SOMOS
MILHÕES! Lula É Líder Até No Facebook, Aponta Levantamento
Por Redação
Click Política Em 30 jul, 2018
Publicado no
blog Os Divergentes
POR MARIA
LUIZA ABBOTT E MARCELO STOPPA, jornalistas
O
engajamento com o ex-presidente Lula no Facebook vem crescendo nos últimos três
meses, ultrapassando o de todos os pré-candidatos, segundo indicam os dados da
pesquisa da AJA Solutions.
Desde o começo de maio até o fim de julho, o total
de curtidas, reações, compartilhamentos e comentários em postagens com a página
LulaOficial fechou acima da marca dos 15 milhões.
Em julho, o
engajamento com a página do ex-presidente passou de 5,6 milhões, um crescimento
de 12,57% em relação a maio.
Na comparação, o deputado Jair Bolsonaro vem
perdendo a guerra da comunicação no Facebook.
Em maio, o engajamento com sua
página superava a de Lula, mas a perda de ritmo lhe tirou a liderança, e em
julho registrou 4,5 milhões, mais de 1 milhão a menos do que a página do
ex-presidente.
O desempenho
do perfil @LulaOficial no Twitter oscilou bastante em julho, depois de bater
recorde no domingo, dia 8, como o vai-e-vem da Justiça sobre sua saída da
prisão.
Fechou o mês
com uma fatia de 16,9% de relevância e visibilidade (R&V) no Twitter, pouco
maior que a do fim de junho (16%).
Já Bolsonaro recuperou sua fatia de
(R&V) na terceira semana de julho, que voltou a cair entre 20-27 julho
(27%), mas ainda está acima do que era no fim de junho (22%).
Os
indicadores de eficiência da campanha de Bolsonaro mostram ainda que apesar de
o perfil ocupar uma parcela maior do total de R&V no Twitter esta semana,
sua comunicação enfrenta dificuldades em alcançar usuários que acompanham a
eleição, mas não estão entre seus seguidores.
As métricas
também indicam que a visibilidade de outros candidatos têm crescido, e isso
acaba por dividir a atenção dos internautas de maneira mais uniforme, ameaçando
grandes percentuais de predominância.
É de destacar ainda que a limpeza que o
Twitter fez para eliminar perfis inativos e falsos afetou todos os candidatos.
Ainda assim, Lula fechou julho com 20,5 mil seguidores a mais, enquanto
Bolsonaro obteve apenas 240 a mais.
O número de seguidores não significa
eleitores, porque as pessoas podem seguir por curiosidade ou estratégia, por
exemplo, mas o seu aumento significa que mais pessoas estão interessadas na
mensagem do candidato.
Especialmente em ambiente de faxina, um aumento no
número de seguidores está diretamente ligado à melhor qualidade da audiência.
Entre os
demais políticos que tem boas posições nas pesquisas de intenção de voto,
Marina Silva (Rede) teve o melhor desempenho no Facebook na comparação com
Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
O engajamento com o perfil dela
cresceu 154% entre maio e julho, mas ainda assim, o total de curtidas, reações,
compartilhamentos e comentários ficou em modestos 653 mil em julho.
O
ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) foi o que obteve maior
expansão da fatia de relevância no Twitter, que saltou de pouco mais de 3% na
primeira semana de julho para mais de 12% no período entre 20-27.
Porém, ele
não tem motivos para comemorar.
A agenda da semana foi dominada pelas notícias
de seu acordo com os partidos do Centrão e o forte aumento de sua R&V foi
causado pela rejeição.
Suas postagens provocaram comentários e tuítes negativos
que elevaram a visibilidade dele.
O candidato
do PDT, Ciro Gomes, teve baixo desempenho no Facebook, com queda de engajamento
em julho comparado a junho, e perdeu relevância no Twitter entre a primeira e a
última semanas de julho.
Entre os candidatos com menos votos nas pesquisas de
opinião,João Amoêdo (Partido Novo) obteve o terceiro maior aumento de
engajamento no Facebook nos últimos três meses.
No entanto, perdeu fôlego em
julho, com queda no engajamento de 9,3% em relação a junho.
No Twitter, a fatia
de R&V de Amoêdo vem crescendo e nas últimas duas semanas, ele ficou acima
do patamar de relevância – piso de visibilidade para que os pré-candidatos
consigam gerar diálogo em volume suficiente para que sua mensagem seja ouvida e
tenha potencial para ser usada como instrumento de persuasão na busca de votos.
O
engajamento com Manuela D’Ávila (PC do B) no Facebook cresceu 30% em relação a
maio – chegou a 1,2 milhão em julho, mas caiu em relação a junho.
No Twitter,
sua fatia no total de R&V manteve-se estável em 11,7% no período de 20-27
de julho.
O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, registrou queda de engajamento
no Facebook na comparação de julho com maio.
No entanto, sua fatia no total de
R&V passou de 10.8% na última semana de junho para 13.1% no período de
20-27 de julho.
O potencial
de cada mídia
A definição
do tempo de TV dos candidatos já está praticamente fechada e cresce a disputa
pela atenção do eleitor em potencial nas mídias sociais.
Houve aumento de
postagens e mudanças de estratégias dos candidatos na busca de elevar a
ressonância entre seguidores do Twitter e do Facebook.
Ao mesmo tempo, já se
observa uma iniciativa de reduzir a importância da TV, especialmente entre
aqueles candidatos que terão pouco ou nenhum espaço no programa eleitoral
gratuito.
A timeline
de Amoêdo no Twitter começou ostensivamente a boicotar o programa eleitoral.
Bolsonaro também critica as alianças para aumentar o tempo de TV – embora tenha
tentado fechar com outros partidos em busca de maior exposição.
Sem sucesso,
ele prometeu criar um “horário eleitoral do B” para concorrer com o programa na
TV.
No outro extremo, está Alckmin, que tem baixo desempenho nas mídias sociais
e fechou um acordo com os partidos do Centrão para aumentar seu tempo na TV –
terá cerca de 40% de todo horário eleitoral gratuito.
Os
indicadores métricos e a análise de campanhas eleitorais realizadas até aqui
mostram que a combinação de espaço nas mídias – tradicional e redes sociais – é
o melhor caminho para atrair a atenção do eleitor.
A eleição no Brasil pode ser
uma batalha decisiva na guerra que vai definir se a TV mantém o poder que tinha
ou foi superada pelas mídias sociais.
Mecanismos
da guerrilha ideológica nas redes sociais
Os diálogos nas
mídias sociais ganharam relevância na medida em que a grande mídia passou a
reconhecê-los como um indicador de assuntos relevantes.
É uma prática comum
olhar os “trending topics” no Twitter, por exemplo, em busca de inspiração para
pautas, sobretudo quando movimentações sociais importantes utilizaram as redes
para coordenar ações como os Indignados na Espanha ou a Primavera Árabe.
Muitas
vezes, são parte integral da cobertura de grandes eventos e manifestações feita
pelo meios de comunicação clássicos.
Predominam
as evidências de que as pessoas, em sua maioria, subscrevem apenas a tópicos e
usuários próximos de suas preferências e criam no entorno uma zona de conforto
que valida suas opiniões, ajudados por algoritmos que detectam as preferências
de acordo com a atividade de cada um nas redes.
Nesse contexto, os “trending
topics” são uma janela curiosa que oferece uma vista do que é incomum,
oferecendo a oportunidade de sair da “bolha”.
Para ver o que está acontecendo
no mundo, outras narrativas, basta dar um clique na lista de hashtags.
Há entre os
usuários a confiança de que os assuntos do momento sejam realmente sobre o que
está se falando nas redes, mas, na verdade, as tendências podem ser criadas
artificialmente por mecanismo bem conhecido e exaustivamente discutido em
textos acadêmicos:
(1) uma mensagem que se encaixa em uma narrativa existente,
mesmo se obscura;
(2) um grupo de seguidores fiéis e sensíveis à mensagem;
(3)
um pequeno time de agentes ou guerrilheiros cibernéticos; e
(4) uma rede de robôs.
Em seguida, a mensagem ligada aos trending topics é distribuído.
Por exemplo,
um dos assuntos do momento no Twitter nesse instante é o jogador Neymar
(personagem de narrativa existente e recente, por conta da Copa do Mundo), ao
clicar no link para saber o que está acontecendo (por ser um fã de futebol ou
ter conhecimento pré-existente sobre a atuação do jogador no Mundial), não se
vê apenas usuários que são apaixonados por futebol.
Há comentaristas políticos,
sites de humor e guerrilheiros cibernéticos que seduzem a audiência com memes,
humor, duras críticas: todos tentando ganhar visibilidade, mantendo-se
relevantes à pauta do dia (os agentes).
Durante a
Copa, alguns pré-candidatos teceram comentários ou fizeram memes relacionados
ao futebol com este objetivo.
Além de aderir aos tópicos pré-existentes, é
possível coordenar ações de curtidas e compartilhamentos com seguidores fiéis
ou robôs, uma segunda tática para criar uma realidade alternativa em torno de
um assunto com o objetivo de formar opinião.
A imagem abaixo mostra o processo
de formação de opinião e distribuição de propaganda utilizando um assunto do
momento.
Essa maneira
de distribuir propaganda em redes sociais foi observada e estudada de forma
aprofundada em ações online praticadas pelo Estado Islâmico e durante a eleição
presidencial americana de 2016.
O abuso dessa prática e o resultado da eleição
americana levaram redes sociais como Twitter e Facebook a um esforço de
eliminar robôs, usuários que praticam ações coordenadas.
Recentemente,
o Movimento Brasil Livre teve páginas apagadas pelo Facebook.
Enquanto o
Facebook pratica governança demandada por investidores e usuários, o MBL acusa
a plataforma de perseguição ou censura, o que se encaixa na narrativa existente
da propaganda que o grupo veicula.
O Facebook tem apresentado queda acentuada
no número de usuários por dois motivos principais:
a preocupação crescente dos
internautas com a privacidade (sobretudo depois do escândalo da Cambridge
Analytica) e as guerras de informacionais, que têm trazido um sentimento
desagradável aos usuários.
A empresa
espera recuperar-se priorizando novos algoritmos que deixam os usuários mais
protegidos em bolhas informacionais e adotando formatos de publicação mais
efêmeros, como os Stories.
Nesta semana, a pesquisa da AJA analisou 850.710
interações entre 417.021 usuários no ecossistema das eleições no Twitter.
Os
mapas de relevância e visibilidade e de influência e afinidade dos
pré-candidatos revela os erros, acertos e os caminhos que podem ser feitos para
ganhar relevância na rede.
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