quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Quem foram os militares que disseram não ao golpe? Veja

 

Quem foram os militares que disseram não ao golpe? Veja

História de Rayanderson Guerra

Imagem de arquivo

RIO – Apesar do apoio de militares de alta patente e das Forças Especiais, os “kids pretos”, ao plano de golpe de Estado comandado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a trama golpista não foi adiante, entre outros motivos, pela não aderência de dois dos três comandantes das Forças Armadas à empreitada da organização criminosa. De acordo com o relatório apresentado pela Polícia Federal, os então comandantes do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, sofreram tentativas de cooptação, mas se posicionaram contra as medidas propostas pela organização criminosa para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência.

Segundo a PF, Freire Gomes, Baptista Junior e o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, foram convocados para uma reunião no Palácio do Alvorada após integrantes do núcleo jurídico do grupo, entre eles o ex-delegado da Polícia Federal e ex-ministro da Justiça no governo de Bolsonaro Anderson Torres e o ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Martins, finalizarem a minuta do decreto que concretizaria o golpe de Estado. Freire Gomes e Baptista Junior teriam sido contrários, enquanto Garnier teria se colocado à disposição da empreitada criminosa.

Almir Garnier Santos, Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Junior, ex-comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, respectivamente Foto: MD, Marcos Corrêa/PR e FAB

“O objetivo naquele momento era obter o apoio dos comandantes, para que as Forças Armadas garantissem a consumação da empreitada criminosa. Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito. Já o comandante da Marinha, almirante Garnier, colocou-se à disposição para cumprimento das ordens”, diz a PF.

Em depoimento prestado no dia 2 de março deste ano aos investigadores, Freire Gomes afirmou que participou de reuniões no Alvorada após o segundo turno das eleições presidenciais, em que o então presidente da República Jair Bolsonaro “apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, estado de defesa e estado de sítio em relação ao processo eleitoral”.

“Freire Gomes ressaltou que deixou claro ao então presidente da República que o Exército não participaria na implementação desses institutos jurídicos visando reverter o processo eleitoral”, diz a PF.

O comandante do Exército afirmou que foi convocado por Bolsonaro por meio do ministro da Defesa, Paulo Sérgio. Freire Gomes confirmou que foi apresentado um decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem e que Bolsonaro teria dito que o documento estava “em estudo”.

Já o brigadeiro Baptista Junior, em seu termo de depoimento, disse que Bolsonaro estava resignado com o resultado das eleições e que “aparentou ter esperança em reverter o resultado” do pleito. O militar afirmou que alertou o então presidente que o referido estudo não tinha embasamento técnico.

“O então comandante da Aeronáutica relatou que nas reuniões tentava demover o presidente Jair Bolsonaro da ideia de utilizar os referidos institutos jurídicos. Em uma das reuniões, Baptista Junior relatou que deixou claro a Jair Bolsonaro que tais institutos não serviriam para manter o então presidente da República no poder após 1º de janeiro de 2023, deixando o assustado com sua posição”, relata a PF.

O almirante Garnier Santos, ex-comandante da Marinha sob Bolsonaro Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Os investigados tentaram “de todas as formas” pressionar e convencer os comandantes do Exército e da Aeronáutica a aderirem ao golpe de Estado em execução. Segundo a PF, o então ministro da Defesa realizou uma reunião, no dia 14 de dezembro, no Ministério com os três comandantes das Forças Armadas para, novamente, apresentar a minuta de decreto.

“Freire Gomes e Baptista Junior rechaçaram qualquer adesão de suas respectivas forças ao intento golpista, reiterando que não concordariam com qualquer ato que impedisse a posso do governo eleito. Já o almirante Almir Garnier ratificou sua adesão aos atos criminosos”, diz o relatório.

Além das reuniões presenciais, os investigados continuavam a investir nos ataques pessoais contra os comandantes do Exército e da Aeronáutica, utilizando as “ferramentas” da “milícia digital, disseminando em alto volume, por multicanais, de forma contínua e repetitiva informações falsas, passando a imagem ao meio militar e aos adeptos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os comandantes seriam “traidores da pátria” e alinhados ao “comunismo”, de acordo com os investigados.

Demóstenes Torres, que defende o almirante Almir Garnier, reiterou a inocência do investigado e disse não ter acessado a íntegra dos autos até o momento.

Estadão

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