Diante de ameaça, Rússia atirará contra caças americanos
10 de outubro de 2016 NIKOLAI
LITÔVKIN, GAZETA RUSSA
Ministério da Defesa russa acredita que ataques
norte-americanos não sancionados poderão resultar na morte de oficiais russos.
Segundo especialistas, apesar do risco, medida tem por objetivo alertar
Washington contra escalada militar na região.
Sistema de defesa S-400 posicionado na base aérea de
Hmeimim, na Síria
Foto:Dmítri Vinogradov/RIA Nôvosti
Os sistemas russos de defesa aérea na Síria estão prontos
para abater “qualquer objeto voador não identificado” caso os ataques sejam
realizados em posições de Damasco, segundo o porta-voz do Ministério da Defesa
russo, major-general Ígor Konachenkov.
A declaração de Konachenkov, feita no último dia 6 de
outubro, foi motivada por uma série de vazamentos na imprensa internacional
sobre a discussão pelo governo dos EUA da possibilidade de iniciar ataques
aéreos contra posições do Exército sírio.
Segundo o porta-voz, a maioria dos oficiais russos
envolvidos na Síria trabalham em terra, levando ajuda humanitária aos bairros
sob o controle do atual governo. Os militares russos também desempenham papel
nas negociações com os chefes de vários assentamentos e grupos armados em
grande parte das províncias sírias.
“Quaisquer mísseis e ataques aéreos em território controlado
pelo governo sírio irão representar uma clara ameaça para militares russos”,
justificou Konachenkov.
Ambos o sistema S-300 e o novo S-400, cujo alcance chega a
400 km, foram posicionados na Síria para garantir a segurança dos militares
russos presentes nas bases militares de Hmeimim e
Tartus.
“Temos tomado todas as medidas necessárias para excluir
eventuais ‘erros’ em relação aos soldados e instalações militares russas na
Síria, após os acontecimentos de 17 de setembro em Deir ez-Zor”, continuou o
oficial, referindo-se ao bombardeio equivocado de posições do Exército sírio
pela força aérea dos Estados Unidos. O incidente resultou na morte de 62
militares, além de mais de 100 feridos.
Para evitar mais guerra
De acordo com uma fonte da Gazeta Russa na
indústria de defesa russa, se caças avançarem sobre a área onde o Exército
sírio mantém atividades, os radares russos no país não serão capazes de
identificá-los.
“Os aviões norte-americanos voam com seus transponders
desligados [que ajudam a determinar a quem pertence o avião – GR], e há também
um acordo para prevenção de incidentes aéreos e delimitação de zonas com
atividade militar”, disse a fonte.
“Portanto, se surgir um caça ou um míssil for lançado em
lugares onde oficiais russos estão presentes, a decisão de salvar nossos
soldados será feita de imediato”, acrescentou.
Segundo o editor-chefe da revista “Russia in Global
Affairs”, Fiódor Lukiánov, a declaração do Ministério da Defesa teria sido
feita justamente para evitar guerra.
“Essa é uma advertência precisa e inequívoca, que deve ter
um papel preventivo. Os militares da Rússia deixaram claro que um ataque contra
soldados russos ou forças sírias será percebido como um ato de agressão contra
Moscou”, explica Lukiánov.
O analista internacional acredita que os especialistas que
trabalham no Pentágono compreendem as consequências de tais incidentes.
Síria rearmada
Na semana passada, a Rússia enviou à Síria um sistema
antiaéreo S-300V4 Antei-2500 adicional, conhecido como SA-23 Gladiator segundo
a classificação da Otan.
Trata-se de um atualização “rastejadora” do sistema de
defesa aérea que geralmente atua na cobertura de unidades em posições de combate.
“Ele é usado para atravessar terrenos acidentados em um
comboio de veículos blindados, como tanques e assim por diante. Seu objetivo é
cobrir as tropas terrestres de mísseis e ataques aéreos em zonas de combate”,
explica Víktor Litovkin, especialista militar da agência de notícias TASS.
O Gladiator é capaz de destruir mísseis balísticos inimigos,
que podem se aproximar de alvos a uma velocidade de até 2,5 km por segundo a
uma distância de 150 km.
Alguns dias antes, a Defesa russa também enviou ao
território sírio bombardeiros Su-24 e
Su-34, além de caças Su-25.
A expectativa é que, em meados de outubro, dois navios
equipados com mísseis de cruzeiro Kalibr-NK sejam
reposicionados no mar Mediterrâneo em direção à Síria, assim como seja
implantado o porta-aviões Almirante
Kuznetsov, com caças Su-33 e Mig-29K/KUB e
helicópteros de combate Ka-52K a
bordo.
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