“Queremos
neutralizar isso aí”: generais de Bolsonaro agem para calar Igreja Católica
12 hours ago Denúncias
11/02/2019
Setores de
Inteligência querem silenciar setores progressistas do clero que irão
participar de encontro no Vaticano
Em outubro,
cardeais e bispos da Igreja Católica se reunirão no Vaticano para discutir a
situação da floresta amazônica.
O evento, chamado de Sínodo, é um encontro do
clero que irá debater a realidade de índios, ribeirinhos e povos da floresta,
além de políticas de desenvolvimento da região, mudanças climáticas e conflitos
agrário.
A existência dessa conferência motivou preocupação do governo, que vê
as pautas como “agenda da esquerda”.
Reportagem
do Estado de S. Paulo, divulgada neste domingo (10), mostra que o governo
encara com preocupação a atuação da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) e
dos órgão associados, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e as
pastorais Carcerária e da Terra.
A reportagem
traz declarações de Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), que afirma que o governo está preocupado.
“Queremos
neutralizar isso aí”, declarou o responsável pela contraofensiva.
Para tentar
conter as possíveis denúncias da Igreja, o governo solicitou participar do
Sínodo, o que é pouco ortodoxo.
Lideranças católicas dizem que governos não
costumam participar dessas conferências, que terão a participação do Papa
Francisco, visto como “comunista” pelo governo Bolsonaro.
Além disso,
escritório da Abin em Manaus (AM), Belém e Marabá (PA), além de Boa Vista (RR),
responsável pelo monitoramento de estrangeiros em Raposa Terra do Sol e terras
ianomâmi, serão direcionados para monitorar, em paróquias e dioceses, as
reuniões preparatórias para o Sínodo.
O governo também irá se aliar a
governadores, prefeitos e autoridades eclesiásticas próximas aos quartéis, para
tentar diminuir o alcance da conferência.
Um militar
da equipe de Bolsonaro afirmou à reportagem do Estado, em condição de
anonimato, que o Sínodo vai contra toda a política de Bolsonaro para região e
deverá “recrudescer o discurso ideológico da esquerda”.
“O trabalho
do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a
soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na
Amazônia.
A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI.
Vamos entrar a
fundo nisso”, declarou Heleno.
O evento,
batizado de “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia
integral”, terá como diretrizes: “Ver” o clamor dos povos amazônicos;
“Discernir” o Evangelho na floresta.
O grito dos índios é semelhante ao grito
do povo de Deus no Egito; e “Agir” para a defesa de uma Igreja com “rosto
amazônico”, e deverá ser atendido por 250 bispos.
“Se os
bispos fazem crítica é querendo ajudar, não derrubar. Eles sabem onde o sapato
aperta.
Vão falar da situação dos povos e do bioma ameaçado.
Mas não para atacar
frontalmente o governo”, disse D. Erwin Kräutler, Bispo Emérito do Xingu (PA).
Edição:
Pedro Ribeiro Nogueira
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