sexta-feira, 1 de maio de 2020

Reportagem Sobre “Respiradores Fantasmas” Do The Intercept Gera Impacto


Reportagem Sobre “Respiradores Fantasmas” Do The Intercept Gera Impacto

Celeste Silveira 1 de maio de 2020

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A reportagem do ano e o jornalismo de impacto

Se a COVID-19 alterou a rotina do planeta e se nossas vidas nunca mais serão as mesmas depois dela, não é exagero dizer que a pandemia talvez seja a maior história que nossas gerações venham a contar. 

Por isso, reportagens que contam o drama humano pela sobrevivência e a transformação de nossos hábitos e relacionamentos são importantes para registrarmos na história este trágico episódio. 

O jornalismo deve oferecer a crônica desses tempos, mas não pode deixar de acompanhar como as autoridades lideram o combate à doença, quem se beneficia com a dor alheia e como os mais frágeis são novamente atingidos por decisões políticas ruins ou desastradas. 

E se assim é, o jornalismo catarinense já tem a sua reportagem do ano.

Publicada no dia 28 de abril no The Intercept Brasil, a reportagem denuncia a compra de 200 respiradores mecânicos pelo governo de Santa Catarina de uma empresa sem qualquer tradição na área e com valores bem acima aos praticados no mercado. 

Os repórteres Fábio Bispo e Hyury Potter mostram que a escolha da empresa prestadora do serviço não passou por licitação pública, que o processo durou apenas cinco horas e que foi celebrado um contrato de R$ 33 milhões. 

Os equipamentos deveriam ter sido entregues, mas não foram e quando isso acontecer, não é garantido que tenham as especificações técnicas necessárias. 

A reportagem ouve os envolvidos, cobra o poder público e mostra como negócios suspeitos podem ser feitos em situações emergenciais, quando as barreiras de controle habituais são dispensadas.

Mas por que esta é a reportagem do ano? Por seu impacto imediato.

Um dia depois de publicada, levou à criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, fez o governador Carlos Moisés abrir sindicâncias internas para apurar o pagamento antecipado do contrato e motivou uma decisão judicial bloqueando as contas da Veigamed, a empresa contratada. 

Em poucas horas, uma única reportagem mobilizou os três poderes para analisar um negócio suspeito, cujo objeto é um tipo de equipamento que pode salvar vidas em meio a uma epidemia. 

Não é pouca coisa, e não é comum no cenário jornalístico catarinense, bastante acomodado no duopólio e pouco disposto a fazer investigações do tipo.

A história do furo

O mercado jornalístico catarinense tem dois grandes players: a NSC – que comprou as operações da RBS no Estado, tem meios em todos os suportes e que retransmite a TV Globo – e o o Grupo ND – que também atua em todas as mídias e é o braço local da Rede Record. 

Apesar desse poder e capilaridade, a reportagem do ano não veio de nenhum desses gigantes, e foi publicada num meio alternativo e cuja sede fica no Rio de Janeiro. 

Entretanto, a história estava bem debaixo do nariz das redações locais.

Há duas semanas, o repórter Fábio Bispo já havia publicado reportagem apontando compra de respiradores pelo governo do Estado a preços 65% maiores. 

A matéria foi feita para a Associação dos Diários do Interior (ADI) e distribuída a jornais do interior catarinense, que não investiram na história. 

Diário Catarinense e Notícias do Dia também ignoraram a pista de que havia algo de estranho no negócio.

Bispo insistiu. “Fiz um pente fino no Portal da Transparência e me deparei com essa compra.

 Continuei fuçando e vi que o buraco é mais embaixo”. Como a história era complexa, Bispo foi buscar reforços e procurou o repórter Hyury Potter, com quem já trabalhou em outras ocasiões. 
Potter colabora com regularidade para The Intercept Brasil, e a reportagem foi aceita na hora.

Buscar um meio de circulação nacional para veicular a matéria foi estratégico. 

Em dez anos de reportagem, Fabio Bispo já viu CPIs serem instaladas com base no noticiário, mas muitas não avançaram. 

A operação abafa resfriava os ânimos dos políticos e da opinião pública.

Se os meios jornalísticos catarinense não serviram de berço da reportagem do ano, também não puderam ignorá-la. 

O assombro com as revelações provocou fatos nos três poderes, e as redações locais precisaram repercutir o assunto. Algumas deram os créditos, outras não. 

“Fiz várias perguntas nas coletivas do governo perguntando sobre os respiradores. Em quase todas elas, o secretário de Saúde ou mentiu ou omitiu informações. 

Foi a senha pra eu saber que estávamos com a pauta certa na mão”, relembra Fábio Bispo.

Pra que serve o jornalismo?
A repercussão foi rápida e maior do que os repórteres imaginavam.

A reportagem do The Intecept Brasil tem valor jornalístico, mas também oferece algumas pistas de como qualificar este exercício profissional em Santa Catarina (e também em outros estados). 

A matéria mostra o quanto os meios locais ainda podem fazer em se tratando de jornalismo investigativo. 
Denúncias como esta deveriam partir das redações mais próximas dos acontecimentos.

A matéria mostra também que repórteres obstinados com uma história podem recorrer a alternativas fora do Estado, quando observarem pouca receptividade regional. 

Às vezes, santo de casa não faz milagre mesmo e é necessário apelar para outras entidades…

Mais uma vez, o episódio demonstra o quanto o jornalismo sério e responsável tem lugar cativo na agenda da sociedade. 

Ele pode prestar serviços, trazendo à tona mal feitos e distorções sociais; pode aumentar o nível de transparência pública que impede crimes e abusos; e pode ajudar a frear medidas que causem prejuízos concretos à vida humana.

Alguém pode perguntar: “E daí?” 

Não estamos tratando do aquecedor da piscina do Palácio da Alvorada, mas de respiradores artificiais, tão necessários a milhares de pacientes infectados pelo novo coronavírus. 

De forma indireta, mas sem exageros, o jornalismo pode ajudar a salvar vidas humanas.


Matéria teve impacto imediato: "Levou à uma CPI, fez o governador abrir sindicância pra apurar o pagamento do contrato e motivou decisão judicial bloqueando as contas da empresa contratada. Em poucas horas, uma única reportagem mobilizou os três poderes." https://objethos.wordpress.com/2020/04/30/ponto-de-vista-a-reportagem-do-ano-e-o-jornalismo-de-impacto/amp/ 

*Rogério Christofoletti/GGN – Professor de jornalismo na UFSC e pesquisador do objetos
CONTINUA
A Lava Jato É A Mãe Do Bolsonarismo Que É O Pai Da Tragédia Do Coronavírus No Brasil

Celeste Silveira 1 de maio de 2020 

 
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Não era para o Brasil estar discutindo agora a crise política entre Moro e Bolsonaro, mas está, porque os dois não valem tostão. 
E isso acaba por alimentar as necessidades que Bolsonaro tem de produzir cortina de fumaça para os mortos, vítimas da Covid-19, 
que ele diretamente fomentou ao convocar a população a desobedecer ao isolamento social, fazendo dele o principal culpado de, pelo menos, 90% das mortes que estão acontecendo no país.

Em algum momento Bolsonaro terá que pagar por isso. Esse fato não faz Moro menos culpado, menos calhorda e assassino que Bolsonaro.

 Como bem disse Gilmar Mendes, a Lava Jato é a mãe do bolsonarismo, pois foi ela que armou todo o picadeiro e o mecanismo fraudador para levar o genocida Bolsonaro ao poder.

As mãos sujas de Moro estão segurando as alças de cada um dos caixões das vítimas da Covid-19, juntamente com Bolsonaro, a mídia e boa parte dos ministros do STF, que fizeram carga junto com Moro para tirar Lula da eleição e colocar na presidência da República um monstro que assusta o planeta.

Bolsonaro não tem hoje a oposição só do PT por conta de Lula ou dos partidos de esquerda, o mundo o trata como a figura mais repugnante da terra, seja por políticos até de direita, seja pela imprensa internacional.

Bolsonaro é uma unanimidade, uma figura comparada a Mussolini e Hitler por seu grau tóxico e a capacidade de letalidade que suas palavras e ações produzem.

É inconcebível a mídia tratar de forma separada Moro de Bolsonaro, assim como faz com Guedes, como se os dois não fizessem parte de um mesmo pacote. 

Todos são culpados por tudo o que está acontecendo no Brasil, seja pelo empenho nenhum em combater o crescimento exponencial do coronavírus, seja pela importância que dão à disputa política interna e externa.

O Brasil não vai suportar o que esses monstros, juntos, estão fazendo contra o país, contra o povo, mas principalmente contra os pobres.

Por isso é importante frisar que não tem um lado melhor na guerra entre Bolsonaro e Moro, os dois são deletérios, fascistas, corruptos e se alimentaram dessa corrupção mútua durante 16 meses e que, por um motivo qualquer, resolveram se bicar.

Até porque Moro não fez outra coisa, enquanto no governo, que não usar a PF para proteger os criminosos da família Bolsonaro, que não são poucos. 

Então, essa briga não tem rigorosamente nada a ver com autonomia da PF.

 Moro foi super obediente a Bolsonaro quando ele tutelou Maurício Valeixo.

*Carlos Henrique Machado Freitas



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