Vitória da
Mangueira, com homenagem a Marielle, sacramenta derrota de Bolsonaro no
Carnaval
5 mins ago Política
06/03/2019
Enquanto nas
ruas os protestos contra Bolsonaro dominaram os blocos, na Sapucaí a Estação
Primeira de Mangueira lavou a alma dos brasileiros ao desconstruir os heróis e
as ideias defendidas pelo presidente e contar a verdadeira história do país
A Estação
Primeira de Mangueira conquistou, nesta quarta-feira (6), seu 20º título do Grupo
Especial do Carnaval do Rio de Janeiro.
A vitória da
escola de samba sacramentou a derrota do presidente Jair Bolsonaro neste
Carnaval.
Enquanto nas ruas os protestos contra o presidente dominaram os
blocos, transformando a festividade em um verdadeiro ato nacional de
resistência ao governo autoritário,
a Mangueira, na Sapucaí, lavou a alma dos
brasileiros ao desconstruir os heróis e as ideias defendidas pelo presidente e
contar a verdadeira história do país.
A
agremiação, com o enredo “História pra ninar gente grande”, fez um desfile
histórico em que homenageou heróis esquecidos como lideranças negras, indígenas
e mulheres – segmentos que Bolsonaro historicamente procura marginalizar.
Entre os
“heróis esquecidos” homenageados pela escola, estão, por exemplo, o lendário
Sepé Tiaraju, guerreiro indígena que lutou contra a dominação portuguesa e
espanhola no Brasil, e mulheres negras do Quilombo dos Palmares, como Acotirene
e Dandara.
A homenagem
a Marielle Franco, citada no enredo, foi um dos destaques do desfile.
O rosto
da vereadora e ativista dos direitos humanos foi estampado em bandeiras e
faixas na última ala, que contou com a presença, na avenida, do deputado
federal Marcelo Freixo e do vereador Tarcísio Motta, ambos do PSOL, partido de
Marielle, além da viúva da vereadora, a arquiteta Mônica Benício.
Outro
destaque do desfile da verde e rosa foi o carro que representou os assassinatos
e perseguições da ditadura militar, em uma verdadeira provocação
ao capitão da
reserva que, além de um entusiasta do período, tem entre seus ídolos militares
torturadores.
Representando
a memória dos mortos e desaparecidos da ditadura, estava a jornalista Hildegard
Angel, filha de Zuzu Angel e irmã de Stuart Angel, ambos assassinados pelo
aparelho repressor dos anos de chumbo.
Ela estava em cima de um livro gigante e
a frente de um em que se lia “ditadura assassina”.
Em tempos de
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, a Mangueira ainda ousou ao
apresentar uma bandeira do Brasil
com as cores da escola onde, no lugar de
“Ordem e Progresso”, se lia “Índios, Negros e Pobres”.
“Na luta é
que a gente se encontra”, dizia o enredo da escola de samba.
De fato, o Brasil
se encontrou na luta deste carnaval.
Assista,
abaixo, a íntegra do desfile da campeã do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro.
MANGUEIRA 2019 - DESFILE COMPLETO #CAMPEÂ
Enredo e Samba Publicado em 5 de mar de 2019
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