SUED E PROSPERIDADE
12/04/2021
Gilmar
Mendes: Moro Saiu Do Anonimato E Voltou Ao Nada
Celeste Silveira 11 de abril de 2021
Segundo Gilmar Mendes, a Lava Jato
interditou o debate e influenciou na eleição de 2018
Questionado sobre sua recente declaração de que a Lava Jato é “pai e mãe do bolsonarismo”, Gilmar Mendes afirmou que a força-tarefa interditou o debate político em 2018, quando o ex-presidente Lula foi feito preso político em Curitiba. Tal “interdição”, segundo o magistrado, fez o último pleito presidencial “muito peculiar” e certamente influenciou na chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
“A eleição de 2018 foi toda ela muito peculiar. Todo o sistema político de alguma forma estava comprometido. Quem vê hoje as informações, tanto dessa Vaza Jato como da Spoofing, vê que houve uma interdição do debate político. Eles se tornaram uma força política, queriam definir quem seria candidato.
Neste
sentido, obviamente, influenciaram de maneira inequívoca na eleição. A cereja
do bolo é a adesão do Moro ao governo Bolsonaro, mas antes disto ele tinha tido
participação eleitoral. Vazou, por exemplo, a tal delação do Palocci. Foi uma
eleição extremamente polarizada, com o resultado que nós conhecemos, e temos
que continuar”.
O ministro, assim como afirmou
durante o julgamento na Segunda Turma do STF que declarou Moro suspeito nos
casos contra Lula, disse que a Lava Jato jamais teria avançado tanto como
avançou sem o apoio da imprensa. Ele ainda revelou que a Procuradoria-Geral da
República, sob o comando do ex-PGR Rodrigo Janot, tinha 12 jornalistas
contratados para vazar informações a veículos da mídia.
“Tudo isso não teria sido feito sem o consórcio da mídia. Aprendi com a antiga procuradora-geral da República, a doutora Raquel Dodge, que a procuradoria tinha 12 jornalistas empregados na gestão Janot para vazar informações. Portanto, tudo isso foi construído nesta perspectiva. Foi uma forma de corrupção da imprensa neste contexto.
Jornalistas
funcionando um pouco como auxiliares, ghost writers em notas, quer dizer, uma
distorção completa dessa nossa jovem democracia. Mas sem a mídia, certamente
isto não teria ocorrido, ou não teria ocorrido desta forma e com esta volúpia,
com essa voracidade”.
“É evidente que a mídia andou muito mal, e os senhores sabem que eu faço essa crítica sempre com muita responsabilidade porque eu sou defensor da imprensa livre, eu quero a imprensa livre e plural para traduzir a sociedade que nós temos.
Mas eu acho que essa
autocrítica teremos que fazer, acho que todos nós temos que fazer, as forças
políticas têm que fazer autocrítica. Acho que todos nós, de alguma forma, que
temos responsabilidade temos que fazê-lo. Nós quase que chegamos a um sistema
de perfil autoritário, totalitário, manejado a partir de uma procuratura”.
Sobre o hacker Walter Delgatti
Neto, responsável por trazer à tona os diálogos trocados entre procuradores da
Lava Jato que escancararam de uma vez por todas as ilegalidades cometidas pela
força-tarefa, o ministro declarou que o ilícito cometido por ele precisa ser
examinado “com muito cuidado”.
“É um caso que nós vamos ter que
examinar sempre com muito cuidado. Em casos menores, nós temos reconhecido que
a partir de uma prova supostamente ilícita, se valide a prova para fins de
defesa de direitos, não para condenar alguém, mas para fazer a defesa de
alguém”.
Pandemia de Covid-19
Acerca de possíveis
responsabilizações judiciais sobre a condução da pandemia, o ministro afirmou
que não é o momento de se pensar neste tipo de ação. Entretanto, reconheceu que
erros foram cometidos e que, por esta razão, o Brasil tem números mais que
alarmantes de óbitos em razão da Covid-19.
“Quando nós chegamos a este número
absurdo de quatro mil mortos, e alguns falam que no platô vai chegar a cinco
mil mortos, nós estamos com o maior número de mortos do mundo, embora não
tenhamos a maior população do mundo. Então isto é altamente preocupante e
mostra que, de alguma forma, nós cometemos não um, mas inúmeros erros para produzirmos
isto”.
Para ele, chegará o momento de julgar
a responsabilidade das autoridades perante a condução da pandemia. “A situação
é tão grave, quatro mil mortos, estamos avizinhando cinco mil mortos/dia. Nós
temos 3% da população mundial e estamos com este percentual altíssimo de
mortos. Isso é extremamente preocupante. Chamemos do que quisermos, mas de fato
isto é altamente constrangedor, para governos, para oposição, para a sociedade,
para todos nós.
Sem dúvida nenhuma isto fala mal de nós cidadãos, de nós como país. As manchetes de todos os jornais do mundo. Não minimizemos: é uma crise difícil de ser lidada. Eu vejo os alemães com dificuldades, eu vejo os portugueses com dificuldades, divide a sociedade. A ideia da paralisação, do lockdown, é muito difícil de ser recebida porque as pessoas de fato são afetadas, e são afetadas assimetricamente.
Uma coisa é
funcionário público e outra coisa é aquele que de fato tem que trabalhar, ganhar
o seu dia, trabalhar para trazer o pão para casa. Quantas pessoas hoje estão
vivendo situações extremamente graves, humilhantes e tudo mais. Agora, de fato,
aquilo que tiver responsabilidade penal terá que ser, em momento oportuno,
discutido. Recentemente o procurador Aras abriu investigação em relação ao
antigo ministro da Saúde por conta daqueles episódios em Manaus, da falta de
oxigênio. Pessoas morreram por falta deste tipo de previsão. Certamente há
muitas questões que precisam ser discutidas, e certamente no futuro vamos ter
que discutir toda essa temática”.
*Com informações do 247
CONTINUA
OMS:
Pandemia Sofre “Aumento Exponencial” E Não Será Freada Só Com Vacinas
Celeste Silveira 12 de abril de 2021
Os números de novos casos de covid-19 sofrem um “aumento exponencial”, a pandemia vive um momento “crítico” e está “longe de terminar”.
O alerta é da OMS (Organização Mundial da Saúde), que
aponta ainda que governos e populações não podem apostar apenas nas vacinas.
Para a entidade, a crise precisa ser freada com medidas de saúde pública, como
distanciamento social e isolamento. Se isso for adotado, a pandemia pode ser
controlada em “questão de meses”.
A OMS também anunciou um plano para
aumentar a produção de vacinas no mundo, mas com um impacto que será sentido
apenas no final do ano ou em 2022.
De acordo com a entidade, o mundo
registrou a sétima semana consecutiva de aumento nos números de pessoas
contaminadas, com 4,4 milhões de casos em apenas sete dias. A taxa é 9%
superior aos dados da semana anterior, além de um aumento de 5% no número de
mortos. Há um ano, eram 500 mil novos casos por semana.
“Entre janeiro e fevereiro, vimos
seis semanas de queda na pandemia. Agora, são já sete semanas de aumento de
casos e quatro semanas de aumento de mortes”, alertou Tedros Ghebreyesus,
diretor-geral da OMS, que lembrou que a semana passada foi a quarta maior em termos
de números totais.
Além do Brasil, os casos voltaram a
subir na Índia, Ásia e Oriente Médio. “Isso tudo mesmo com 780 milhões de
vacinas sendo distribuídas”, afirmou.
Para ele, vacinas são vitais e
poderosas”. “Mas não são e não devem ser os únicos instrumentos”, alertou.
Tedros voltou a implorar para que governos adotem medidas de distanciamento
social, máscara, promovam lavar as mãos, além de testes e isolamento. “São
medidas que funcionam”, insistiu.
De acordo com Tedros, “confusão,
complacência e inconsistência” por parte de governos estão levando a aumento de
casos e “custando vida”. “Precisamos de consistência”, disse.
“Países já mostraram que podem parar
o vírus com medidas de saúde pública”, disse. “Eles controlaram o vírus e podem
ir a eventos, esportes e ver a família”, afirmou.
Tedros garantiu que a OMS não quer um
cenário de “lockdowns sem fim”. “Queremos ver a reabertura da sociedade. Mas,
neste momento, UTIs estão lotadas e pessoas estão morrendo”, disse.
Alertando que tudo isso poderia ser
evitável, Tedros ainda criticou o fato de que, em países com forte transmissão,
pode-se ver mercados abertos, restaurantes e nightclubs funcionando.
“Alguns pensam que, por serem jovens,
não importa se estão doentes”, disse. “Isso não é uma gripe. Jovens com saúde
morreram e não sabemos as consequências de longo prazo”, alertou o diretor. “A
pandemia está longe de terminar”, insistiu.
Medidas controlariam vírus em
“questão de meses” Apesar do alerta, o diretor indicou que governos que agiram
de forma correta conseguiram colocar um fim ao momento mais grave da crise.
“Nos dois primeiros meses do ano, vimos uma queda e isso mostrou que o vírus
pode ser parado. E ele pode ser freado em questão de meses. Mas depende de
governos e pessoas. A escolha é nossa”, completou Tedros.
“Estamos num momento crítico. São 4,4
milhões de casos em uma semana e os números crescem de forma exponencial”,
disse Maria van Kerkhove, diretora técnica da OMS. “Não é a situação em que
gostaríamos de estar. Todos vão precisar reavaliar suas atitudes e o que
estamos fazendo. As vacinas ainda não chegaram”, alertou.
Segundo ela, governos precisam
reavaliar suas políticas de testes, se contam com locais adequados de trabalho,
se existem medidas de controle de importação de casos e outras ações. “Temos de
ser sérios”, insistiu.
*Jamil Chade/Uol
Fonte: https://antropofagista.com.br/
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