PF encontra ‘oração ao golpe’ enviada a aliados de Bolsonaro para pedir apoio de generais
História de Wesley
Bião
No texto, o religioso
pede “que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, os incluam em suas
orações, os nomes do Ministro da Defesa e de outros dezesseis Generais 4
estrelas ‘pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes
ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não
apenas como funcionários público de farda’”. O religioso pede ainda que Frei
Gilson repasse a mensagem apenas para “pessoas de estrita confiança”.
Para a PF, a mensagem
“demonstra que José Eduardo, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições
presidenciais, já disseminava a ideia de um golpe de Estado apoiado pelas
Forças Armadas, para manter o então presidente no poder e impedir a posse do
governo eleito”.
São citados na mensagem os seguintes generais de Exército e seus postos à época dos fatos:
1.
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira,
ministro da Defesa
2.
Marco Antônio Freire Gomes,
comandante do Exército
3.
Valério Stumpf Trindade, chefe do
Estado-Maior do Exército
4.
Estevam Cals Theophilo Gaspar de
Oliveira, chefe do Comando de Operações Terrestres
5.
João Chalella Júnior, chefe do
Departamento-Geral de Pessoal
6.
Flávio Marcus Lancia Gomes, chefe do
Departamento de Cultura e Educação
7.
Guido Amin Naves, chefe do
Departamento de Ciência e Tecnologia
8.
Laerte de Souza Santos, comandante
Logístico
9.
Júlio César de Arruda, chefe do
Departamento de Engenharia e Construção
10.
Sérgio da Costa Negraes, secretário
de Economia e Finanças
11.
Achilles Furlan Neto, comandante
militar da Amazônia
12.
Ricardo Augusto Ferreira Costa
Neves, comandante militar do Norte
13.
Richard Fernandez Nunes, comandante
militar do Nordeste
14.
Anísio David de Oliveira Júnior,
comandante militar do Oeste
15.
André Luís Novaes Miranda,
comandante militar do Leste
16.
Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva,
comandante militar do Sudeste
17.
Fernando José Sant’Ana Soares e
Silva, comandante militar do Sul
As investigações da PF também já tinham identificado que o
pároco participou de uma reunião em 19 de novembro de 2022 no Palácio do
Planalto, quando foi discutida uma minuta golpista para impedir a posse do
então presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Oliveira seria
integrante do núcleo jurídico do esquema e atuaria no “assessoramento e
elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que
atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.
Na
operação, o padre foi informado que teria que cumprir medidas cautelares para
não ser preso. Ele disse que entregou seu celular à PF sem as senhas pois,
segundo ele, seu “sigilo sacerdotal não pode ser violado” já que o
equipamento armazena os “dramas mais profundos de fiéis”.
No
dia do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais, 2 de outubro, o
pároco postou uma foto de um altar com a bandeira do Brasil em cima de uma
santa. Na legenda, escreveu: “Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós,
porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos.” Atualmente, o religioso tem
mais de 430 mil seguidores.
Quando da Operação Tempus Veritatis, em fevereiro, o sacerdote
afirmou, em nota, que, em relação ao inquérito da PF, sua posição sobre o
assunto é “clara” e “inequívoca”, e diz estar à disposição da Justiça.
“A
República é laica e regida pelos preceitos constitucionais, que devem ser
respeitados. Romper com a ordem estabelecida seria profundamente contrário aos
meus princípios. Abaixo de Deus, em nosso País, está a Constituição Federal.
Portanto, não cooperei nem endossei com qualquer ato disruptivo da
Constituição. Como professor de teologia moral, sempre ensinei que a lei
positiva deve ser obedecida pelos fiéis, dentre as quais humildemente me
incluo”, escreveu em nota.
Também
em nota, a Diocese de Osasco afirmou que recebeu a notícia sobre as
investigações e buscas da PF à casa do padre por meio das mídias sociais. “A
Diocese se colocará sempre ao lado da Justiça, colaborando com as autoridades
na elucidação do caso”.
Veja a nota divulgada pela defesa do padre após o indiciamento:
“Menos
de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal, o padre José Eduardo de
Oliveira e Silva viu seu nome estampado pela mesma PF como um dos indiciados no
inquérito da Pet 12.100. Os investigadores que apresentaram o relatório não se
furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e
direções espirituais que possuem garantia de sigilo e foram realizadas pelo
padre.
Consta
que o Ministro Alexandre de Moraes decretou sigilo no referido processo, o que
significa que não cabia à Polícia Federal, sem autorização nos autos, do mesmo
juiz, fazer declarações ou emitir notas com nomes de indiciados. Houve um
descumprimento de ordem judicial.
O
referido descumprimento da ordem judicial é um dos vários abusos cometidos ao
longo da investigação.
O
padre José Eduardo reitera que jamais participou e nem tem condições
técnico-jurídicas de participar de qualquer reunião que visasse o rompimento da
Ordem Institucional e do Estado de Direito. Como religioso, vai a Brasília
desde o ano de 2013 e sempre atendeu todos aqueles que o procuraram para
atendimentos de cunho religioso. Foi exclusivamente neste contexto que se deram
as visitas dele a Brasília ao final do ano de 2021 em todas as demais vezes que
se dirigiu à Capital do país.”
Estadão
Fonte: https://www.msn.com/pt-
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