PF queria
prisão domiciliar a Aécio, Paulinho e Cristiane; PGR negou
Folhapress 3
horas atrás 11/12/2018
© Ueslei Marcelino/Reuters PF queria prisão domiciliar
a Aécio, Paulinho e Cristiane; PGR nego
A operação
Ross, que cumpre nesta terça (11) mandados de busca e apreensão em imóveis
ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), à irmã dele, Andréa Neves, ao
deputado Paulinho da Força (SD-SP) e a empresas que teriam
emitido notas frias investiga suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS
para o tucano e seu grupo de 2014 a 2017.
Nesse valor
estão pagamentos suspeitos de terem servido para comprar apoio político para
Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade
e o PTB, uma "mesada" de R$ 50 mil mensais paga ao tucano pela JBS
por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele, e a aquisição
superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17
milhões, supostamente a pedido do senador.
O relator do
inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) é o ministro Marco Aurélio, que
determinou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na última terça (4).
As
investigações foram abertas no ano passado depois que o empresário Joesley
Batista e outros ex-executivos do grupo J&F fecharam acordo de delação
premiada.
As suspeitas apontam para os crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro.
Inicialmente,
a Polícia Federal pediu ao Supremo medidas mais duras e em relação a mais
pessoas, mas a PGR (Procuradoria-Geral da República) discordou da necessidade
delas.
A PF queria
a imposição de medidas cautelares -recolhimento noturno, proibição de manter
contato com outros investigados e proibição de sair do país- a Aécio e três
deputados:
Paulinho da Força, Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A PF também
requereu a prisão temporária de cinco suspeitos de participar do esquema, entre
eles o publicitário Paulo Vasconcelos do Rosário Neto e representantes das
empresas que teriam emitido as notas frias, além de busca e apreensão na casa
dos senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN).
A PGR, por
sua vez, sustentou que não havia elementos para impor medidas cautelares a
Aécio e aos três deputados, mas concordou com a prisão temporária de alguns
suspeitos que não são políticos, como o publicitário Paulo Vasconcelos.
Por fim, a
PGR também pediu autorização para realizar busca e apreensão em endereços de
Aécio e Andréa Neves, do primo deles Frederico Pacheco de Medeiros, do
publicitário Paulo Vasconcelos, das empresas Data World Pesquisa e Consultoria,
PVR Propaganda e Marketing, entre vários outros, mas excluiu do pedido os
senadores Anastasia e Agripino Maia.
O ministro
Marco Aurélio negou as prisões temporárias e autorizou as buscas nos termos do
requerimento da PGR.
Os políticos que não foram alvo dos mandados continuam,
porém, sob investigação.
"O
quadro revelado [...] demonstra a existência de indícios de relação ilícita
entre o investigado Aécio Neves e o Grupo J&F, entre os anos de 2014 a
2017, caracterizada pelo alegado recebimento de quantias em dinheiro, pelo
senador ou em seu favor,
mediante mecanismos características da lavagem de
capitais, via empresas e pessoas identificadas na investigação em curso",
escreveu Marco Aurélio da decisão do dia 4.
"Há
mais: ficaram demonstrados indicativos da atuação do parlamentar, nessa
qualidade, como contrapartida aos benefícios financeiros", anotou o
ministro.
A contrapartida seria a interferência no governo de Minas para
restituir ao grupo J&F créditos de ICMS, o principal imposto estadual.
OUTRO
LADO
O defensor
de Aécio, Alberto Toron, afirmou em nota que o tucano "sempre esteve à
disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se
fizessem necessários às investigações, bastando para isso o contato com seus
advogados".
"O
inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam
transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na
Justiça Eleitoral, em algo ilícito para, convenientemente, tentar manter os
generosos benefícios de seus acordos de colaboração.
A correta e isenta
investigação vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas",
afirmou.
Com informações da Folhapress.
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