THE
INTERCEPT BRASIL: Ex- Assessora De Moro Revela Esquema Grave Na Lava Jato, “A
Imprensa Comprava Tudo”
Por Amanda
Audi do The Intercept Brasil:
Christianne
Machiavelli costuma chamar cada repórter pelo nome, e não são poucos os que ela
conheceu durante os seis anos em que trabalhou encastelada no vigiado e
protegido prédio da Justiça Federal de Curitiba, de onde saem os despachos de
busca, apreensão e prisão assinados pelo juiz Sérgio Moro.
Chris, como
é conhecida, trabalhava sozinha no departamento de comunicação da Lava Jato até
agosto, quando pediu demissão para abrir uma assessoria de imprensa voltada a
clientes da área jurídica.
Ela diz que identificou um filão de mercado no
setor, e garante que não é beneficiada por ter trabalhado com Moro. “Ele é
amado por uns e odiado por outros.
Eu tenho que lidar com o ônus e o bônus
disso.”
Ela não
tinha ideia do volume de trabalho que teria pela frente quando passou no
processo seletivo em 2012.
Acostumada com a rotina tranquila de seu trabalho
anterior, na comunicação da Igreja Metodista de Curitiba, ela passou a
responder a dezenas de jornalistas todos os dias, das primeiras horas da manhã
até a madrugada.
Teve crises de estresse, começou a tomar remédios controlados,
engordou 30 quilos.
O trabalho
de Chris era a ponta de uma estratégia costurada acima dela. A imprensa foi
responsável pelo sucesso da Lava Jato.
E isso não foi por acaso: Moro se
inspirou na operação Mãos Limpas – que prendeu centenas de pessoas e mudou o cenário
político da Itália – ao definir que, sem a imprensa, a operação morreria nos
primeiros meses, como tantas outras antes dela.
“Os
responsáveis pela operação Mani Pulite [mãos limpas, em italiano] fizeram largo
uso da imprensa.
Com efeito: para o desgosto dos líderes do PSI [um dos
partidos investigados, que acabou extinto], que, por certo, nunca pararam de
manipular a imprensa, a investigação da ‘mani pulite’ vazava como uma peneira”,
escreveu Moro em um artigo de 2004, dez anos antes de dar início a operação que
o tornou conhecido nacionalmente.
Ele fez um copia/cola das estratégias do
procurador italiano Antonio Di Pietro.
“Tão logo
alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no L’Expresso, no
La Republica e em outros jornais e revistas simpatizantes.
Apesar de não
existir nenhuma sugestão de que algum dos procuradores mais envolvidos com a
investigação teria deliberadamente alimentado a imprensa com informações, os
vazamentos serviram a um propósito útil.
O constante fluxo de revelações
manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva”,
continuou o juiz, já dando pistas de como achava que uma operação desse tipo
deveria ser tratada.
Desde o
início, os órgãos da Lava Jato (Ministério Público Federal, Polícia Federal e
Justiça Federal) mantiveram vivo o interesse da imprensa, alimentando os
veículos sobre qualquer movimento da operação.
O Brasil assistiu extasiado ao
desenrolar de cada nova fase como se fosse uma novela.
“E hoje, quem será
preso? Quem será delatado?”.
Foi para
entender os bastidores desse processo que conversei com Christianne
Machiavelli, por telefone, no começo de setembro.
Ela tinha esvaziado suas
gavetas na Justiça Federal poucos dias antes, em 30 de agosto.
Levou consigo
banais livros, canecas, documentos e outros objetos pessoais.
Em especial, três
dicionários que ganhou de presente do pai, que carrega consigo em todos os
empregos, seus amuletos.
Por quatro anos, ela foi o único preposto entre os jornalistas e Moro – a quem
ela chama de SFM, sigla para Sérgio Fernando Moro.
Se tornou amiga pessoal de
alguns repórteres.
Os mais próximos ainda a convidam para os churrascos de
confraternização de fim de ano onde todos os setoristas da cobertura se
encontram – vários veículos de imprensa mantêm equipes permanentes em Curitiba
só para atender à Lava Jato.
O trabalho,
diz ela, a fez repensar a forma como as pessoas investigadas pela Lava Jato
foram tratadas pela operação e, em especial, pela imprensa.
Para ela, houve
exageros. “Era tanto escândalo, um atrás do outro, que as pessoas não pensavam
direito.
As coisas eram simplesmente publicadas”.
Leia a
seguir os principais trechos da conversa, editada para ficar mais clara, e
alguns parágrafos de contexto.
Você atuou
no centro nervoso da Lava Jato desde o início, em 2014. Como vê a evolução da
operação nestes anos?
A gente não
tinha noção do que ia ser.
No começo, a operação era contra doleiros que
operavam no câmbio negro, e então apareceu o [ex-diretor da Petrobras] Paulo
Roberto Costa, por causa de um presente que recebeu.
Só fui entender o que era
a Lava Jato na 7ª fase, em novembro de 2014, depois da delação do Júlio
[Camargo] e do Augusto [Ribeiro, executivos da Toyo Setal].
Nesse momento é que
apareceu a grande história: que existia um clube das empreiteiras, com as
regras do jogo. Foi a partir daí que a imprensa comprou a Lava Jato.
A Lava Jato
manteve o interesse da mídia por anos. Era uma estratégia pensada?
Não acho que
houve estratégia, pelo menos por parte da Justiça Federal. Mas a
responsabilidade da imprensa é tão importante quanto a da Polícia Federal, do
Ministério Público e da Justiça.
Talvez tenha faltado crítica da imprensa. Era
tudo divulgado do jeito como era citado pelos órgãos da operação.
A imprensa
comprava tudo. Não digo que o trabalho não foi correto, ela se serviu do que
tinha de informação. Mas as críticas à operação só vieram de modo contundente
nos últimos dois anos.
Antes praticamente não existia.
Algumas vezes,
integrantes da PF e do MPF se sentiam até melindrados porque foram criticados
pela imprensa.
Pode citar
exemplos?
O Maurício
Moscardi Grillo [delegado da Lava Jato em Curitiba] quando deu entrevista para
a Veja dizendo que perderam o timing para prender o Lula foi muito criticado, e
a polícia ficou melindrada.
Mesma coisa quando o Carlos Fernando Santos Lima
falou que o MPF lançou “um grande 171″ para conseguir delações.
O powerpoint do
Deltan Dallagnol sobre o Lula.
Eles ficaram muito chateados quando a imprensa
não concordou com eles.
Todo mundo fica magoado, mas não se dá conta daquilo
que fala. Não posso dizer que ele [Sérgio Moro] não ficasse melindrado, mas uma
única vez respondemos a um veículo.
Foi um caso do Rodrigo Tacla Duran, num
domingo de manhã.
Ele me chamou para a gente responder à notícia que dizia que
Carlos Zucolotto, amigo, padrinho de casamento e ex-sócio da esposa de Moro,
fazia negociações paralelas sobre acordos com a força-tarefa da Lava Jato .
Nesse caso ele se sentiu ofendido, mais pelo processo do que pessoalmente.
A PRIMEIRA
FASE da Lava Jato foi no dia 17 de março.
Na época, ainda não havia nada sobre
Lula, Aécio, Renan, Jucá, Odebrecht, Camargo Corrêa ou qualquer outro político
e empresa que seriam notícia nos anos seguintes.
A imprensa
noticiou, sem destaque, que a Polícia Federal havia deflagrado uma operação
contra lavagem de dinheiro, cujo montante chegava a R$ 10 bilhões.
O doleiro
paranaense Alberto Youssef foi preso.
Youssef foi
um dos principais doleiros do Banestado, considerado o maior caso de corrupção
na década de 90, e o primeiro a fechar uma delação premiada no país.
O
escândalo reuniu os principais nomes da Lava Jato: Sérgio Moro e o procurador
Carlos Fernando dos Santos Lima.
Os casos
citados podem ter incomodado a cúpula dos agentes da Lava Jato, mas tiveram
pouca repercussão na imprensa em geral.
O papel de crítica ficou a restrito a
blogs e veículos mais identificados à esquerda – muitas vezes distorcendo fatos
e apelando para fake news.
Para você,
por que a imprensa comprou a Lava Jato sem questionar?
Era tanto
escândalo, um atrás do outro, que as pessoas não pensavam direito, as coisas eram
simplesmente publicadas.
O caso da cunhada do [ex-tesoureiro do PT, João]
Vaccari foi bem significativo. Os jornalistas foram na onda do MPF e da PF.
Todo mundo divulgou a prisão, mas ela foi confundida com outra pessoa.
Foi um
erro da polícia. Quando perceberam o erro, Inês já era morta.
O estrago já
tinha sido feito. Acho que a gente vem de uma fase que remonta à ditadura, em
que a imprensa foi violentamente cerceada.
Na Lava Jato a imprensa tinha muita
informação nas mãos, dos processos, e entendeu que era o momento de se impor.
Qual a
responsabilidade da imprensa?
Vou dar um
exemplo. O áudio do Lula e da Dilma é delicado, polêmico, mas e o editor do
jornal, telejornal, também não teve responsabilidade quando divulgou?
Saíram
áudios que não tinham nada a ver com o processo, conversas de casal, entre pais
e filhos, e que estavam na interceptação.
A gente erra a mão em nome de um
suposto bem maior.
CADA DIA DE
operação da Lava Jato seguia os mesmos rituais.
O celular
dos jornalistas começava a apitar antes das 7h da manhã com um texto da PF.
Por
volta das 10h, os policiais faziam uma coletiva de imprensa junto com membros
do MPF.
Em seguida, o MPF divulgava o seu release, já com os dados da denúncia.
Por fim, a Justiça Federal informava o número da ação judicial, junto com a
chave para o acesso.
Com essa
ferramenta, os jornalistas tinham acesso a tudo relacionado à operação: das
investigações iniciais até os pedidos de prisão.
Nos próximos dias, podiam
acompanhar o andamento em tempo real.
Quem estava
acostumado a cobrir operações deste tipo, como eu, sentiu que havia algo de
diferente na Lava Jato.
Geralmente,
operações de combate à corrupção — principalmente as que envolvem poderosos —
costumam ser difíceis de acompanhar.
É preciso ter boas fontes, gastar sola de
sapato e batalhar para conseguir qualquer informação.
Na Lava
Jato, tudo ficou muito fácil. Havia uma profusão de documentos disponíveis. Os
agentes responsáveis eram acessíveis. Todo dia havia algo novo.
Em um país
marcado pela falta de transparência, os gestos eram tidos como exemplares – e
não estou dizendo que não sejam.
Mas o fato é
que as facilidades fizeram com que a imprensa “comprasse” a Lava Jato quase que
imediatamente.
Denúncias do Ministério Público eram publicadas em reportagens
quase na íntegra, assim como os inquéritos da PF e as decisões de Moro.
Foram poucos
os jornalistas que se valeram daquele mundaréu de elementos para fazer o papel
que cabe à imprensa: o de usar os dados para construir investigações mais
aprofundadas.
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A divulgação dos áudios de Lula e Dilma gerou uma onda de insatisfação que
levou milhares às ruas. O processo de impeachment da presidente se intensificou
no Congresso.
A ação de Moro foi questionada: ele não tinha competência e nem
poderia ter acesso aos grampos.
Foto: Diego Padgurschi/Folhapress
Eu acho que bandido bom é o bandido que pode ser recuperado, apesar de tudo. A
lei deve ser aplicada sempre. A questão aí é o peso da mão, da caneta, da
maneira que o réu é tratado, o preso é tratado.
Você já disse que a Lava Jato mudou a visão sobre o direito. Antes era
legalista, que olha apenas o cumprimento da lei. Agora é garantista, em que a
lei deve ser cumprida preservando direitos.
Por quê?
Como
jornalista, minha base era na cobertura policial. Os repórteres que acompanham
a polícia querem a imagem do preso, a história dele.
Quanto mais
sensacionalista, mais cliques, mais as pessoas vão ler. Mas, depois da Lava
Jato, eu entendi o quanto a privacidade e intimidade do criminoso são
necessárias.
Lembro quando o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral
apareceu com algemas nos pés e nas mãos e a imprensa abusou da imagem.
Eu
passei a olhar pro réu de uma maneira mais humanitária. Também acho que a lei
de execução penal tem que ser aplicada, deve ser a base para garantir o direito
dele de ser humano.
Eu acho que bandido bom é o bandido que pode ser
recuperado, apesar de tudo.
A lei deve ser aplicada sempre. A questão aí é o
peso da mão, da caneta, da maneira que o réu é tratado, o preso é tratado.
Isso envolve
o hábito de levar os presos da operação para Curitiba e o circo midiático que
se forma em torno disso?
Durante o
período ostensivo das fases da Lava Jato, todos ficaram presos em Curitiba, com
raras exceções, como Sérgio Cabral.
Se criou essa cultura de trazer todos os
presos pra cá, porque o juiz entende que o caso se desenrolou em Curitiba.
Mas,
no momento de uma execução penal, é a lei que vale, e ela diz que o preso tem
direito a cumprir pena perto de seu domicílio, para a família poder visitá-lo.
O José Dirceu, por exemplo, por um bom tempo não recebeu visita da família.
Ele
estava com os bens bloqueados e família não tinha condições. Os empreiteiros,
por outro lado, as famílias vinham sempre.
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O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) é conduzido ao IML de Curitiba (PR)
antes de ser transferido a prisão.
Foto: Giuliano Gomes/PR Press/Folhapress
EM GERAL, OS presos ficam detidos no local onde moram.
A Lava Jato é um dos
poucos casos em que o juiz demanda que eles sejam deslocados para o local de
onde saem as decisões.
Estar em Curitiba facilita a negociação de delação
premiada e a ida a audiências presenciais. Mas, ainda assim, não seria
necessário manter o preso na cidade o tempo todo.
Essa
exigência de Moro criou uma espécie de “rota das imagens”. Os cinegrafistas e
fotógrafos começam a registrar a prisão na cidade de origem, mostram o embarque
no avião, a chegada em Curitiba, o exame de corpo de delito no Instituto Médico
Legal e, finalmente, as visitas dos parentes.
Essa
marcação faz com que qualquer pessoa saiba, por exemplo, que Eduardo Cunha
jantou arroz, feijão e frango em sua primeira noite na prisão.
Em que situação
isso seria relevante?
Você
questionava Moro sobre decisões controversas, como a de levar os presos para
Curitiba?
O trabalho
da assessoria não era de questioná-lo sobre suas decisões, mas dar publicidade
aos seus atos.
Você acha
que a Lava Jato influenciou as eleições deste ano? Por exemplo, o Moro ter
levantado o sigilo da delação do Palocci na semana passada.
Só posso
dizer que essa eleição é a mais atípica que vivi desde que tirei meu título.
Quanto a colaboração do Palocci, entendo que quase a totalidade do termo
divulgado já era se conhecimento público.
Ele apenas deu nome aos bois, fato
que também já teria sido mencionado pelo Paulo Roberto Costa e, se não me
engano, por Youssef também.
Portanto, não sei se influenciou. O que influenciou
no resultado dessas eleições foram as notícias falsas, o ódio, o medo.
Além do
Palocci, Moro adiou depoimento do Lula por causa do período eleitoral e o MPF
pediu mais uma condenação a ele, dias antes da eleição. Acha que tem algo a
ver?
Sim. Pelo
que me lembre, o adiamento do depoimento do Lula ocorreu há alguns meses e o
magistrado justificou em despacho.
Sobre o pedido do MPF, não vejo relação
também, pois estava no prazo das alegações finais.
Destaco que o prazo para as
alegações finais foi determinado há pouco tempo, pois ficou parado por meses a
fio devido a quantidade de perícias peticionadas pela defesa de Lula e o MPF ao
juízo.
Caso nada disso tivesse acontecido, o processo já poderia ter sido
sentenciado e, inclusive, com autos conclusos para um possível julgamento de
apelação no 2° grau.
Ou seja, a juntada das alegações finais por parte do MPF é
apenas coincidência decorrente de uma tramitação processual lenta.
Mesmo
estando dentro dos prazos, é inegável que esses fatos podem favorecer ou
prejudicar candidatos.
Não seria possível esperar passar o pleito para
fazê-los? Isso não pode colocar em risco a legitimidade da Lava jato?
A celeridade
processual é uma premissa do Judiciário e inclusive exigência do CNJ.
Não é
possível que o Judiciário pare em detrimento de um processo eleitoral. A
celeridade processual é em prol do réu e não do magistrado.
Pense: se o MPF
tivesse se manifestado em favor do réu, então a celeridade processual seria
boa?
Mas como a manifestação é condenatória, a celeridade é ruim? Não há dois
pesos e duas medidas. Há prazo que precisa ser cumprido.
O celular
dos jornalistas começava a apitar antes das 7h da manhã com um texto da PF. Por
volta das 10h, os policiais faziam uma coletiva de imprensa junto com membros
do MPF.
Em seguida, o MPF divulgava o seu release, já com os dados da denúncia.
O celular dos jornalistas começava a apitar antes das 7h da manhã com um texto
da PF. Por volta das 10h, os policiais faziam uma coletiva de imprensa junto
com membros do MPF.
Em seguida, o MPF divulgava o seu release, já com os dados
da denúncia.
O JUIZ E os procuradores sempre dizem que agem de modo isento.
Mas é difícil
negar que a Lava Jato foi, no mínimo, associada a um forte antipetismo.
Dias antes
das eleições, Moro levantou o sigilo sobre a delação do ex-ministro de Lula,
Antonio Palocci, e o MPF pediu a condenação do petista no caso do sítio de
Atibaia.
Na semana desses acontecimentos, o presidenciável Jair Bolsonaro
cresceu nas pesquisas de opinião frente ao candidato do PT, Fernando Haddad.
Bolsonaro passou de 28% de intenções de voto em 28 de setembro para 39% em 4 de
outubro, de acordo com o Datafolha.
O mesmo Moro
havia decidido, semanas antes, adiar um depoimento de Lula alegando que poderia
influenciar o período eleitoral.
Há até pouco
tempo, Moro era avesso à imprensa. Aos poucos, foi se soltando.
Em entrevista
ao Roda Viva em março, ele até defendeu o auxílio-moradia – que recebe, mesmo
tendo apartamento de meio milhão de reais em Curitiba.
O juiz tampouco se sente
constrangido ao aparecer em fotos ao lado de Aécio Neves e João Doria, ambos do
PSDB.
Moro
tampouco negou que Alvaro Dias, que concorreu pela presidência pelo Podemos,
usasse o seu nome durante a campanha. Paranaense e ex-tucano, Dias usou quase
todo o tempo que teve em debates para enaltecer a Lava Jato. Ainda assim, foi
massacrado nas urnas.
Até o
“japonês da Federal”, Newton Ishii, que ficou famoso por escoltar os presos da
operação, se filiou ao Patriota, um partido abertamente antipetista, quando se
aposentou da PF.
Ele é o presidente da legenda no Paraná, que em nível nacional
lançou Cabo Daciolo à presidência.)
Qual o seu
maior acerto e o maior erro nesse período?
Meu maior
acerto foi sistematizar e compilar todas as informações da Lava Jato em uma
planilha, que servia para a imprensa acompanhar.
E cumprir os deadlines dos
jornalistas. Para mim foi sofrido.
Eu engordei 30 quilos. Tomava remédio
controlado para depressão e ansiedade. Cheguei a picotar um chip de celular
porque as pessoas me ligavam até meia noite todos os dias.
Eu trabalhava fim de
semana, feriado… Agora chego em casa e vou fazer comida, ver série.
E agora, o
que vai fazer?
Vou abrir
uma empresa de gestão de crise, estou vendo nome, contador. Lidar com crise foi
algo que aprendi na prática.
Imagem em
destaque: Christianne Machiavelli foi assessora de comunicação da Lava Jato até
agosto, quando pediu demissão para abrir uma assessoria de imprensa voltada a clientes
da área jurídica.
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