Globonews, que Edson Fachin disse que estava
sendo ameaçado.
Não apresentou provas nem citou nomes.
Apenas jogou a suspeita
no ar, e insinuou que as ameaças estariam partindo de quem estaria insatisfeito
com suas decisões na Lava Jato.
O que o
público não sabe é que Fachin, naquela entrevista, estava diante de um nome
alcançado pela operação conduzida pela Polícia Federal, operação que tem em
Sergio Moro o líder de fato e em Fachin, seu convalidador.
D’Avilla foi
dono da Intervídeo, a produtora que um delator da Lava Jato diz ter usado para
dissimular o patrocínio do Grupo Schahin para o filme “Lula, o filho do
Brasil”.
Temendo o
indiciamento do apresentador da Globonews por falsidade ideológica e lavagem de
dinheiro, seus advogados encaminharam ao delegado da Polícia Federal Filipe
Hille Pace, no dia 22 de junho, um ofício em que requerem (sic) a exclusão de
D’Avilla do inquérito e, entre as razões expostas, dizem que, se indicado, o
jornalista terá sua “morte civil” decretada. Lembram:
“O Sr.
Roberto D’Avilla é jornalista de renome nacional e internacional, com mais de
42 (quarenta e dois) anos de carreira na área, gozando de enorme
reconhecimento, constituindo-se em um dos decanos dos entrevistadores
brasileiros e, atualmente, conduzindo e protagonizando um programa intitulado
por seu nome no canal Globonews — tamanha é a sua credibilidade e
respeitabilidade no meio”.
Os advogados
dizem também que ele “não deve continuar a sofrer a sombra da persecução penal
injusta”, pois “sua biografia, que se confunde com a própria imagem e a
excelência de sua atuação profissional, depende diretamente de seu prestígio e
confiabilidade.”
Por muito
menos do que é atribuído a D’Avila, a Polícia Federal, o Ministério Público
Federal e o juiz Sergio Moro mandaram para a cadeia — ou conduziram
coercitivamente — pessoas citadas na Lava Jato.
Mas, no que diz respeito a
D’Avila, os fatos foram mantidos em sigilo. Não houve vazamento.
D’Avila
passou a ser, efetivamente, investigado quando Milton Schahin, um dos donos do
Grupo Schahin, formalizou o termo de colaboração premiada com a força-tarefa
coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol.
Schahin
disse que, em 2009, quando foi produzido o filme sobre a biografia de Lula, ele
esteve num encontro a sós com Roberto D’Avila para definir como poderia
colaborar com R$ 1 milhão de reais para a produção do filme, sem que seu nome
aparecesse nos créditos da obra.
Depois
disso, foi celebrado contrato entre a empresa de D’Avila e o grupo Schahin,
para a produção de um vídeo institucional.
O dinheiro foi repassado, a empresa
de D’Avila enviou as faturas, com nota fiscal, só que o vídeo objeto do
contrato nunca foi feito.
E nem era
para ser feito, segundo Shahin.
De acordo com ele, o envolvimento de D’Avila no
caso se deu por iniciativa do ex-ministro Antônio Palocci, na época deputado
federal.
No
depoimento de colaboração, ele disse que foi procurado por Palocci e
pressionado a colaborar com o filme.
De acordo com o empresário, esta era uma
das condições para renovar contrato de Schahin com a Petrobras.
Depois disso
é que D’Avila teria entrado em contato e acertado como ele poderia colaborar
com o filme sem que o nome aparecesse.
O
apresentador da Globonews prestou depoimento à Polícia Federal e negou que
tenha se encontrado a sós com Shahin, mas admitiu que o vídeo não foi feito,
por desistência de Schahin.
Mas o dinheiro repassado aos produtores do filme.
Nos
argumentos apresentados para exclusão de D’Avila do inquérito, os advogados
lembram que o contrato diz respeito a duas empresas privadas e, portanto, não
poderia ser relacionado direta ou indiretamente a um caso de corrupção.
Se ele não
prestou serviços pelos quais a empresa recebeu, isso diria respeito apenas às
partes.
Sobre a delação de Schahin, afirma que ela deveria ser desconsiderada,
já que a delação sem provas não serve para fundamentar indiciamento ou
acusação.
Por mais que
os advogados critiquem, e é um direito deles, além de existirem razões para
criticar o ambiente de caça às bruxas criado pela Lava Jato, não se discute a
pertinência da investigação.
O ironia
dessa história é que, como no caso do triplex do Guarujá, a Lava Jato queria
encontrar algo que derrubasse Lula, mas acabaram encontrando documentos que
comprometiam a filha de João Roberto Marinho, um dos donos do Grupo Globo, que
mantém a Globonews.
Algumas
unidades do condomínio tinham sido compradas por empresas de paraíso fiscal,
abertas pelo escritório Mossack Fonseca, do Panamá Papers.
Os
investigadores perseguiram a pista da Mossack, talvez imaginando que encontrariam
Lula ou alguém da família, mas encontraram Paula Marinho, filha de João
Roberto, inclusive manuscrito supostamente dela indicando como pagaria pela
offshores que é formalmente proprietária de outro triplex, este ilegal,
construído na área de proteção da natureza em Paraty.
A
investigação foi abortada, os responsáveis pela Mossack no Brasil, soltos, mas
Lula continuou na mira da Lava Jato até o desfecho do que poderia ser um
roteiro de um filme sobre conspiração: a prisão do ex-presidente.
Desta vez,
com o filme “Lula, o filho do Brasil”, a Polícia Federal mais uma vez buscou
Lula e encontrou D’Avila, na ponta de uma trama que, segundo o delator Shahin,
foi construída por Palocci.
Sobre o
filme, não é verossímil imaginar que um presidente com mais de 80% de aprovação
popular precisasse recorrer a expedientes escusos para viabilizar a produção.
Num jargão
da comunicação, Lula é um excelente produto, sua imagem vende.
Schahin não
querer aparecer nos créditos dos filmes é natural para um grupo que mantém relacionamento
com governos de todos os partidos.
Se aparece
prestigiando um presidente filiado ao PT, pode ter problemas com um governador
do PSDB. Isso é do jogo.
O estranho
nesta história é o papel da Intervídeo.
Se fosse uma
produtora de alguém sem a fama e o prestígio de D’Avila, como justificar o
pagamento de R$ 1 milhão (em valores da época) para a produção de um vídeo
institucional?
O contrato
parece ter sido de fachada, uma operação da mesma natureza dos patrocínios
angariados pelo publicitário Marcos Valério em Minas Gerais, com o governo de
Eduardo Azeredo, na origem de todos os mensalões.
A Polícia
Federal ainda não decidiu se indicia ou não Roberto D’Avila, mas permanece com
o inquérito guardado, longe de vazamentos.
Os
lavajateiros têm um problema na mão: queriam pegar Lula, mas encontraram um
astro da Globo.
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