sábado, 16 de junho de 2018

CPI das delações da Lava Jato deve ser instalada semana que vem


CPI das delações da Lava Jato deve ser instalada semana que vem

19 hours ago 16/06/2018 Denúncias



A Câmara dos Deputados deve instalar na semana que vem — terça ou quarta-feira — a CPI da Delação Premiada, para investigar a denúncia dos doleiros presos pela seção carioca da Lava Jato, Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio de Souza, conhecido como Tony ou Peter.

Os doleiros dizem que foram obrigados a pagar propina ao advogado Antonio Figueiredo Basto.

Segundo os delatores, os pagamentos de US$ 50 mil mensais foram feitos entre 2005 e 2013, para que ficassem protegidos de supostas acusações de outros investigados ao Ministério Público e à Polícia Federal (PF).

Um dos autores do requerimento de instalação da CPI, deputado Paulo Pimenta, diz que é necessário investigar as denúncias, inclusive para garantir a lisura de futuras delações.

“É uma oportunidade de passar a limpo a indústria das delações e as relações que envolvem escritórios de advogados, juízes e promotores, que transformaram a Lava Jato em um grande negócio”, afirmou.

Fatos para investigar não faltam,
 a começar pelos que deram origem à onda de delações que contribuiu decisivamente para derrubar um governo de Dilma Rousseff.

A CPI tem que retroagir ao caso Banestado e a 2006, quando o delegado da Polícia Federal Gerson Machado, de Londrina, procurou o juiz Sergio Moro para revelar que o doleiro Alberto Yousseff havia mentido em seu acordo de delação premiada.

Segundo ele, Yousseff continuava nas operações de lavagem de dinheiro e tinha ocultado pelo menos 25 milhões de reais de dinheiro sujo.

Mesmo informado de que Yousseff operava no mercado, o juiz não anulou o acordo de delação e só foi prendê-lo oito anos depois, em 2014, quando começou Lava Jato.

A história veio à tona em 2016, quando os advogados da Odebrecht chamaram o delegado para depor como testemunha em um processo conduzido por Moro.

O advogado de Yousseff, Antonio Figueiredo Basto, estava presente e, de maneira muito agressiva, tentou desqualificar o depoimento de Gerson.

Trouxe à tona fatos relativos à aposentadoria compulsória do delegado, por razões psiquiátricas.

 Moro impediu que Figueiredo Basto continuasse, e ficou em silêncio quando o advogado, em tom desafiador, disse ao próprio juiz:
“Você não quer buscar a verdade”.

Figueiredo Basto, a quem procurei em Curitiba sem que conseguisse retorno, é advogado nos casos mais rumorosos de Moro.

Em 2005, além de Yousseff, ele representava o empresário Tony Garcia, ex-deputado estadual, preso pela acusação de um golpe milionário no mercado através do consórcio Garibaldi.

Tony Garcia deixou a prisão depois de um acordo de colaboração negociado com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

Por determinação de Moro, passou a grampear determinados alvos, inclusive políticos com foro privilegiado.

Comprometeu-se a devolver R$ 10 milhões para ressarcir vítimas do golpe do consórcio, mas não devolveu, e ficou por isso mesmo, apesar de Moro ter sido acionado.

Tony Garcia voltou ao noticiário há um mês, quando divulgou uma gravação mais recente, com o chefe de gabinete do então governador Beto Richa, sobre acerto em uma licitação para obra em rodovia do Paraná.

Os doleiros Juca Bala e Cláudio de Souza, o delegado Gérson Machado, o ex-colaborador Tony Garcia e Alberto Yousseff são pessoas que poderiam ser chamadas pela CPI.

Mas há outros que também têm muito a dizer.

Por exemplo, o advogado Roberto Bertholdo, que foi advogado dos ex-deputados José Janene e José Borbe e passou uma temporada na prisão por ordem de Moro, depois de bater de frente com o juiz.

Bertholdo foi acusado de realizar escutas clandestinas em telefones de juiz.

Ele sempre negou a autoria das escutas, mas admitiu que teve acesso a elas e, na época em que esteva preso, disse, em entrevista à afiliada da Globo em Curitiba e a uma repórter da rádio Bandeirantes, que Moro estava sendo usado para desequilibrar o mercado paralelo de dólar.

Yousseff tinha delatado antigos concorrentes, como Toninho da Barcelona, e operava livremente no mercado, apesar de preso.

“É só vir ao Cope (onde ele estava preso) e verificar que a Neuma Cunha vinha visitá-lo semanalmente quando estava preso e era quem operava câmbio para ele. 

Durante esse período, toda a operação de corrupção de Janene (José Janene, deputado federal) era transformada em dinheiro vivo por Youssef”, afirmou na ocasião.

O tempo mostrou que Bertholdo estava certo. 

A “Neuma Cunha” citada por ele é Nelma Kodama, que, oito anos depois, seria presa no aeroporto, tentando fugir para o exterior com 200 mil euros escondidos sob a roupa, inclusive na calcinha.

Outro que deve ser ouvido é Rodrigo Tacla Durán, o advogado que teve a prisão preventiva decretada por Moro já na Lava Jato, e se refugiou na Espanha.

Tacla Durán, que tem dupla nacionalidade (brasileira e espanhola), teve a extradição negada pela Justiça da Espanha e começou a escrever um livro em que denuncia o advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo e padrinho de casamento de Moro, como intermediário em uma negociação para vender facilidades em acordo de delação premiada.

Este é um roteiro básico, para buscar a verdade, sem perder de vista o essencial: os doleiros Juca Bala e Cláudio de Souza, operadores de Dario Messer, podem estar mentindo a respeito do esquema de proteção que denunciaram.

Mas há um fato dá verossimilhança ao que disseram:

 duas famílias comandam há décadas o mercado paralelo de câmbio no Brasil, o mesmo que usou os mecanismos do Banestado: Messer e Matalon, um no Rio, outro em São Paulo.

Nenhum deles foi incomodado por Moro, e Dario Messer conseguiu fugir do Paraguai antes que a polícia chegasse aos endereços conhecidos dele.

 Messer foi provavelmente avisado da prisão iminente e hoje, pelo que se comenta no mercado, se encontra refugiado em Israel, onde tem cidadania.

Pelo bem das instituições brasileiras, a CPI da Delação pode se transformar numa lufada de ar fresco no meio ao deserto que a Lava Jato criou. 

Um detergente para eliminar suspeitas.

Espera-se que a OAB não se oponha ao depoimento de dois suspeitos: Antônio Figueiredo Basto e Carlos Zucolotto Júnior.

Em última análise, o instituto do direito de defesa sairá beneficiado com uma investigação séria, já que a Lava Jato deu protagonismo a advogados que se comportam como linha auxiliar da acusação.

A verdade, doa a quem doer.

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