Entenda a
paralisação do governo dos EUA e qual a relação dela com o muro de Trump
4 horas
atrás 13/01/2019
A
paralisação do governo americano (ou "shutdown") se tornou neste
sábado a mais longa da história.
São 22 dias
em que o governo está parcialmente paralisado, ultrapassando o recorde
anterior, de 21 dias, de 1995-1996, durante a gestão do então presidente Bill
Clinton (1993-2001).
Essa
paralisação - que ocorre desde o dia 22 de dezembro - se deve a uma queda de
braço entre o presidente Donald Trump, e os democratas, que atualmente
controlam a Câmara dos Representantes (a Câmara dos Deputados dos EUA) e fazem
oposição a Trump.
Trump se
recusa a aprovar parte do orçamento federal porque este não inclui recursos da
ordem de US$ 5,7 bilhões (R$ 21,15 bilhões) para a construção de um muro na
fronteira com o México, uma de suas principais promessas de campanha.
Trata-se de
uma paralisação parcial porque o Congresso já custeou 75% do governo federal
até setembro.
Até agora, os recursos que ainda faltam ser aprovados afetam nove
departamentos federais (ministérios), incluindo Agricultura, Transporte e
Interior.
Devido à
forma como o financiamento é distribuído entre as agências, certos serviços são
afetados, embora possam tecnicamente estar sob os departamentos que já foram
cobertos.
Esse é o caso, por exemplo, da FDA, a agência de vigilância sanitária
americana.
Nesse
cenário, o governo não pode se comprometer com nenhuma outra despesa, levando a
um congelamento parcial dos serviços e atividades governamentais até que os
gastos sejam aprovados.
Como
resultado, 25% de todo o governo federal parou de funcionar e 800 mil
servidores estão com os vencimentos atrasados.
Na
sexta-feira, esses funcionários - incluindo agentes penitenciários,
aeroportuários e do FBI (a polícia federal americana) - não receberam o
primeiro mês de salário.
Enquanto
isso, Trump negou que estaria prestes a declarar Estado de emergência nacional
para ignorar o Congresso e arrecadar os recursos de que precisa.
Ele
descreveu a declaração de emergência como "uma saída fácil" e disse
preferir que o Congresso resolva o problema.
Mas
acrescentou: "Se eles não fizerem isso… vou declarar Estado de emergência
nacional.
Eu tenho todo o direito".
© AFP/Getty Images Trump se recusa a aprovar parte do
orçamento federal por não incluir recursos para construção de muro na fronteira
com México, uma de suas principais promessas de campanha
Reação dos
servidores
Oscar
Murillo, engenheiro aeroespacial na Nasa, postou uma foto de seu contracheque
em branco no Twitter e disse que acabou perdendo dinheiro por causa de débitos
programados.
Também no
Twitter, outra usuária, Cat Heifner, compartilhou o suposto contraque do seu
irmão, mostrando que ele ganhou US$ 0,01 por seu trabalho como controlador de
tráfego aéreo.
Segundo o
site de notícias americano Vox, diplomatas americanos em missões no exterior
também estão passando aperto.
Na
reportagem, o jornalista Alex Ward, cuja mulher trabalha no Departamento de
Estado (o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil), cita o
caso de uma diplomata que passou a fazer avaliações online de delineadores para
pagar as contas.
Já o site de
classificados Craigslist, por exemplo, foi inundado de produtos vendidos por
funcionários do governo federal.
Entre os
itens, estão desde camas até brinquedos velhos.
"À
venda por US$ 93.88 no Walmart. Peço US$10", diz um anúncio que retrata
uma cadeira de balanço infantil. "Precisamos de dinheiro para pagar nossas
contas"
Dos 800 mil
servidores federais que estão sem receber, cerca de 350 mil estão de licença
temporária, enquanto os demais continuam trabalhando.
Milhares de
pessoas se inscreveram em programas sociais em meio à incerteza financeira.
O aeroporto
internacional de Miami fechará um terminal inteiro neste fim de semana por
causa da escassez de agentes de segurança causada pela paralisação.
Os agentes
são funcionários federais considerados "essenciais" e, por isso,
devem trabalhar - apesar de não serem pagos até que a paralisação termine.
Como forma
de protesto, muitos deles deixaram de ir ao trabalho avisando que estão
"doentes", informou o jornal Miami Herald.
© Reuters Manifestante protesta contra paralisação do
governo americano, que deixou 800 mil sem salário
Queda de
braço
Na
sexta-feira, Câmara e Senado aprovaram por maioria esmagadora um projeto de lei
para garantir que todos os funcionários públicos recebam um pagamento
retroativo após o término da paralisação.
A proposta segue agora à sanção
presidencial.
Mas isso
pode ser um pequeno consolo para os servidores federais atualmente em
dificuldades, sem nenhum fim à vista para o impasse.
Em uma
mesa-redonda sobre segurança na fronteira com líderes estaduais e locais na
sexta-feira, Trump exigiu novamente que os democratas aprovassem o
financiamento para um muro ou uma barreira de aço.
No entanto,
a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse que o fim
da paralisação está nas mãos do presidente americano.
"Quando
o presidente agir, responderemos a tudo o que ele fizer", disse Pelosi à
imprensa americana.
Segundo a
agência de notícias americana Associated Press, o assessor sênior da Casa
Branca Jared Kushner - genro de Trump - está entre aqueles que advertiram o
presidente contra a declaração de emergência nacional.
A imprensa
americana diz que a Casa Branca está considerando desviar parte dos US$ 13,9
bilhões alocados no ano passado pelo Congresso para ajuda humanitária em áreas
como Porto Rico, Texas e Califórnia, para pagar pelo muro.
Mas o
congressista republicano Mark Meadows, que é próximo do presidente, disse que
essa opção não está sendo seriamente considerada.
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