Conheça o
grupo americano que financia palestras de Moro no exterior
01/03/2018
O
site Brazil Wire fez uma reportagem extensa e detalhadasobre
a entidade americana que está patrocinando uma palestra de Sergio Moro em Nova
York nesta semana — e a revista editada por ela.
Uma
excelente, elucidativa, leitura. *
Na
sexta, dia 2, a Americas Society/Council of the Americas (AS/COA), um think
tank e lobby de Wall Street, realizará em Nova York um evento sobre um suposto
“movimento anticorrupção” na América Latina.
O principal
palestrante, o juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, será em seguida nomeado
homem do ano em outro evento especial patrocinado pelas maiores instituições
bancárias.
Este artigo publicado
pela Brazil Wire em
28 de janeiro deste ano explica a história dos EUA na “guerra contra a
corrupção”, na qual a AS/COA atuou como uma agência de relações públicas, em
parte através de sua revista, a Americas
Quarterly, autodenominada “diário de políticas para o Hemisfério
Ocidental”, mas também via outros de seus tentáculos, que se estendem à
política, judiciário, mídia e academia.
A
organização AS/COA, além de suas conexões com o governo dos EUA – organiza um
evento anual no próprio Departamento de Estado –, é a editora da Americas Quarterly e
abriga não somente os principais bancos, corporações extrativistas e gigantes
do setor de tecnologia, mas também as mais importantes plataformas para a
divulgação dos interesses de seus clientes na América Latina, como a Bloomberg.
Tem, ainda, ligações com importantes agências de notícias como a
Reuters. Sua própria Americas
Quarterly ridiculamente se apresenta como
“a América Latina real, e
não a que você vê no Twitter”, o que é irônico, considerando não apenas que
seus funcionários são extremamente ativos na plataforma, mas pelo fato de o
próprio Twitter ser membro corporativo do Council of the Americas (COA).
Sua
presidente e CEO Susan Segal, chamada por alguns como “a mulher mais influente
das Américas”, sustenta comandar uma organização hemisférica, que pretende
expandir-se ainda mais, triplicando seu alcance na próxima década.
É um estudo
sobre como políticos, políticas e a própria democracia são capturados através
de relações diretas e incentivos do poder corporativo transnacional.
Brian
Winter, atual editor-chefe da Americas
Quarterly e vice-presidente de políticas da AS/COA, escreve
também para agências de notícias como a Newsweek & CNN na qualidade de
especialista em Brasil.
Outros funcionários do COA são convidados pelas redes
de notícias para discutirem política latinoamericana, como se fossem
observadores neutros.
Em
agosto de 2016, por ocasião do golpe que afastou Dilma Rousseff, Brian previu
que a vitória da equipe brasileira de futebol nas Olimpíadas do Rio poderia ser
um momento catártico, permitindo que o país seguisse adiante frente à crise
política e econômica pela qual passava.
Naquela mesma época, os manifestantes antigolpe
enfrentavam uma brutal repressão da Polícia Militar.
Brian,
que já havia atuado como ghost writer de biografias de líderes alinhados aos
EUA, como Avaro Uribe, da Colômbia, e o próprio Fernando Henrique Cardoso,
trocou a Reuters Brasil pela AS/COA em 2015, com o golpe já em andamento,
algumas
semanas depois de censurar o papel de Fernando Henrique no
escândalo de corrupção da Petrobras – envolvimento que precedeu a presidência
de Lula.
Seus colegas insistiram que sua saída era uma simples coincidência.
[Era
o caso do “podemos tirar se achar melhor”, frase publicada inadvertidamente numa reportagem da
Reuters]
Apesar
das constantes manobras públicas de seus editores, a AQ é
a plataforma mais evidente do modelo narrativa do Norte para a América Latina.
Originalmente
chamado de “Grupo Empresarial para a América Latina”, a COA foi criado por
David Rockefeller, então presidente do Chase Manhattan Bank, a pedido do
presidente Kennedy, nos anos que se seguiram à Revolução Cubana em 1959, para
ajudar a combater a propagação dos governos de esquerda no hemisfério.
Rockefeller
permaneceu na liderança do grupo até sua morte em 2017.
Outros funcionários
notáveis incluem o ex-Secretário de Estado dos EUA, primeiro Diretor de
Inteligência Nacional, conspirador-chave do fracassado golpe da Venezuela de
2002 e supervisor de crimes de guerra na América Central, John D. Negroponte.
O
slogan da Americas Society/Council of the Americas é “unir líderes de opinião
para trocar idéias e criar soluções para os desafios das Américas hoje”.
Sua
biografia online afirma: “A Americas Society (AS) é o principal fórum dedicado
à educação, debate e diálogo nas Américas”.
Sua missão é “promover uma
compreensão das questões políticas, sociais e econômicas contemporâneas
enfrentadas pela América Latina, o Caribe e o Canadá, e aumentar a
conscientização pública e a valorização da diversidade do patrimônio cultural
da região e a importância do intercâmbio interamericano”.
“O Council of the Americas (COA) é a principal organização
empresarial internacional cujos membros compartilham um compromisso comum com o
desenvolvimento econômico e social, os mercados abertos, o Estado de Direito e
a democracia em todo o Hemisfério Ocidental.
Os membros do Conselho são
constituídos por empresas líderes internacionais, que representam um amplo
espectro de setores, incluindo bancos e finanças, serviços de consultoria,
produtos de consumo, energia e mineração, indústria, mídia, tecnologia e transportes”.
A organização se baseia na “crença fundamental de que os mercados
livres e a iniciativa privada oferecem o meio mais eficaz para alcançar o
crescimento econômico regional e a prosperidade”.
A adesão ao COA cresceu para
mais de 200 empresas, que respondem pela maioria do investimento privado dos
EUA na América Latina.
O COA acolhe presidentes, ministros, chefes de bancos
centrais, funcionários do governo e especialistas em economia, política,
negócios e finanças, o que lhe dá acesso exclusivo a informação sobre a região.
O
COA defende acordos de livre comércio e tem sido fundamental na concepção do
Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) e do Tratado
de Livre Comércio entre Estados Unidos, América Central e República Dominicana (CAFTA)…
além da área de livre comércio das Americas (Free Trade Area of the Americas –
FTAA), ainda a ser implementada – uma antiga e duradoura ambição do próprio
David Rockefeller.
A
elite do COA inclui: Bloomberg, Blackrock, Bank of America, Barings, Barrick
Gold Corporation, Boeing, Bombardier, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco
Santander, Cisco, Citigroup, Coca Cola, ExxonMobil, Ford, General Electric,
General Motors Google, Itaú Unibanco, IBM, Johnson & Johnson, JP Morgan
Chase, Lockheed Martin, McDonalds, Moody’s, Morgan Stanley, Microsoft, News Corp
/ Fox, Pearson, Pfizer, Philip Morris, Raytheon, Shell, Television Association
Of Programmers Latin America (Associação de Programadores de TV da América
Latina), Time Warner/Turner,
Toyota, Viacom, Wal-Mart.
Uma
das empresas sucessoras da Standard Oil, a Chevron Corporation, é listada como
Patron Corporate Member (Membro Corporativo Benfeitor), e há tempos tem
especial interesse em quem governa o Brasil.
Em 2010, a Chevron foi
desmascarada ao recrutar jornalistas para espionar a América Latina.
Os membros do Council of the Americas muito se beneficiaram do
golpe de Estado de 2016 no Brasil.
Os mercados estarão assistindo muito de
perto as eleições presidenciais do país deste ano, prevê a Bloomberg, membro do
COA, quando os eleitores do país terão seus votos contados pela
Smartmatic, membro do COA.
Leia
o Artigo completo
Jornalista americano desmascara Moro e sua parcialidade política
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