Cada Vez
Mais Candidato E Menos Juiz, Moro Enterra De Vez A Lava Jato
Celeste Silveira 6 de julho de 2020
Imagem do Google
O
ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro entrou de cabeça neste fim de semana, em
seguidas entrevistas, na defesa do que resta da Lava Jato.
A PGR começou a
questionar procedimentos de Curitiba durante a operação, que vão da inclusão de
nomes “camuflados” de políticos em denúncias a suspeitas de uma colaboração
informal e não autorizada com o FBI, passando por supostas tentativas de
investigar autoridades do STF sigilosamente.
Moro sabe que, se a Lava Jato for
desmoralizada em função de seus métodos, perderá seu principal legado.
O que o
ex-ministro parece não saber é que, quanto mais entra nesse debate, mais
político e menos juiz vai se tornando – o que pode ser muito ruim para ele e
para a Lava Jato.
Por mais
paradoxal que pareça, se Moro quisesse defender a Lava Jato, deveria, ao
contrário, tentar despolitizá-la.
Do contrário, ficará tudo resumido a uma
briga de facções políticas – como, aliás, já está acontecendo.
O ex-juiz
pisou numa casca de banana neste domingo, na Globonews, quando se referiu à
audiência de interrogatório do ex-presidente Lula como um “ringue com Lula”.
É
inadmissível, pelos padrões jurídicos, considerar normal que um juiz se refira
a um procedimento que executou junto a um réu como a um “ringue”. Mesmo que o
juiz não seja mais juiz, e seja agora um pré-candidato à presidência da
República que quer polarizar com aquele que condenou.
STF VAI
JULGAR IMPARCIALIDADE DE MORO
Só que as
coisas não são tão simples. Moro só chegou onde chegou em função de seu
trabalho como juiz da Lava Jato.
Quando ele mesmo politiza suas ações naquela
época abre um enorme flanco aos questionamentos judiciais à sua imparcialidade.
Quando o STF retomar o julgamento de um recurso apresentado pela defesa de Lula
alegando parcialidade na condenação do ex-presidente, não terá mais, do outro
lado da ação, um juiz. E nem um ministro de Estado.
Terá um candidato a
candidato a presidente –
e será muito difícil passar a ideia de que a Suprema
Corte do país acredita em sua parcialidade, ainda que passada.
É assim que
pensa boa parte dos políticos de Brasília, que assustaram-se na semana passada
com aquele que pode ser o suspiro final da Lava Jato contra o establishment, a
operação contra o ex-governador e senador José Serra.
Foi, na interpretação
geral, uma maneira de a Lava Jato tentar mostrar que não morreu, e muita gente
voltou a ficar sem dormir na capital, com medo de a campainha tocar de
madrugada.
Por isso, a estratégia desses políticos é botar lenha na fogueira da
politização, que pode beneficiar muita gente mais além de Lula.
Assim devem
ser lidas as palavras simpáticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a
respeito de Moro, na mesma Globonews.
Além de elogiar sua atuação no Ministério
da Justiça, Maia jogou uma pitada de politização no confronto entre PGR e Lava
jato e, sobretudo, salgou Moro, considerando-o um candidato “fortíssimo” em
2022, “com muitas chances de chegar ao segundo turno”.
Na hora em que seu
personagem maior vira um “candidato fortíssimo” a presidente, a Lava Jato
acabou de vez.
*Helena
Chagas/247
CONTINUA
Empresa De
Ex-Mulher De Frederick Wassef Obteve Aditivos Do Governo Bolsonaro
Celeste Silveira 6 de julho de 2020
Imagem do Site
Consórcio
Protec, do qual a Globalweb Outsourcing faz parte, ganhou duas extensões contratuais
com a Ebserh, vinculada ao MEC, já no governo Bolsonaro mesmo após auditoria da
CGU apontar sobrepreço.
A Globalweb
Outsourcing, empresa ligada a Maria Cristina Boner Léo, ex-mulher do advogado
Frederick Wassef, obteve dois aditivos durante a gestão do presidente Jair
Bolsonaro em um contrato firmado com a Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares (Ebserh) e questionado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
A
Ebserh, vinculada ao Ministério da Educação (MEC), é responsável pela gestão de
hospitais universitários federais.
Um auditoria da CGU apontou prejuízo na ata
de preços em que se baseou o contrato.
Após os aditivos, o valor final chegou a
R$ 37,4 milhões, segundo o Portal da Transparência.
As empresas negam
irregularidades.
Cristina é
uma das fundadoras da empresa, hoje administrada por uma de suas filhas, Bruna
Boner.
A ex-mulher de Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, ficou impedida
de participar de contratações do governo após ser condenada na Operação Caixa
de Pandora, em 2019.
Há duas semanas, porém, o Tribunal de Justiça do Distrito
Federal (TJ-DF) anulou a condenação de Cristina por improbidade administrativa.
O
subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União
(MP/TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu que a corregedoria do TJ-DF investigue “se
foi mera coincidência ou casuísmo” a definição da data de julgamento do recurso
de Cristina.
A absolvição ocorreu um dia após o MP pedir investigação sobre
contratos firmados pela Globalweb com o governo federal e sobre a suspensão de
uma multa de R$ 27 milhões com a Dataprev.
O consórcio
Protec firmou contrato com a Ebserh em março de 2017 para desenvolvimento de
softwares, no valor de R$ 9,9 milhões, e obteve um primeiro aditivo pelo mesmo
valor no início de 2018, ainda no governo de Michel Temer.
O aditivo coincidiu
com a entrada da Globalweb no consórcio, ao lado da Liberty Comércio e
Serviços, e com a saída da Infosolo Informática e da Basis Tecnologia da
Informação.
À época, a Protec era alvo de apuração da CGU por um contrato
firmado em novembro de 2016 com o Ministério das Cidades.
*Com
informações de O Globo
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