General
Santos Cruz Diz Que Vai À CPI Das Fake News E Critica A “Gangue Digital”
Bolsonarista
Celeste Silveira 23 de outubro de
2019
Em rara
entrevista concedida após sua saída do governo, o general e ex-ministro da
Secretaria de Governo Santos Cruz criticou uma ala de apoiadores do presidente
Jair Bolsonaro que tem presença ativa nas redes sociais.
Santos Cruz virou alvo
da militância bolsonarista desde que defendeu a adoção de critérios técnicos
para distribuição de recursos públicos entre veículos de comunicação.
Atacado
nas redes, acabou demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em junho.
“Uma milícia
digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet.
Não me
impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio
real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar
preocupado”, disse o general da reserva em entrevista ao Congresso em
Foco.
O deputado
Marcelo Ramos (PL-AM) apresentou requerimento na CPI mista que investiga a
divulgação de notícias falsas para convidar Santos Cruz.
O general afirmou que,
assim que for notificado, aceitará o convite para prestar depoimento.
“Sempre fui
de boa vontade porque acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas
e é até uma honra a pessoa ser chamada para falar.
Eu fui duas ou três vezes
quando era ministro, é excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais
que outros nas questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível”,
disse.
Reportagem
publicada pela revista digital Crusoé no dia 11 de outubro mostra que existe um
grupo consolidado com a participação de alguns assessores ligados ao governo
federal que age na internet para fabricar notícias falsas.
De acordo
com reportagem, o ex-ministro foi alvo dessas pessoas com a fabricação de um
diálogo falso no qual Santos Cruz falava mal de Bolsonaro e dos filhos.
Em maio
deste ano, quando ainda era ministro, o militar foi alvo desse grupo, que
compartilhou uma entrevista de Santos Cruz à rádio Jovem Pan na qual ele afirma
que as redes sociais precisam de um controle.
O fim de
semana dos dias 4 e 5 de maio foi o auge dos ataques sofridos pelo então
ministro da Secretaria de Governo.
No fim da tarde do dia 5 daquele mês, Santos
Cruz foi ao Palácio da Alvorada falar com o presidente da República.
“Eu fui
conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso, outros assuntos
também. É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim de semana falar
com o presidente.
A função de presidente você não tem o fim de semana livre
como um funcionário qualquer, está sempre ocupado.
Devo ter falado várias
coisas com ele”, relatou o general.
Pouco mais
de um mês depois, no dia 13 de junho, o general foi demitido por Jair
Bolsonaro.
Os dois não se falam desde essa data.
De acordo
com Santos Cruz, o modo de agir do grupo que ele classifica como “milícia
digital” é algo que dá para ser rastreado:
“Você
percebe que é uma coisa planejada.
Um lança porque tem não sei quantos mil que
seguem ele e os outros seguem. Se der para um técnico, ele monta a pirâmide
para você.
Naquele caso foi uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma
entrevista, um apresentador [Danilo Gentilli] que é mais famoso, que tem muita
gente que segue e deram para ele para lançar”.
SANTOS CRUZ: ‘Isso tem q ser disciplinado, a legislação tem q ser melhorada’.
Depois de anos de um governo q tentou Leis de Controle de Mídia com Franklin Martins e Marco Civil Internet com os baba ovo, ouvir isso é de fudê.
Cúpula estranha se forma no governo. Fiquem de olho. twitter.com/ascenda_a_luz/ …
Depois de anos de um governo q tentou Leis de Controle de Mídia com Franklin Martins e Marco Civil Internet com os baba ovo, ouvir isso é de fudê.
Cúpula estranha se forma no governo. Fiquem de olho. twitter.com/ascenda_a_luz/ …
Crise no PSL
Sobre a
crise entre o presidente Bolsonaro e o PSL, partido pelo qual o mandatário e
seu grupo político no Congresso Nacional foram eleitos, Santos Cruz minimiza o
impacto para a população e diz que as discussões ficam restritas ao mundo
político e empresarial.
“A população
brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o DEM, se tinha
25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para ter governo e
resultados.
Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte política, mas
ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o empresariado, para
quem está observando o mercado econômico, acaba algumas vezes dando um efeito
ruim também”, afirmou.
A Secretaria
de Governo, que era comandado por Santos Cruz, tinha entre algumas de suas
funções fazer a interlocução do governo com o Congresso. O general falou sobre
a dificuldade de fazer isso quando o partido do presidente não é estruturado.
“O partido
do presidente sempre é um partido muito importante. Quando ele está bem unido,
os outros olham para ele e se juntam ou não, mas quando o próprio partido do
presidente está esfacelado, os outros também se julgam no direito de não votar,
se nem o partido do presidente está alinhado, eu também tenho a liberdade de
não votar. Isso não é bom politicamente”, declarou.
Governadores
do Nordeste
Quando
comandava a Secretaria de Governo, o general tinha o costume de receber
governadores em seu gabinete no Palácio do Planalto.
No dia 29 de
maio chegou a se reunir com dois petistas, os governadores do Piauí, Wellington
Dias, e do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.
Também
acompanhou a reunião de Bolsonaro com todos os governadores nordestinos no
Palácio do Planalto no dia 9 de maio.
Ele minimiza
os atritos dos últimos meses meses entre Bolsonaro e os governadores da região
e diz que isso faz parte do comportamento político entre governo e oposição que
é mostrado para a sociedade, mas que há diálogo entre os dois lados.
“O Nordeste
é todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha
do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha
diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte
mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político,
interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da campanha,
interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda”, disse.
E
completou: “na essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho
que eles não se negam a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores.
Uma coisa é essa exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do
negócio”.
Macron e
Amazônia
O general
defendeu a reação inicial inicial de seu ex-chefe no embate com o presidente
francês, Emmanuel Macron, sobre o aumento das queimadas na floresta Amazônica.
No entanto,
Santos Cruz repudia ataques pessoais que partiram do governo federal.
Bolsonaro
fez piada nas redes sociais com a primeira-dama da França, Brigitte Macron,
insinuando que ela é feia.
A atitude
foi replicada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento para
empresários em Fortaleza (CE).
“O
presidente da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que
uma resposta à altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode
ampliar, tem que saber o limite desse tipo de conflito.
Não pode ampliar o
conflito, muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a
França é um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não
for mais, empresas grandes no Brasil”, declarou o general.
Sobre o
discurso de Bolsonaro na assembleia geral da Organização das Nações Unidas
(ONU), o militar disse que foi uma fala razoável, mas que não tinha necessidade
de discorrer sobre assuntos muito específicos ao Brasil:
“Achei que
tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do
combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda.
Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também,
tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos”.
O general de
reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz tem 67 anos. É formado em engenharia
química pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP) e pela Academia
Militar dos Agulhas Negras (Aman).
Natural de
Rio Grande (RS), ele comandou a missão de paz no Haiti de 2006 a 2009.
Em 2017, na
gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e do ex-ministro da Justiça Torquato
Jardim, Santos Cruz chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Leia a
seguir a íntegra da entrevista:
Congresso em
Foco – O que o senhor tem feito desde quando saiu do governo há quatro meses?
Santos Cruz –
Tenho cuidado da minha vida particular e dado uma série de entrevistas,
palestras, tenho mantido minha vida bastante ativa. Eu viajei, depois que eu
saí viajei para os Estado Unidos, estive em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul,
Ceará, Espírito Santo, tenho tido uma intensidade boa de atividades. Palestras
dos mais diversos assuntos e fora as entrevistas também, como essa aqui, que
são inúmeras.
Não tem uma semana que tenha realmente os cinco dias livres.
Sempre procuro atender porque é bom para se manter atualizado.
Como vê o
papel do Exército nessa crise sobre a Amazônia?
O Exército
sempre desempenha um bom papel. Nesse caso da Amazônia, o Exército com a GLO
[Garantia da Lei e Ordem] para auxiliar no combate aos incêndios da Amazônia,
na realidade quem apaga fogo é o bombeiro, o Exército ajuda com seus meios.
Pessoal ajuda, você tem o elemento técnico no caso do bombeiro, especialista em
apagar fogo florestal, e as Forças Armadas, não só o Exército, entram com os
recursos de helicóptero, logística, viatura, transporte, caminhão-tanque,
embarcações…
Então as Forças Armadas são muito importantes porque elas têm uma
estrutura de material e pessoal muito forte. É só direcionar através do
elemento técnico. Por isso que as Forças Armadas são sempre importantes, esse
potencial que elas têm de atender diversas coisas orientada tecnicamente.
O que acha
do discurso do presidente de querer culpar Organizações Não Governamentais, de
querer falar que está exagerado o dado sobre desmatamento, mudar a metodologia
do Inpe [Instituto de Pesquisas Aeroespaciais]?
Se você quer
mexer na metodologia do Inpe é uma questão técnica , tem que estudar para ver
se a metodologia do Inpe está certa ou não.
O Inpe é um instituto que tem
prestígio, prestígio internacional, mas pode ser que tenha que se discutir
diferentes metodologias, não tenho conhecimento.
Mas é um instituto de
prestígio, então qualquer modificação passa por avaliação técnica. O problema
da presença de ONGs na Amazônia, não só na Amazônia, o que a gente chama de
ONGs são todas as OS, Organizações Sociais, fundações e uma série de títulos
que tem que a gente chama tudo de ONG. Na verdade ONG não é um termo, é um
termo brasileiro.
Essas ONGs todas não adianta também você criticar sem saber o
que elas estão fazendo e sem saber quem é bom e quem é ruim, tem que abrir uma
CPI, mandar a Polícia Federal, ou o Ministério do Meio Ambiente fazer uma
avaliação, uma investigação para ver quais os resultados que essas organizações
estão tendo.
Aquelas que são boas você pode até direcionar em proveito da ação
governamental e as outras que são ruins você pode desviar daquela atividade.
Se
algumas organizações estão lá na Amazônia, ou qualquer lugar do Brasil,
operando sem controle, a responsabilidade é do Estado que está ausente, a
ausência do Estado faz com que você tenha organizações que trabalhem sem
direcionamento.
Acha que as
críticas do presidente da França, Emannuel Macron, são corretas ou exageradas?
O presidente
da França foi infeliz ali na maneira como se expressou e eu acho que uma
resposta a altura era o correto, mas tem que parar por aí, não pode ampliar,
tem que saber o limite desse tipo de conflito.
Não pode ampliar o conflito,
muito menos para questões pessoais e até para outros setores porque a França é
um parceiro, deve ter hoje em torno de 500 empresas francesas, se não for mais,
empresas grandes no Brasil, a França tem parceria com iniciativas como
construção de submarino, tudo isso.
O país tem centenas de grandes empresas no
Brasil, Total, Michelin e por aí vai. Aquele ali foi um caso infeliz do
presidente da França, a resposta foi dada a altura, mas depois acho que passou
do ponto e estragou tudo.
Quando
passou do ponto? Foi quando Bolsonaro ofendeu esposa do presidente francês,
Briggite Macron?
Quando você
parte para assuntos pessoais, não pode levar nada nessa área para a questão
pessoal.
Acompanhou o
discurso do presidente da ONU? O que achou?
Achei que
tinha grandes linhas que tinham que ser tocadas, como foi tocado o caso do
combate à corrupção, dos absurdos que foram feitos pelos governos de esquerda.
Alguns casos eram mais internos e ele aproveitou e colocou no discurso também,
tem coisas que são mais internas aqui, o caso dos Mais Médicos etc, uma coisa
muito interna que aquele público de embaixadores do mundo inteiro não têm
participação, só aqueles do entorno da América Latina, ficou um pouco mais
setorizado.
No geral foi um discurso no qual foram tocados os pontos que
precisam ser tocados e outros não precisavam ser, um discurso razoável.
Faltou falar
mais das reformas econômicas?
Talvez, é
fácil criticar assim, mas o que interessava para nós era enfatizar bastante que
o Brasil está aberto para investimento externo, tem pessoal qualificado para
trabalhar com as empresa que querem entrar no Brasil. Você pode até dar mais
ênfase em alguns assuntos, mas quase todos eles foram tocados.
Tinha alguns
assuntos internos que o presidente fez a opção de falar, acabou diluindo um
pouco, mas tinha três, quatro grande pontos possíveis de ser bem reforçados.
Quando o
senhor era ministro costumava receber alguns governadores em seu gabinete, como
vê esse atrito de Bolsonaro com os governadores do Nordeste?
O Nordeste é
todo de oposição, a postura pública de todos eles é de oposição, seguem linha
do partido, discurso de campanha e tudo isso, mas isso não impede que se tenha
diálogo produtivo, acho que tem diálogo produtivo mesmo sabendo que na parte
mais externa, na superfície, a coisa vai ficar meio pelo show político,
interesse político, cada um tem seu interesse, compromisso partidário, da
campanha, interesse em reeleição, valorizar o partido, essa coisa toda.
Na
essência dá para conversar e tirar boas conclusões. Acho que eles não se negam
a isso, nem o presidente se nega, nem os governadores. Uma coisa é essa
exteriorização, que é mais política, ela não é a essência do negócio.
Como foi o
convite do presidente para o senhor ser ministro? Na época esperava as
dificuldades que acabaram acontecendo?
Na época [em
novembro de 2018] estava em Bangladesh, recebi um telefonema normal, aceitei,
tranquilo, vamos trabalhar e ajudar no projeto. Você vem trabalhar de peito
aberto, não vem trabalhar com um pé atrás, se não melhor não ir. Você vai
trabalhar com um projeto que acredita, tem que ser alguém de bom gosto, bom
grado, trabalhar para ajudar.
Fiquei satisfeito durante o período que eu
trabalhei, acho que fui honesto e assessorei com honestidade e lealdade.
Você assessorar
com honestidade e lealdade é uma obrigação e toda vez que não for honesto e
leal com a autoridade, você vai deixar que autoridade fique em risco, tem que
alertar a autoridade para os riscos que ela tem.
Claro que nem sempre isso é
uma coisa agradável, principalmente para quem está escutando, mas eu acredito
nisso.
Em maio uma
ala de apoiadores de Bolsonaro e Olavo de Carvalho na internet reviveu uma
entrevista antiga do senhor para a Jovem Pan na qual fala sobre as desvantagens
das redes sociais. Foi um fim de semana que o senhor foi muito atacado e no fim
do domingo esteve com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, como foi a conversa?
Aquilo ali é
um grupo que se comporta como uma gangue, uma gangue de rua, uma milícia
digital, uma gangue de rua que se transfere para dentro da internet.
Não me
impressiono com isso, aquilo ali não me afeta em nada, já tive muito tiroteio
real na vida, não vai ser tiroteio de internet que vai me fazer ficar
preocupado. Eu fui conversar com o presidente, não era exatamente sobre isso,
outros assuntos também.
É normal, você pode ver que vários ministros vão no fim
de semana falar com o presidente. A função de presidente não tem o fim de
semana livre como um funcionário qualquer, está sempre ocupado.
Devo ter falado
várias coisas com ele. Lembro que quando eu saí, uma hora depois depois saiu na
imprensa que foi uma conversa tensa, não foi nada disso, não sei de onde a
imprensa pegou aquilo. Você para o carro, diz uma coisa, se você passa direto,
é no domingo você tem que ir para casa, “ah passou reto porque está tenso”. Não
é nada disso, foi uma conversa normal. Isso que acontecia, esse trabalho de
gangues digitais, aquilo é bem perceptível, você percebe que é uma coisa
planejada.
Um lança porque tem não sei quantos mil que seguem ele e os outros
seguem. Se der para um técnico ele monta a pirâmide para você.
Naquele caso foi
uma coisa medíocre, pegaram um pedaço de uma entrevista, um apresentador
[Danilo Gentili] que é mais famoso, que tem muita gente que segue e deram para
ele para lançar. Uma bobajada, a gente está vivendo uma época que essa tecnologia
pode ser explorada por qualquer um e aí você tem coisas sem qualidade também,
tem uma ferramenta fantástica para divulgação, para discussão de ideias e tem
para esse tipo de trabalho de gente de baixo nível.
Tem uma CPMI
hoje no Congresso para investigar Fake News e o deputado Marcello Ramos disse
que ia convidar o senhor. Prestaria depoimento lá?
Se ele me
convidar eu vou. Sempre fui, quando era ministro fui convidado. A CPI pode
convidar ou convocar, você é obrigado a ir.
Sempre fui de boa vontade porque
acho que o Legislativo tem que ser esclarecido das coisas e é até uma honra a
pessoa ser chamada para falar.
Eu fui duas ou três vezes quando era ministro, é
excelente o trabalho ali, tem uns que são mais radicais que outros nas
questões, mas normalmente esse tipo de trabalho é de bom nível. Se eu for
chamado, convidado, eu vou.
Tem uma
reportagem da Crusoé sobre esse grupo bolsonarista na internet. O deputado quer
te convidar porque o senhor foi alvo deles.
Houve aquele
caso de uma fabricação de um diálogo falso [falando mal do presidente e dos
filhos] e provavelmente é por isso que eles têm essa ideia de me convidar. Isso
está na imprensa, foi uma coisa medíocre, um crime de falsidade medíocre
fabricado inclusive em uma hora que eu estava voando no avião da Força Aérea
sem internet, naquele dia fiz um voo de quatro horas.
Tão medíocre que não
tiveram a ideia de verificar minha agenda, eu estava no ar, nesse dia voei das
22h às 6h para São Miguel da Cachoeira [cidade do Amazonas].
Também teve
um embate com a então funcionária da Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex) Leticia Catelani, que foi demitida após o
almirante Sergio Segovia assumir o órgão. Segovia foi sua indicação?
O Segovia
não e é indicação minha, é escolha do presidente. Nem conhecia o Segovia, nunca
tinha ouvido falar dele, foi o presidente que escolheu.
O que acha
da crise entre o presidente o partido?
Isso está
uma confusão bastante grande, o partido saiu de dois deputados para 54, 55,
então é um partido que falta estrutura, não é sólido porque foi um estouro de
repente de dois para cinquenta e pouco.
Falta ainda assim filosofia de trabalho
firmada, lideranças bem estruturadas.
Tem no Brasil dois ou três partidos só.
Partidos mesmo, com histórico, liderança, filosofia, você tem aí três, quatro e
o PSL não é isso.
Agora deu essa confusão, esse estouro da boiada e eu vejo que
isso aí para a imprensa é uma grande coisa, isso aí é matéria, imprensa
trabalha com os fatos.
Agora para a população brasileira ela quer só resultado,
a população brasileira não quer saber se Joãozinho saiu do PSL e foi para o
DEM, se tinha 25 de um lado e 26 de outro, a população brasileira votou para
ter governo e resultados.
Essa confusão é uma coisa que interessa só à parte
política, mas ela também consegue às vezes gerar uma instabilidade com o
empresariado, para quem está observando o mercado econômico, acaba algumas
vezes dando um efeito ruim também.
O foco nosso tem quer ser a população, que
precisa de governo, para essa população isso não interessa nada.
Mas a
liderança do governo no Congresso mudou por causa disso.
Tudo bem,
mas estou dizendo que o pai de família que está desempregado há dois anos,
três, para ele não interessa nada disso, interessa o resultado.
A gente tem que
olhar, o que disso daí afeta àquelas pessoas que estão precisando. Outra coisa
é o contexto político do caso da deputada da Joice que está saindo [da
liderança do governo no Congresso], o outro que continua líder [do PSL,
delegado Waldir], outro que não conseguiu ser líder [Eduardo Bolsonaro], é um
contexto político que pode gerar um pouquinho, uma ondulação no mar de
tranquilidade que o empresário precisa, mas para o cidadão que está em
necessidade mesmo, não.
Falta
disciplina militar no PSL? Os conflitos estão todos expostos e abertos.
Não, você
não pode imaginar que uma disciplina militar é interessante em um partido.
O
partido se orienta basicamente por liderança e filosofia. Quando tem esse
tumulto todo é problema de liderança, filosofia, problema de interesse, de
briga interna por poder.
Todo partido
tem, PT, PSDB, MDB, mas não é exposto igual ao PSL.
Mas eles são
mais estáveis, as convenções partidárias são mais sólidas, mais discretas
porque são partidos mais antigos.
Esse aí, não, foi um estouro da boiada, então
parece que se dividiu quase ao meio. Isso pode tumultuar para as votações que
tem pela frente, formação de uma base bem definida do governo.
Já era
difícil construir uma base no começo do ano antes disso?
É por causa
disso, partido muito novo. O partido do presidente sempre é um partido muito
importante.
Quando ele está bem unido, os outros olham para ele e se juntam ou
não, mas quando o próprio partido do presidente está esfacelado, os outros
também se julgam no direito de não votar, se nem o partido do presidente está
alinhado, eu também tenho a liberdade de não votar. Isso não é bom
politicamente.
Quando foi o
último contato com o presidente Bolsonaro?
No dia que
eu saí.
E com os
seus colegas generais Heleno, Mourão e Villas Bôas?
Visitei
Villas Bôas há umas duas semanas antes dele fazer a traqueostomia.
O pessoal é
tudo gente conhecida, o Mourão, vice-presidente, é tudo gente que a gente se
conhece desde os 18 anos de idade, são 50 anos de amizade, não tem nada a ver
com andamento de governo.
O senhor
conhece os filhos do presidente desde quando eram crianças.
Mas aí eles
eram crianças. Hoje são parlamentares, níveis diferentes, um é senador, outro
deputado federal e outro vereador no Rio. Cada um tem sua vida própria, suas
ideias próprias.
Acha que
Carlos agiu para atrapalhar o senhor?
Nunca gastei
fosfato, nunca gastei tempo de me preocupar esse filho do presidente.
Ele tem
as características dele, a população tem mais condição de fazer essa avaliação,
não sou eu que vou fazer. Nunca me interessei e acho que em termos de Brasil
ele é irrelevante e acho até que atrapalha um pouco o pai.
Qual foi o
momento mais gratificante e o momento em que pensou que poderia sair do
governo?
Gratificante
foi o tempo todo, em primeiro lugar porque você tem um quadro de servidores
muito bom, excelente. Segundo você entra em contato todo dia com políticos,
outras organizações, você aprende muito.
Sempre foi muito gratificante, não
teve o momento mais gratificante, sempre foi até a hora de sair muito bom. As
pessoas com quem eu trabalhava, servidores, tanto os de carreira como os
nomeados, pessoas excelentes, foi muito bom.
A gente trabalhava todo dia até
20h, 21h e no outro dia estava todo mundo de manhã, alegre, bom ambiente, foi
ótimo.
O momento que eu vi que, quando começou essa influência de grupo
ideológico de baixo nível, aí comecei a pensar em não prosseguir.
Você vê que a
qualidade daquele grupo ideológico, tem algumas pessoas ali, elas não discutem
ideologia, filosofia, não discordam da sua maneira de ser, o nível baixa para
ataque pessoal, comportamento de gangue. Isso aí foi a parte que comecei a já
vislumbrar que não era minha área ali.
Como foi o
processo de reestruturação da EBC [Empresa Brasileira de Comunicações]?
Estava sendo
reestruturada e bem reestruturada.
Tive uma reunião com todos os funcionários
da EBC, fui ao Rio de Janeiro, São Paulo, aqui e mais São Luís.
Tem várias
opções, ela é uma empresa estatal, para encerrar as atividades tem que passar
pelo Congresso, ou você faz algumas adaptações nela e utiliza de boa forma para
não ser um uso ideológico como era antes, para não ser um instrumento de
projeto de poder, realmente um órgão informativo para o público brasileiro de
ações de governo e complementando outras áreas que a mídia privada não tem
interesse.
Tem que valorizar funcionários, a gente fez um plano de valorização
dos funcionários onde eu ia ocupar as funções designadas, comissionadas, com o
máximo possível de elementos de carreira da EBC, para valorizar as pessoas,
para que elas também tenham a chance de pegar as funções comissionadas, se não,
as funções comissionadas sempre são de gente que vem de fora. Algumas você
deixa para especialistas que vêm de fora, mas tinha um plano esse ano, acho que
era 80%, 85% de completar com pessoal interno.
Quando você valoriza, tem que
valorizar, não adianta ficar falando mal, você valoriza e diz a direção que
quer. Não é política partidária, não é órgão de divulgação de ideologia, é um
órgão de transmissão dos valores do que o governo tem e o governo está querendo
transmitir para a população e das informações que ele quer transmitir.
A EBC
está aberta até hoje, tem que valorizar e direcionar ela para um tipo de
comunicação que a gente está querendo, a gente está querendo o que? Uma
população esclarecida e não uma população manipulada.
A intenção
não era privatizar?
Até aquele
momento [período como ministro] não era.
Mesmo que o presidente tenha prometido
na campanha, você vê que ele não fez até agora, não é tão simples assim. Tem
2000 pessoas, quando cheguei tinha mais de 3000, a gente reduziu bastante.
O
problema não é bem assim, tem 2000 pessoas que são quase todas concursadas, tem
que dar um destino para esse pessoal, não é da noite para o dia.
Uma coisa é o
discurso de campanha, outra coisa na prática é transformar isso em realidade.
Uma das opções era diminuir o efetivo, valorizar os quadros e redirecionar,
tirar aquela ideologia, aquele ranço ideológico do meio da comunicação.
Não sei
como está agora, esse era meu objetivo e acho que estava dando certo.
*Do
Congresso em Foco
Vamos ganhar uma renda extra pessoal?
A cabei de me juntar á bunited.
E achei que é interessante pra você também.
A bunited tem o poder de tornar nosso mundo
sustentável. Não é só conversa, mas mudanças substanciais e reais.
E o melhor é que bunited paga para todos que trazem
novos membros com sucesso. Muito inovador, não?
Clica ai pra você ver, eu amei isso!
Este é o meu ID de Membro bUnited: BDXD-6740.
É grátis, sem problemas e por uma boa causa.
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