Engenheiro
diz que recebeu quase R$ 1 milhão de empresa do coronel Lima por obra na casa
de filha de Temer
Por Andréia
Sadi e Sara Resende
08/06/2018
19h34 Atualizado há 5 horas
Imagem do Google
O engenheiro
Luiz Eduardo Visani, dono da construtora Visani Engenharia, disse em depoimento
à Polícia Federal que sua empresa recebeu cerca de R$ 950 mil, em dinheiro
vivo, da Argeplan para executar reforma na casa de Maristela Temer, filha do
presidente Michel Temer.
A Argeplan é
uma empresa de engenharia cujo proprietário é o coronel aposentado João
Baptista Lima Filho, amigo do presidente.
É a primeira vez que um fornecedor da
obra confirma aos investigadores detalhes sobre a participação da Argeplan na reforma
da casa de Maristela Temer.
O Blog
procurava contato com a assessoria do Palácio do Planalto até a última
atualização da publicação.
Visani
prestou depoimento no dia 29 de maio ao delegado Cleyber Malta Lopes em uma
delegacia da PF localizada no Aeroporto de Congonhas (SP).
O engenheiro
contou ao delegado que sua empresa foi responsável por tocar a primeira fase da
reforma do imóvel de Maristela, que fica em Alto de Pinheiros, bairro nobre de
São Paulo.
Segundo o
depoimento, já no início das obras, Visani disse ter sido informado que se
tratava de reforma do imóvel de Maristela Temer.
Ele disse ter se encontrado
com Maristela na obra por quatro vezes, mesma frequência com que diz ter se
reunido com o coronel Lima.
Visani não soube dizer à PF se Temer chegou a
visitar o imóvel nesse período.
Entre
novembro de 2013 e março de 2015, Visani disse ter recebido um total de R$ 950
mil da Argeplan.
Os pagamentos, segundo o engenheiro, foram realizados
mensalmente em dinheiro vivo na sede da Argeplan.
Os contratos e os recibos
estavam no nome de Maristela, de acordo com o depoente.
De acordo
com Visani, quem comandava os gastos da obra era a esposa do coronel Lima,
Maria Rita Fratezi.
O engenheiro estima no depoimento que o valor total da obra
tenha sido de pelo menos R$ 1,5 milhão.
O depoimento
de Luiz Eduardo Visani e os documentos apresentados por ele à PF contradizem
versão de Maristela.
A filha de
Temer depôs à Polícia Federal em maio deste ano e disse que a Argeplan não
exerceu nenhum papel na reforma.
Maristela
afirmou à época que tinha uma relação quase que familiar com Maria Rita Fratezi
e que não faria sentido a esposa do coronel Lima usar dinheiro da Argeplan para
pagar os fornecedores da obra.
Visani
apresentou diversos documentos à PF.
Entre eles: uma planilha de orçamento
feita pela Visani Engenharia que tem como cliente Maristela; edital de
concorrência da Argeplan com o endereço da casa de Maristela; recibos mensais
no nome de Maristela do pagamento feito a Visani Engenharia no valor de R$ 71 mil.
Detalhes do
depoimento
O dono da
Visani Engenharia afirmou que em em setembro de 2013 recebeu um telefonema do
coronel.
O engenheiro
relatou que o coronel se identificou como "Lima da Argeplan" e pediu
que Visani fosse até a sede da construtora.
De acordo
com o depoimento, Lima teria dito a Visani que estava pesquisando orçamentos
para a reforma de uma casa no Alto de Pinheiros.
Lima, então, teria perguntado
se o arquiteto estaria interessado em oferecer uma proposta de orçamento para a
obra.
O coronel, segundo
o engenheiro, chegou a dizer para Visani que quem estava comandando a obra era
sua esposa, Maria Rita Fratezi.
No depoimento, ele diz que se reuniu com Lima e
Maria Rita no escritório da empresa de engenharia.
De acordo com Visani, o
coronel lhe explicou que esse tipo de obra, reforma de um imóvel, não era a
"área de atuação" da Argeplan.
Segundo o
depoimento de Visani à PF, Maria Rita Fratezi teria afirmado que as primeiras
plantas apresentadas para a casa foram projetadas por uma arquiteta de outra
empresa, a DeUniE Arquitetura.
Maria explicou que como a profissional, chamada
Nayara, estava grávida, teve que abrir mão do projeto.
Visani
relatou ao delegado Cleyber Malta que não chegou a conhecer a arquiteta da
DeUniE e que como a planta era muito "preliminar", ele pediu a mulher
de Lima que elaborasse um projeto mais detalhado.
Maria Rita
Fratezi, de acordo com o depoimento, desenhou uma planta mas depois terceirizou
o serviço. Uma arquiteta chamada Danyella assumiu o projeto.
Coronel
Lima, então, teria esclarecido a Visani que a obra seria dividida em duas
fases:
fase 1 (demolição e construção de estruturas)
e fase 2 (instalação de
pisos, sistema elétricos, hidráulicos e acabamento).
Depois,
segundo o engenheiro, ele começou a negociar os detalhes da reforma diretamente
com Maria Rita.
O custo da primeira fase da obra chegou a ser estimado em R$
730 mil, de acordo com o depoimento.
Nesta parte
da obra, segundo ele, dois terraços foram construídos na casa, inclusive uma
entrada exclusiva independente para um consultório no piso superior, a pedido
da filha do presidente.
Luiz Eduardo
Visani disse à PF que não chegou a apresentar orçamento para a fase 2 pois,
segundo ele, Maria Rita optou por não renovar com a empresa do engenheiro.
No
depoimento ele disse que, apesar de deixar claro que não iria contratar
novamente a Visani Engenharia, a esposa do coronel Lima pediu a Luiz Eduardo
que fizesse um orçamento da fase 2 apenas como um "apoio civil" e
indicasse alguns funcionários.
A equipe
indicada por Visani, segundo o próprio engenheiro, era comandada por Onofre
Jesus Gimenes Secchi, que, segundo o arquiteto, se apresentava como funcionário
da Argeplan.
A equipe,
cedida da empresa da Visani, era formada por um pedreiro dois ajudantes e um
encarregado.
Todos respondiam a Maria Rita.
O engenheiro diz ter recebido R$
245 mil pelo apoio dado na segunda fase da construção.
Fonte: http://globo.com/
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