VAZA JATO:
Dallagnol via Flávio Bolsonaro como corrupto e sugeriu que Moro o protegeria
45 mins ago Vaza
Jato 21/07/2019
Da
newsletter do Intercept –
Em chats secretos, Deltan Dallagnol, coordenador
da operação Lava Jato, concordou com a avaliação de procuradores do Ministério
Público Federal de que Flávio Bolsonaro mantinha um esquema de corrupção em seu
gabinete quando foi deputado estadual no Rio de Janeiro.
Segundo os
procuradores, o esquema, operado pelo assessor Fabrício Queiroz, seria similar
a outros escândalos em que deputados estaduais foram acusados de empregar
funcionários fantasmas e recolher parte do salário como contrapartida.
Dallagnol
disse que o hoje senador pelo PSL Flávio Bolsonaro, filho do presidente da
República, “certamente” seria implicado no esquema.
O procurador, no entanto,
demonstrou uma preocupação: ele temia que Moro não perseguisse a investigação
por pressões políticas do então recém eleito presidente Jair Bolsonaro e pelo
desejo do juiz de ser indicado para o Supremo Tribunal Federal, o STF.
Até
hoje, como presumia Dallagnol, não há indícios de que Moro, que na época das
conversas já havia deixado a 13ª Vara Federal de Curitiba e aceitado o convite
de Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça, tenha tomado qualquer medida
para investigar o esquema de funcionários fantasmas que Flávio é acusado de
manter e suas ligações com poderosas milícias do Rio de Janeiro.
O escândalo
envolvendo Flávio, que vinha dominando as manchetes, desapareceu da mídia nos
últimos meses.
A investigação, nas mãos do Ministério Público do Rio, parece
ter entrado em um ritmo bem mais lento do que o esperado para um caso dessa
gravidade.
Moro tampouco dá sinais de que está interessado nas ramificações
federais do caso – como o suposto empréstimo de Queiroz para a primeira-dama,
Michelle Bolsonaro.
Nas poucas vezes em que respondeu a questionamentos sobre a
situação do filho do presidente, ele repetiu que “não há nada conclusivo sobre
o caso Queiroz” e que o governo não pretende interferir no trabalho dos
promotores.
Entretanto, o caso voltou aos noticiários na segunda-feira, 15 de
julho, quando o presidente do STF, Dias Toffoli, atendeu ao pedido de Flávio
Bolsonaro e suspendeu as investigações iniciadas sem aprovação judicial
envolvendo o uso dos dados do Coaf, órgão do Ministério da Economia que
monitora transações financeiras para prevenir crimes de lavagem de dinheiro.
No dia 8 de
dezembro de 2018, Dallagnol postou num grupo de chat no Telegram chamado Filhos
do Januario 3, composto de procuradores da Lava Jato, o link para um reportagem
no UOL sobre um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz numa conta em nome da
primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Segundo o texto, a “transação foi apontada
como “atípica” pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e
anexado a uma investigação do Ministério Público Federal, na Lava Jato”.
“Queiroz
movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
A comunicação
do Coaf não comprova irregularidades, mas indica que os valores movimentados
são incompatíveis com o patrimônio e atividade econômica do ex-assessor”,
escreve o UOL.
A notícia
levou Dallagnol a pedir a opinião dos colegas sobre os desdobramentos do caso,
e sobre como seria a reação de Moro.
A procuradora Jerusa Viecilli, crítica da
aproximação de Moro com o governo Bolsonaro, respondeu “Falo nada … Só observo
”.
Dallagnol manifestou sérias preocupações com a forma que o ministro da
Justiça conduziria o caso, sugerindo que o ex-juiz poderia ser leniente com
Flávio, seja por limites impostos pelo presidente ou pela intenção de Moro de
não pôr em risco sua indicação ao Supremo:
“É óbvio o q aconteceu… E agora,
José?”, digitou o procurador. “Seja como for, presidente não vai afastar o
filho.
E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, escreveu.
Dallagnol completou, sobre o presidente: “Agora, o quanto ele vai bancar a
pauta Moro Anticorrupcao se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”
8 de
dezembro de 2018 – grupo Filhos do Januario 3
Deltan
Dallagnol – 00:56:50 –
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/12/07/bolsonaro-diz-que-ex-assessor-tinha-divida-com-ele-e-pagou-a-primeira-dama.htm
Dallagnol –
00:58:15 – [imagem não encontrada]
Dallagnol –
00:58:15 – [imagem não encontrada]
Dallagnol –
00:58:38 – COAF com Moro
Dallagnol –
00:58:40 – Aiaiai
Julio
Noronha – 00:59:34 –
Dallagnol –
01:04:40 – [imagem não encontrada]
Januário
Paludo – 07:01:20 – Isso lembr
Paludo –
07:01:48 – Lembra algo Deltan?
Paludo –
07:03:08 – Aiaiai
Jerusa
Viecilli – 07:05:24 – Falo nada … Só observo
Dallagnol –
08:47:52 – Kkk
Dallagnol –
08:52:01 – É óbvio o q aconteceu… E agora, José?
Dallagnol –
08:53:37 – Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho
certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver
implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos?
Dallagnol –
08:54:21 – Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo
acontecer antes de aparecer vaga no supremo?
Dallagnol –
08:58:11 – Agora, Bolso terá algum interesse em aparelhar a PGR, embora o
Flávio tenha foro no TJRJ. Última saída seria dar um ministério e blindar ele
na PGR. Pra isso, teria que achar um colega bem trampa
Athayde
Ribeiro Costa – 08:59:41 – É so copiar e colar a ultima denuncia do Geddel
Roberson
Pozzobon – 09:02:52 – Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que
algo do gênero acontecesse
Pozzobon –
09:03:19 – A questão é quanto ele estará disposto a ficar no cargo com isso ou
se mais disso vir
Dallagnol –
09:04:38 – Em entrevistas, certamente vão me perguntar sobre isso. Não vejo
como desviar da pergunta, mas posso ir até diferentes graus de profundidade. 1)
é algo que precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de esquema de devolução
de parte dos salários como o da Aline Correa que denunciamos ou, pior até, de
fantasmas.
Dallagnol –
09:05:54 – Agora, o quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupcao se o filho
dele vai sentir a pauta na pele?
Andrey
Borges de Mendonça – 09:21:16 – Uma vez pedi no caso da custo brasil e o pt
alegou q era impenhorável segundo a lei eleitoral. O juiz acabou desbloqueando
sem ouvir a gente. Mas confesso q nao sei se procede.
Paludo –
09:37:52 – Tem que investigar. E isso que ele sempre diz. Na pior das
hipóteses, Podem ir os anéis (filho e mulher), mas ficam os dedos. Seria muito
traumático o general assumir no lugar dele.
Viecilli –
10:06:32 – [imagem não encontrada]
Viecilli –
10:06:51 –
Dallagnol –
10:22:31 Rsrsrs
Dallagnol –
10:39:47 – [imagem não encontrada]
Dallagnol –
10:41:04 – [imagem não encontrada]
Antonio
Carlos Welter – 10:52:11 – O $$ termina na conta da esposa. Vao argumentar que
alimentou a campanha. Periga terminar em AIME
A
força-tarefa da Lava Jato e os procuradores citados no texto foram procurados
para comentários, mas não responderam até a publicação da reportagem. Se o
fizerem, atualizaremos o texto.
A situação
de Moro – como investigar um caso de corrupção envolvendo o filho do presidente
que o indicou ao cargo, ou, ainda corrupção envolvendo o próprio presidente e
seus familiares? – levou Deltan a considerar evitar entrevistas sobre foro
privilegiado por temer perguntas sobre o caso envolvendo Flávio.
No mesmo dia
que o grupo conversou sobre o caso Queiroz, Dallagnol conversou com Roberson
Pozzobon, também procurador na operação Lava Jato, em um chat privado. Eles
aprofundaram a preocupação com entrevistas nas quais a situação de Flávio
Bolsonaro poderia ser abordada.
Ao contrário
de sua usual ânsia em falar publicamente sobre outros casos de corrupção,
Deltan deu a entender que estava relutante em fazer uma condenação mais severa
de Flávio por temer as consequências políticas de desagradar o presidente –
exatamente como sugeriu que Moro pudesse agir.
8 de
dezembro de 2018 – chat privado
Roberson
Pozzobon – 09:12:41 – Em entrevistas, certamente vão me perguntar sobre
isso. Não vejo como desviar da pergunta, mas posso ir até diferentes graus de
profundidade. 1) é algo que precisa ser investigado; 2) tem toda a cara de
esquema de devolução de parte dos salários como o da Aline Correa que
denunciamos ou, pior até, de fantasmas.
Pozzobon –
09:13:05 – Tava escrevendo esse tuíte agora mesmo
Pozzobon –
09:13:11 – “Informação de que um ex-assessor do deputado estadual e senador
eleito pelo PSL, Flávio Bolsonaro, movimentou 1,2 milhão de reais entre 2016 e
2017”.
Se deve ser investigado? É certo que sim. É para isso que servem os
relatórios de inteligência financeira do COAF.
Pontuar as suspeitas no meio de
bilhões de transações
diáriashttps://www.terra.com.br/noticias/brasil/movimentacao-atipica-de-ex-assessor-de-flavio-bolsonaro-pode-levar-a-investigacao,8bb3ff45edd7744a4cad8dab9d014e87963u9zqu.html
Dallagnol –
10:04:00 – Não sei se convém o nível 2. Não podemos ficar quietos, mas é neste
momento um pouco como com RD. Vamos depender dele pra reformas… Não sei se vale
bater mais forte
Pozzobon –10:07:15
– Pois é
Pozzobon –
10:07:26 – To na msm dúvida
Depois de
sugerir diferentes declarações que poderiam dar sobre o caso de Flávio,
Dallagnol concluiu: “Só pode ser lido como chapa branca”.
Pozzobon concordou e
deu o seu veredito: “O silêncio no caso acho que é mais eloquente”.
Um mês e
meio depois, no dia 21 de janeiro de 2019, no mesmo grupo, Dallagnol disse ter
sido convidado pelo Fantástico, da rede Globo, para uma entrevista sobre foro
privilegiado (a emissora preferiu não comentar o assunto).
O procurador estava
ansioso para falar do caso que a produção do programa indicou ser o foco da
matéria – denúncias envolvendo o deputado federal Paulo Pimenta, do PT –, mas
relutou em aceitar o convite por receio de que tivesse que falar também das
tentativas de Flávio Bolsonaro de usar o foro privilegiado para barrar as
investigações, mesmo que o caso tenha ocorrido quando ainda era deputado
estadual, antes de sua posse como senador.
Dallagnol
expressou sua relutância, calculando que o risco de ter que tratar do assunto
era maior que os eventuais benefícios da entrevista: “Eu não vejo que tenhamos
nada a ganhar porque a questão do foro já tá definida.”
colegas da Lava Jato
concordaram que a melhor opção era rejeitar o convite do Fantástico para evitar
o que chamaram de um “bola dividida Flávio Bolsonaro” (a emissora preferiu não
comentar o assunto).
Dallagnol –
16:44:44 – [mensagem encaminhada] Pessoal, temos um pedido de entrevsita do
fantástico sobre foro privilegiado. O caso central é bom, envolvendo o Paulo
Pimenta, se isso for verdade rs. O risco é eles decidirem no fim focar no
Flávio Bolsonaro eusarem nossas falas nesse outro contexto.
De um modo ou de
outro, o que temos pra falar é a mesma coisa. Além disso, algumas informações
que buscam não temos (são da PGR). A questão é se é conveniente darmos
entrevista para essa reportagem ou não. Eu não vejo que tenhamos nada a ganhar
porque a questão do foro já tá definida. Diferente de uma matéria sobre prisão
em segunda instância…
Dallagnol –
16:44:44 – [mensagem encaminhada] Dr., Geovani, da RBS vai mandar e-mail
pedindo entrevista com vc para o Fantástico.
Matéria ésobre foro privilegiado.
Eles levantaram uma história sobre o Paulo Pimenta que responde a um processo
que desceu do STF. E tb vão abordar a questão do caso do filho do
Bolsonaro/Queiroz.
Dallagnol –
16:44:44 – [mensagem encaminhada] Ele pediu a entrevista para até quarta-feira.
Assim que o e-mail chegar, colocamos aqui.
Dallagnol –
16:44:44 – [mensagem encaminhada] Prezados, boa tarde Domingo, iremos exibir,
no Fantástico, uma reportagem na qual iremos abordar um processo por
estelionato a que o deputado Paulo Pimenta responde no Supremo.
Teremos uma
entrevista exclusiva de um primo dele, laranja de um esquema envolvendo compra
e venda de arroz, com envolvimento do ex-diretor do Dnit, Hideraldo Caron.
Essa
suspeita contra o Pimenta será nosso principal case numa reportagem sobre os
casos em que políticos perderam o foro, devido ao entendimento do Supremo de
que a prerrogativa só existe para crimes cometidos durante o mandato e que
dizem respeito ao mandato.
Assim, citaremos também o caso F. Bolsonaro, que
surgiu após o início da nossa apuração. Iremos incluir, ainda, um levantamento
do STF mostrando a quantidade de processos que baixaram para o primeiro grau,
os políticos que possuem maior número de processos, etc.
Assim, pergunto se o
doutor Deltan poderia gravar conosco, para falar dos reflexos da restrição do
foro para os envolvidos na Lava-Jato e também sobre a questão do foro, em si.
Vocês tem um levantamento de quantos políticos investigados estão nessa
situação, ou seja, já estão respondendo no primeiro grau? Já dá pra afirmar que
esses processos estão tramitando de forma mais rápida? Quantos recorreram para
manter os procedimentos no STF? No aguardo Muito obrigado
Dallagnol –
16:44:48 – O que acham?
ulio Noronha
– 16:50:02 – Acho q não é uma boa; além da bola dividida Flávio Bolsonaro, e de
ser pauta já definida pelo STF, Paulo Pimenta já nos representou algumas vezes
Antonio
Carlos Welter – 16:59:18 – Pelo Pimenta não vejo problema. O ruim é a bola dividida.
Mas não dividir pode ser pior. Fica seletivo
Welter –
17:03:00 – Se falar em tese, não vejo problema. Mas e a Raquel, não vai chiar
de novo?
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