terça-feira, 11 de outubro de 2016

Os três pontos de Pútin e Erdogan

Os três pontos de Pútin e Erdogan
Presidentes da Rússia e da Turquia se encontraram em reunião paralela durante o Congresso Mundial Energético, na última segunda-feira (10) e assinaram documentos bilaterais relevantes. Foi o terceiro encontro entre os líderes após a derrubada do caça russo em novembro de 2015.
   President Tayyip Erdogan             
Síria, gasoduto e sanções foram discutidos por líderes. Foto:Reuters

Os presidentes da Rússia e da Turquia realizaram, na segunda-feira (10), seu terceiro encontro bilateral desde a derrubada de um caça Su-24 russo na fronteira síria, em novembro de 2015. A reunião resultou em acordos importantes, que a Gazeta Russa explica aqui:

1. Gasoduto Turkish Stream sairá do papel 
Um resultado importante da reunião foi a assinatura do acordo intergovernamental para a construção do gasoduto Turkish Stream.
O acordo foi negociado ainda em dezembro de 2014 e deveria ser uma alternativa ao projeto South Stream. Mas por motivos diversos (como barganhas nos valores, questões sobre as linhas do gasoduto, a piora significativa nas relações bilaterais depois do incidente com a aeronave russa, a especulação sobre o retorno do South Stream e a rejeição do Turkish Stream), a realização do projeto ficou no papel.
No encontro em Istambul, as partes conseguiram levar a cabo o acordo iniciado, assinando o acordo intergovernamental. Além disso, a Rússia e a Turquia chegaram a entendimentos sobre descontos em gás no âmbito do projeto.
"Dessa maneira, nos aproximamos da realização dos planos do presidente da Turquia de criar neste país um grande hub energético", ressaltou Pútin ao final do encontro.

2. Frutas turcas voltam às prateleiras russas
Outro problema importante na cooperação entre os países é a retirada das sanções econômicas unilaterais que Moscou impôs contra Ancara como represália após o incidente com o caça. Agora, o presidente Pútin anunciou que Moscou decidiu permitir novamente a entrada de produtos agrícolas turcos no mercado russo.
De acordo com ele, a decisão é mutuamente vantajosa. "A Rússia não produz tais produtos, e a entrada de produtos turcos pode resultar na queda dos preços, com a qual contamos", disse.
"Para os parceiros turcos, isso é, claramente, uma abertura do mercado russo", completou o presidente russo.
Pútin também relembrou que o volume de vendas desses produtos turcos no mercado russo no ano passado foi de US$ 500 milhões.

3. Amigos, amigos, a Síria à parte
Além das questões de cooperação econômica, outra que esteve na ordem do dia foi a Síria. Tanto para a Rússia, como para a Turqui, a crise síria continua a ser uma questão fundamental na política internacional.
Ambos os países estão envolvidos fisicamente no conflito sírio. A Rússia conduz uma operação militar aérea contra a organização terrorista EI (Estado Islâmico), enquanto a Turquia dá continuidade à operação "Escudo do Eufrates", no norte da Síria, onde defende áreas fronteiriças do EI - e dos curdos sírios que, de acordo com Ancara, estão ligados ao separatista Partido Dos Trabalhadores do Curdistão, que o governo turco combate desde 1984.
Mas as posições dos dois países diferem bastante: enquanto Moscou apoia o regime de Assad e executa ataques aéreos contra grupos antigovernamentais, a Turquia apoia as forças anti-Assad e considera o presidente como terrorista.
"A Rússia e a Turquia chegaram a um acordo sobre a condução da operação 'Escudo do Eufrates' durante a visita de Erdogan a São Petersburgo, ainda em agosto. Moscou não expressou quase nenhuma emoção durante o início da operação turca na Síria", ressalta o chefe da Centro de Estudos da Turquia Contemporânea, Iúri Mavachev.

Segundo o especialista, existe um acordo silencioso que estabelece que Moscou e Ancara não atrapalhem um o outro.
Durante a visita do presidente Pútin, ele foi confirmado e reforçado. "Os burocratas e a imprensa turca silenciam sobre a participação russa nos negócios de Aleppo. Eles receberam o seguinte comando: não temos nada com Aleppo, já que a Rússia nos deu o norte da Síria", diz Mavachev.
"O principal problema concreto sobre o qual o presidente Erdogan e o presidente Pútin acordaram acerca da crise síria foi a continuação de uma agenda positiva e negociações por meio de um mecanismo oficial direto de alto nível  e tríplice que foi estabelecido entre os ministros das Relações Exteriores, quadros de funcionários gerais e agências de inteligência. A situação em Aleppo, a crise humanitária na Síria e a diferenciação de grupos de oposição dos terroristas serão discutidos por meio desse mecanismo", diz o cientista político Kerim Khas, da Organização de Pesquisa Estratégica Internacional, instituição independente de Ancara.


Com a agência de notícias Tass e o jornal econômico RBC.

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