quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Bolsonaro Só Chegou Ao Poder Porque Mídia E Judiciário Mudaram Os Conceitos De Moral No Brasil

SUED E PROSPERIDADE

24/12/2020

Bolsonaro Só Chegou Ao Poder Porque Mídia E Judiciário Mudaram Os Conceitos De Moral No Brasil

Celeste Silveira 24 de dezembro de 2020 

Nada traduz com mais fidelidade os motivos da chegada de Bolsonaro ao poder do que a ambivalência moral da mídia e do judiciário brasileiro.

Os dois usaram as práticas mais imorais para dar sentimento coletivo de moral às suas próprias imoralidades.

Mídia e judiciário, mutuamente e de forma simultânea, vendem valores morais a partir dos interesses políticos que defendem.

Esses interesses nunca são a favor do povo, mas da elite econômica.

Não é sem motivos que noivos e padrinhos posaram armados em casamento em Goiás. Eles são o exemplo de uma parcela da sociedade que, em nome do amor, comemoram com símbolos de ódio. 

Eles, certamente, em nome da moral, votaram em um dos políticos mais corruptos e envolvido com os esquemas mais criminosos da história do Brasil.

Mas como um troço desses se deu, principalmente na parcela mais letrada da sociedade?

Como essa gente foi alvo fácil de um pensamento fascista que berra patriotismo enquanto detona o país a mando dos neoliberais?

Bolsonaro na presidência não é acidente, é projeto de poder das classes dominantes. As mesmas que, no Brasil, dominam as redações e o sistema de justiça.

Bolsonaro é literalmente a elite brasileira sem máscaras.

Não é sem motivos que a fome e a miséria não estão de volta ao país.

É essa elite que, através da mídia e do judiciário, naturaliza a barbárie social que está sendo promovida por Guedes e Bolsonaro.

Essa é a “regra de ouro” dos abastados.

A ética da reciprocidade entre pares, entre mídia e elite, entre o judiciário e os donos da terra.

A leitura moral que tanto a mídia quanto o judiciário brasileiros fazem é pelos olhos da nobreza paratatá.

É a “papa-fina da alta sociedade” que dá as cartas da nossa verdadeira constituição, em nome de uma democracia de mercado.

É daí que vem o princípio moral hegemônico no Brasil.

Foi isso que colocou na presidência da República um genocida que matou, em uma semana, mais do que 63 países juntos em toda a pandemia.

A Globo, ontem, deu um gigantesco espaço pra Guedes vender terreno na lua. 

Isso mostra que, se a direita não tiver candidato, os Marinho vão de Bolsonaro outra vez. 

Detalhe, com o fiu fiu de Bial.

*Da redação

CONTINUA

Suprema Carteirada Na Fila Da Vacina

Celeste Silveira 24 de dezembro de 2020

Luiz Fux assumiu a presidência do Supremo com uma posse contagiante. Na contramão das recomendações sanitárias, o ministro insistiu numa cerimônia presencial seguida de coquetel.

 A festa deixou ao menos dez autoridades infectadas com a Covid. Além do homenageado, contraíram o vírus o presidente da Câmara e o procurador-geral da República.

A presidente do Tribunal Superior do Trabalho, que entrou na lista dos contaminados, precisou ser transferida para um hospital em São Paulo. Passou 16 dias internada e teve que receber oxigênio por um cateter.

 Chocada com o mau exemplo, a professora Ligia Bahia definiu a FuxFest como um “covidário”. “Foi um evento totalmente irresponsável”, resumiu.

Três meses depois da posse, o presidente do Supremo está de volta ao noticiário da pandemia. 

Ontem ele defendeu o tribunal pela tentativa de furar a fila da vacina. 

O órgão pediu à Fiocruz que reservasse sete mil doses para imunizar ministros e servidores.

Em documento oficial, o Supremo sustentou que a vacinação vip seria “uma forma de contribuir com o país nesse momento tão crítico”. 

Questionado, Fux disse não ver nada de errado na carteirada. “Temos de nos preocupar para não pararmos as instituições fundamentais do Estado”, justificou.

O ministro informou que o tribunal fez o pedido “de forma delicada, ética”. Delicadamente, a Fiocruz respondeu que destinará suas vacinas ao Ministério da Saúde, sem atender a “qualquer demanda específica”. 

As doses serão distribuídas segundo os critérios do Programa Nacional de Imunizações. As regras não mencionam o uso da toga como fator de risco para a Covid.

O Supremo não é a primeira instituição a reivindicar preferência na distribuição da vacina. No início do mês, promotores paulistas pediram que a categoria fosse incluída “em uma das etapas prioritárias” da imunização. Depois foi a vez de o Superior Tribunal de Justiça tentar furar a fila da Fiocruz. 

A turma do “vacina pouca, meu braço primeiro” nunca admite estar em busca de privilégios. Ontem Fux disse ter uma “preocupação ética” com o assunto.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

Fonte: https://antropofagista.com.br/

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