Moro que
disse ter deletado Telegram em 2017, teve Telegram “hackeado” em 2019 ?
3 mins ago Vaza
Jato 2472
O ministro
da Justiça, Sérgio Moro, está trabalhando freneticamente para confundir a
opinião pública sem apresentar provas — e antecipando o resultado de uma
investigação em andamento da Polícia Federal, que comanda.
Qualquer
semelhança com métodos da Lava Jato (acusar primeiro, encontrar provas depois)
pode não ser mera coincidência.
O ex-juiz
federal já declarou que abandonou o aplicativo Telegram em 2017.
Moro disse
que “saiu” do Telegram em 2017.
Embora não tenha detalhado se: apenas deixou de
usar o serviço; somente deletou o aplicativo do celular; se apagou a conta
quando parou de usar o serviço.
Considerando o primeiro cenário, a conta de
Moro permaneceria ativa (e com as conversas armazenadas nos servidores do
Telegram) por no máximo 12 meses, já que a contas do serviço se “autodestroem”
após um tempo de inatividade — por padrão é de seis meses, mas pode ser
alterado pelo usuário.
Ou seja,
pelas próprias declarações de Moro seria prematuro dizer que os supostos
hackers de Araraquara teriam recuperado no celular atual do ministro, em 2019,
a troca de mensagens entre ele e os procuradores da Operação Lava Jato.
Seria uma
impossibilidade física.
No entanto,
o ministro escreveu esta tarde no twitter:
Parabenizo a
Polícia Federal pela investigação do grupo de hackers, assim como o MPF e a
Justiça Federal.
Pessoas com antecedentes criminais, envolvidas em várias
espécies de crimes.
Elas, a fonte de confiança daqueles que divulgaram as
supostas mensagens obtidas por crime.
Leandro
Demori, do Intercept, respondeu:
Nunca
falamos sobre a fonte.
Essa acusação de que esses supostos criminosos presos
agora são nossa fonte fica por sua conta.
Não surpreende vindo de quem não
respeita o sistema acusatório e se acha acima do bem e do mal. Em um país
sério, o investigado seria você.
Mais tarde,
o jornalista Glenn Greenwald registrou a tentativa do ministro Moro de
confundir a opinião pública, em uma série de tweets:
Sergio Moro
— sendo Sergio Moro — está tentando cinicamente explorar essas prisões para
lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico.
Mas a evidência
que refuta sua tática é muito grande para que isso funcione para qualquer
pessoa. Vamos revisá-la:
Primeiro,
lembre-se que no dia em que publicamos, nem Moro nem LJ negaram a autenticidade
do material.
Eles apenas negaram impropriedades.
Foi só mais tarde que eles
inventaram essa tática, quando perceberam que seus aliados estavam
abandonando-os.
Como qualquer hacker poderia forjar isso? Obviamente, isso
seria impossível.
Depois da
investigação da Folha, @Veja fez a mesma coisa, e concluiu a mesma coisa: o
material é autentico, e contém coisas que um hacker nunca conseguiria forjar,
inclusive conversas com seu próprios repórteres.
Autêntico “palavra por
palavra”.
Importante
lembrar que, no longo artigo em que analisou a Operação Mãos Limpas, da Itália,
o juiz federal Sérgio Moro destacou a importância de vazamentos para a imprensa
como forma de colocar pressão sobre investigados e ‘condená-los’ na opinião
pública, o que deixa claro que o atual ministro apoia vazamentos, desde que
tire proveito deles.
Até agora,
nem ele nem os procuradores da Lava Jato conseguiram provar que qualquer
mensagem tenha sido adulterada.
Pelo menos um procurador, no anonimato, disse
dispor em seu celular de arquivos demonstrando que ao menos parte das mensagens
divulgadas é verídica.
Para além
disso, como demonstrou o jornalista Luiz Cláudio Cunha no Viomundo, Moro foi no
mínimo impreciso e no máximo mentiroso ao comparar o vazamento do Intercept
Brasil com vazamentos históricos do New York Times e do Washington Post no país
pelo qual demonstra publicamente grande apreço, os Estados Unidos.
Sacado do
seu pedestal, o “juiz herói” está cada vez mais mergulhando nos padrões do
bolsonarismo
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