PT aposta até o fim em Lula candidato
Sem um real ‘plano B’ no partido, Haddad e Wagner, os dois
possíveis substitutos do ex-presidente, investem na disputa por vagas
no Senado
Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo
06 Outubro 2017 | 05h00
Nas últimas semanas se consolidou no PT a ideia de que o
partido vai apostar na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
até fim, mesmo que o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) mantenha a
condenação imposta pelo juiz Sérgio Moro e o petista seja enquadrado na Lei da
Ficha Limpa e fique inelegível.
A cristalização da tese de que “não existe plano B” no PT
tem feito com que os dois principais nomes citados como possíveis substitutos
de Lula no pleito de 2018, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner e o ex-prefeito
de São Paulo Fernando Haddad, ambos ex-ministros, cujo futuro estava indefinido
por causa da situação do ex-presidente, passassem a investir de forma mais
efetiva em outros projetos eleitorais.
Ambos se colocaram como candidatos ao
Senado Federal.
Embora a percepção geral no PT seja a de que o TRF-4 deve
confirmar a condenação do petista, lideranças do partido como a senadora Gleisi
Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, dizem que a legenda vai insistir na
candidatura de Lula
Segundo ela, existem precedentes de políticos condenados por
órgão colegiado que conseguiram disputar eleições com base em decisões de
tribunais superiores como o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Supremo
Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
Um caso citado nos bastidores petistas é o do deputado Paulo
Maluf (PP-SP), que teve o registro de candidatura cassado pela Justiça
Eleitoral em 2014 e conseguiu um recurso no TSE, disputou a eleição e foi o
oitavo mais votado do Estado.
Além dos recursos aos tribunais superiores, o PT aposta na
força das mobilizações de rua e em campanhas no exterior para garantir o nome
de Lula nas urnas em 2018.
Wagner. No início, parte do PT pensou que se tratava
apenas de uma tentativa de abafar as especulações cada vez mais frequentes
sobre a substituição
do ex-presidente.
Nos últimos dias, porém, a ideia se
cristalizou e os possíveis substitutos começaram a se mexer.
Com base em pesquisas locais que o apontam como favorito na
disputa pelo Senado, Jaques Wagner já trabalha para consolidar a candidatura.
Segundo interlocutores, ele tem dito explicitamente que a substituição de Lula
está descartada e seu destino é mesmo o Senado Federal.
Haddad. O ex-prefeito de São Paulo, cujo nome é citado
no PT para praticamente todos os cargos em disputa em 2018 (presidente, vice,
governador, deputado, senador) almoçou na semana passada com o presidente
estadual do PT de São Paulo, Luiz Marinho, e admitiu a possibilidade de ser
candidato a senador.
Segundo auxiliares de Haddad, ele considera improvável a
hipótese de substituir Lula e muito difícil uma candidatura ao governo.
Cerca
de um mês atrás, em reunião com a bancada petista na Assembleia Legislativa de
São Paulo (Alesp), Haddad havia se colocado “à disposição do partido” para uma
eventual disputa pelo governo.
Nas últimas semanas, com aval de Lula, Marinho tem
consolidado a pré-candidatura ao governo de São Paulo e recebeu apoio de
Haddad.
Em troca ofereceu apoio ao ex-prefeito na disputa interna pela candidatura
ao Senado.
Haddad aceitou desde que haja um acordo com o vereador Eduardo
Suplicy, que foi senador por três mandatos e também pleiteia a vaga.
“Quero ajudar o Brasil e o mundo a implantar a renda básica
de cidadania e acho que seria mais produtivo no Senado”, disse Suplicy, que
confirmou as tratativas com Haddad.
O vereador mais votado da cidade de São Paulo, que em 2002
disputou com Lula a vaga na disputa pela Presidência da República, disse estar
disposto a enfrentar prévias contra o ex-prefeito petista.
Segundo petistas que acompanham a evolução do quadro em São
Paulo, é Lula quem vai arbitrar a disputa.
Fonte: http://www.estadao.com.br/
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