Jornalista
mostra as relações de Moreira Franco com o Comando Vermelho
21/02/2018
É ele que quer combater o crime? Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Moreira
Franco, o gato angorá, tinha um personal trainner amigão, o mesmo que
sequestrou o empresário Roberto Medina, numa operação espetacular do Comando
Vermelho.
As ligações
perigosas de Moreira Franco, o homem que pôs o Exército nas ruas no Rio
Bandidos do
Comando Vermelho frequentavam o Palácio Guanabara e ganhavam até cargos no
Tribunal de Contas, quando Moreira Franco era governador do Rio
A
intervenção militar no Rio de Janeiro foi articulada por um velho conhecido do
crime
organizado: Wellington Moreira Franco (PMDB-RJ), ministro da
Secretaria-Geral da Presidência e amigo do peito de Michel Temer, que governou
o Rio de 1987 a 1991.
Hoje na
“Folha”, numa entrevista pra lá de camarada, daquelas que o jornalista levanta
a bola para o entrevistado cortar, Moreira Franco fez-se de intrépido
e destemido:
Folha: A
intervenção no Rio foi uma decisão arriscada para Temer, porque no primeiro
problema, ele será culpabilizado.
O governo fez esse cálculo?
Moreira
Franco: Aqui não tem amador. As pessoas têm 50, 45, 40 anos de vida
pública. Claro que fez.
Folha: E
qual é o cálculo?
Moreira
Franco: O cálculo é que na vida, tem certas horas, que você tem que
assumir riscos, tem que decidir. Nessas circunstâncias, não dá para ficar
empinando pipa, tem que mergulhar com coragem e convicção
Hummmm.
Corajoso!
Conhecido
desde os anos 1980 pela alcunha de “gato angorá”, pela então vasta e cultivada
cabeleira branca, e por causa do gosto entranhado pelo colo de qualquer
um, Moreira Franco foi o primeiro governador do Rio a andar para cima
e para baixo acompanhado de um bandidão do Comando Vermelho.
Sim, Moreira
Franco não é homem de ficar empinando pipa!
Decidiu-se
pela intervenção militar no Rio de Janeiro em reunião na quinta-feira (15/2) no
Palácio da Alvorada da qual participaram o governador do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando Pezão, e ministros do governo federal, como Torquato Jardim (Justiça),
Raul Jungmann (Defesa) e Sérgio Etchegoyen (Segurança Institucional), todos
envolvidos na discussão sobre segurança pública, além de Moreira Franco,
Dyogo Oliveira (Planejamento) e Henrique Meirelles (Fazenda).
A aventura
militar entusiasmou particularmente dois participantes do convescote:
o próprio
Temer, que vê na intervenção a possibilidade roubar alguns pontos da
popularidade e do discurso de Jair Bolsonaro; e Moreira Franco.
Peemedebista,
Temer é o mestre na arte camaleônica de mudar de cor ao sabor das
circunstâncias.
Foi social quando interessava estar perto do PT, foi neoliberal
no estilo mercurial quando veio o golpe…
E agora, com a popularidade no chão,
torna-se verde oliva para granjear a simpatia das galinhas verdes do fascismo
bolsonariano. Tudo certo como dois e dois são cinco.
Temer está
na base do tudo ou nada. O Iraque dele são os morros do Rio.
Em lugar de
fundamentalistas islâmicos, os inimigos são os pobres e pretos das
favelas cariocas.
Nada como uma operação nos moldes da doutrina militar do
“Choque e Pavor” (Shock and awe), para anestesiar a opinião pública que
começava a sair do torpor.
O samba enredo da Paraíso do Tuiuti foi o sintoma.
E
os entusiastas mais apaixonados pela aventura já dizem que ele pode até se
apresentar como o candidato.
Parceiro de
todas as falcatruas de Temer, Moreira Franco é o idealizador e
avalista por excelência da patuscada que, já se sabe, não conseguirá acabar com
o tráfico, nem com a guerra entre quadrilhas rivais.
Para os
ilusionistas da quadrilha de Brasília, porém, basta contar com a mídia
tradicional para repetir até o cansaço a cena de soldados com trajes de
camuflagem entrando em comunidades pobres do Rio, tanques e blindados fechando
o trânsito de becos e vielas miseráveis.
Ah, eles não
podem esquecer de seguir as ordens do interventor federal para a área de
segurança pública do Rio, o general do Exército Walter Braga Netto, que já
disse que a situação do Estado não é tão ruim quanto parece e que a imagem da
crise é afetada pelo noticiário.
“Muita
mídia”, afirmou.
É a senha para a Globo, Band, Record e demais veículos: podem
parar de cobrir esse tipo de assunto.
E assim, com o Rio ocupado, sensação de
segurança nas alturas, até pelo menos as eleições de outubro, Temer e seu
general interventor conquistam capital político imenso.
Nazareno
Tavares, assassinado em 1997
Moreira
Franco é o homem central da operação envolvendo o crime porque tem vasta
experiência nisso.
Quando era
governador, todos sabiam do relacionamento do governador com o professor de
Educação Física Nazareno Barbosa Tavares, seu personal trainner, um cara
boa praça, que organizou e comandou um dos sequestros mais espetaculares da
história, o do empresário Roberto Medina, dono do Rock in Rio. O crime
aconteceu em junho de 1990.
OK, todo
mundo pode-se enganar –ainda mais com um personal simpático…
Só que Moreira
Franco, ao suceder Leonel Brizola, seu arqui-inimigo, no governo do Rio,
assumiu dizendo que em seis meses acabaria com a violência no Rio.
Primeira
providência: colocar o Comando Vermelho dentro do Palácio do Governo. AHAHAH!
Incrível
como toda a imprensa resolveu esquecer disso agora, na cobertura da intervenção
militar no Rio.
Mas o caso
fica pior ainda.
Presos os
sequestradores de Medina (Nazareno foi condenado a 10 anos, dois meses e 12
dias de detenção), depois do pagamento de um resgate de mais de 3 milhões de
dólares (nunca se explicou direito aonde foi parar a quantia fabulosa, que saiu
diretamente do Banco Central), revelou-se uma trama sinistra…
Além do
personal trainner de Moreira Franco, também estavam implicados no
sequestro Miguelão (Miguel Jorge, segurança de Moreira Franco e de
Rubem Medina, irmão do sequestrado), e Carlinhos Gordo. Todos silenciados….
Azar do
Nazareno. Foi só declarar que pretendia escrever um livro contando o que sabia
sobre o envolvimento de políticos e empresários em negócios ilícitos, e ele foi
assassinado –queima de arquivo, suspeita-se. Corria o ano de 1997.
O crime
aconteceu às 7h, num posto de gasolina na zona oeste do Rio.
A vítima cumpria a
pena no presídio Plácido de Sá Carvalho (Bangu, zona oeste) e trabalhava
durante o dia dando aulas de natação em uma academia.
Nazareno tinha acabado de abastecer o carro e esperava o frentista lavar o
pára-brisas, quando dois homens em uma moto pararam ao seu lado.
Dois tiros –um
na nuca. Coisa de profissionais
Nazareno
gostava de palácios.
Antes do sequestro, entre 1982 e 1985, era visto correndo
na orla do Rio em companhia do último ditador militar do Brasil, João Baptista
Figueiredo, de quem era instrutor de
educação física.
As praias do
Recreio dos Bandeirantes e do Pepino (na zona Sul) eram as preferidas da dupla.
Frequentava a casa carioca de Figueiredo, na Gávea Pequena, a mansão particular
de um amigo, no Recreio, e a Granja do Torto, em Brasília.
Da infância
pobre em Benfica (na zona norte do Rio), Nazareno quis se esquecer:
foi morar
numa cobertura no Leblon! (pausa para rirmos dos bolsominions que acreditam que
na Ditadura não havia corrupção: AHAHAHAH!).
O personal
bonitão aparecia em fotos de jornais, e começou amizades dentro do partido dos
puxa-sacos do regime, o PDS.
Na época, é
claro, o gato angorá Moreira Franco era do PDS, depois de ter traído
o MDB pelo qual se elegera deputado federal em 1974 e prefeito de Niterói em
1976.
Filiou-se ao PDS em 1980 e só voltou ao PMDB em 1986, para disputar o
governo do Rio de Janeiro contra Leonel Brizola, do PDT.
Na ocasião,
recebeu o apoio inestimável da Rede Globo para tentar fraudar a vontade
popular, no que ficou conhecido como Escândalo Proconsult, (mas isso é
outra história!).
A Ditadura
já tendo acabado, o gato angorá tinha mesmo de mudar de colo, mesmo trajeto
feito pelo irmão dele, Nélson Franco.
Nazareno não
se apertou e foi trabalhar como assessor de Nélson Franco, que foi secretário
da Habitação e Ação Social de Moreira Franco, a poucos metros do gabinete
do governador.
Chegou a ser nomeado para o cargo de auxiliar técnico no
Tribunal de Contas do Estado.
Desplante total porque, repita-se, era líder
do Comando Vermelho.
Quando
Nazareno foi detido, seu advogado, Wilson Siston, tentou convocar Moreira
Franco, o irmão e um ladrão de carros chamado José Carlos de Carvalho, o
“Carlinhos Gordo”, para depor.
A juíza
Denise Rolins Faria indeferiu o pedido, alegando que se tratava de “pura
especulação”.
Segundo o “Jornal
do Brasil”, Wilson sustentava que o depoimento de Carlinhos iria
explicar “as ligações com Nazareno e mostrar que ambos frequentavam o Palácio
Guanabara, tendo o ladrão de carros conseguido entrar na folha de pagamento do
Estado”.
Ah, só pra
constar, Carlinhos Gordo não mais foi visto neste mundo.
Em setembro
de 1988, Nazareno já tinha sido detido por porte ilegal de arma e suspeita de
roubo de um carro Chevrolet Monza, então um carro de bacana.
Mas pagou fiança e
foi liberado.
No mesmo
ano, ele se envolveu com o traficante Bolado.
À polícia, Nazareno disse que o
grupo dos sequestradores de Medina foi recrutado pelo chefão do Comando
Vermelho conhecido como “Japonês” (Francisco Viriato de Oliveira), que estava
trancafiado na penitenciária de segurança máxima Bangu I.
Como o
chefão do crime comandava o crime de dentro da cadeia? Tem de perguntar de novo
pro Moreira Franco.
O “Jornal do
Brasil” de 17 de junho de 1990 explica que Nazareno, contratado pela campanha
de Moreira Franco, foi o responsável pela arregimentação do voto dos
familiares e amigos de presidiários, além dos comandados nos morros cariocas.
“A líderes
da organização criminosa Falange Vermelha [a organização que deu origem ao
Comando Vermelho] no Complexo Penitenciário Frei Caneca (Centro), prometeu vida
boa para os presidiários, caso Moreira Franco vencesse a eleição.”
Como epílogo
dessa história, segue a forma como Miguelão (Miguel Jorge) também foi
assassinado:
a tiros, na porta de sua casa, a poucos dias de se apresentar à
Justiça para falar do sequestro de Roberto Medina.
Miguelão,
vamos lembrar, tinha sido segurança de Moreira Franco e do deputado
federal Rubem Medina, irmão de Roberto Medina.
O “Jornal do Brasil” assim
registrou o enterro de Miguelão:
“CERCA DE
300 PESSOAS COMPARECERAM AO ENTERRO NO CEMITÉRIO DO PECHINCHA, EM JACAREPAGUÁ,
MARCADO POR TENSÃO E REVOLTA.
(…)
PARENTES E AMIGOS –QUE NÃO SE
IDENTIFICARAM—ACUSARAM O GOVERNADOR MOREIRA FRANCO DE TER SIDO O MANDANTE DO
ASSASSINATO”.
É este o
idealizador da intervenção militar
no Rio.
Ele é parceiro da rede Globo.
Você
confia neste homem?
Doação para o Blog
Queridos
leitores do Blog SUED E PROSPERIDADE que a paz
esteja com todos.
Venho pedir aos leitores que têm condições e querem contribuir com o Blog uma pequena doação para o Blog
Que a prosperidade os acompanhe hoje e sempre.
Desde já agradeço.
Maria Joselia
Número da conta
Venho pedir aos leitores que têm condições e querem contribuir com o Blog uma pequena doação para o Blog
Que a prosperidade os acompanhe hoje e sempre.
Desde já agradeço.
Maria Joselia
Número da conta
Maria Joselia Bezerra de Souza
Caixa Econômica Federal
Agencia: 0045
Operação: 013
Conta: 00054784-8
Poupança
Caixa Econômica Federal
Agencia: 0045
Operação: 013
Conta: 00054784-8
Poupança
Brasil
Obrigado
Nenhum comentário:
Postar um comentário