Quem foram os militares que
disseram não ao golpe? Veja
Segundo a PF, Freire Gomes, Baptista Junior e o então comandante
da Marinha, almirante Almir Garnier, foram convocados para uma
reunião no Palácio do Alvorada após integrantes do núcleo jurídico do grupo,
entre eles o ex-delegado da Polícia Federal e ex-ministro da Justiça no governo
de Bolsonaro Anderson Torres e o ex-assessor da
Presidência para Assuntos Internacionais Filipe Martins, finalizarem a minuta do
decreto que concretizaria o golpe de Estado. Freire Gomes e Baptista Junior
teriam sido contrários, enquanto Garnier teria se colocado à disposição da empreitada
criminosa.
“O
objetivo naquele momento era obter o apoio dos comandantes, para que as Forças
Armadas garantissem a consumação da empreitada criminosa. Os comandantes do
Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderir a qualquer plano
que impedisse a posse do governo legitimamente eleito. Já o comandante da
Marinha, almirante Garnier, colocou-se à disposição
para cumprimento das ordens”, diz a PF.
Em depoimento prestado no dia 2 de março deste ano
aos investigadores, Freire Gomes afirmou que participou de reuniões
no Alvorada após o segundo turno das eleições presidenciais, em que o então
presidente da República Jair Bolsonaro “apresentou hipóteses de utilização de
institutos jurídicos como GLO, estado de defesa e estado de sítio em relação ao
processo eleitoral”.
“Freire
Gomes ressaltou que deixou claro ao então presidente da República que o
Exército não participaria na implementação desses institutos jurídicos visando
reverter o processo eleitoral”, diz a PF.
O comandante do Exército afirmou que foi convocado por Bolsonaro
por meio do ministro da Defesa, Paulo Sérgio. Freire Gomes confirmou que foi
apresentado um decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem e que Bolsonaro
teria dito que o documento estava “em estudo”.
Já o brigadeiro
Baptista Junior, em seu termo de depoimento, disse que Bolsonaro estava
resignado com o resultado das eleições e que “aparentou ter esperança em
reverter o resultado” do pleito. O militar afirmou que alertou o então
presidente que o referido estudo não tinha embasamento técnico.
“O então comandante da
Aeronáutica relatou que nas reuniões tentava demover o presidente Jair Bolsonaro
da ideia de utilizar os referidos institutos jurídicos. Em uma das reuniões,
Baptista Junior relatou que deixou claro a Jair Bolsonaro que tais institutos
não serviriam para manter o então presidente da República no poder após 1º de
janeiro de 2023, deixando o assustado com sua posição”, relata a PF.
Os investigados
tentaram “de todas as formas” pressionar e convencer os comandantes do Exército
e da Aeronáutica a aderirem ao golpe de Estado em execução. Segundo a PF, o
então ministro da Defesa realizou uma reunião, no dia 14 de dezembro, no
Ministério com os três comandantes das Forças Armadas para, novamente,
apresentar a minuta de decreto.
“Freire Gomes e
Baptista Junior rechaçaram qualquer adesão de suas respectivas forças ao
intento golpista, reiterando que não concordariam com qualquer ato que
impedisse a posso do governo eleito. Já o almirante Almir Garnier ratificou sua
adesão aos atos criminosos”, diz o relatório.
Além das reuniões
presenciais, os investigados continuavam a investir nos ataques pessoais contra
os comandantes do Exército e da Aeronáutica, utilizando as “ferramentas” da
“milícia digital, disseminando em alto volume, por multicanais, de forma
contínua e repetitiva informações falsas, passando a imagem ao meio militar e
aos adeptos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os comandantes seriam “traidores
da pátria” e alinhados ao “comunismo”, de acordo com os investigados.
Demóstenes Torres, que
defende o almirante Almir Garnier, reiterou a inocência do investigado e disse
não ter acessado a íntegra dos autos até o momento.
Estadão
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