Não Existe
Fundamentalismo Religioso No Brasil, O Que Existe É Fundamentalismo Da Ganância
E Do Charlatanismo Religiosos
Celeste Silveira 26 de dezembro de
2019
Por que os
tais fundamentalistas evangélicos do Congresso, que têm uma bancada poderosa,
não criam um projeto que proíba a publicidade da bebida alcoólica presente no
cotidiano dos brasileiros e que traz resultados nefastos ao conjunto da
sociedade?
Simplesmente porque a bebida alcoólica consagrou, por exemplo, um
milionário como Jorge Paulo Lemann como o brasileiro mais rico do país.
Então, quem
manda nesse processo não é o fundamentalismo religioso e nem o julgamento de
valor da vida dos fieis, a grande virtude dessa gente está na expansão dos
lucros que as igrejas neopentecostais impõem como uma dinâmica de mercado
religioso.
Por isso o
atual governo brasileiro adotou o mesmo discurso da bancada evangélica
aceitando participar dos ganhos dessa gente, estruturando o preconceito para
carregar de tinta o discurso da purificação privatizada.
Não são
poucos os desempregados que buscam respaldo na ideia de que um sacrifício a
mais facilitaria sua vida, ou seja, fortalecer o mercado da fé com doações
inconsequentes abriria as portas dos templos e o caminho direto do homem com
Deus, sem casar um qualquer, o tratamento de Deus para as suas aflições seria
negado através das lideranças religiosas.
Isso, numa
democracia de mercado, é perfeitamente cabível, principalmente num quadro de
degradação institucional em que o país vive.
É bom não esquecer que o grande
bum dos templos evangélicos se deu no governo FHC, que quebrou o Brasil três
vezes em oito anos, gerando uma nação de desempregados, o que reflete hoje numa
bancada extremamente poderosa no Congresso.
Os interesses dos líderes
neopentecostais neste momento são dois , não deixar que a juventude, através da
educação, afaste-se das igrejas evangélicas, como ocorreu nas décadas de 1960 e
1970, com a igreja católica, subordinando a política a um projeto de
cerceamento do pensamento para que a natural dispersão não ocorra e a expansão
de seus negócios nas camadas mais pobres da população.
Esse é um
dos grandes problemas que precisam ser acrescentados a esse debate.
Quanto mais
a juventude avança na educação, mais distância mantém das religiões.
Logicamente
que, como nas periferias e favelas a educação ainda é muito precária, somada à
dificuldade de sobrevivência de negros e pobres nesse mesmo ambiente, que já é
por si só segregacionista, os espertões, picaretas, vigaristas da fé encontram
suas presas mais facilmente.
É só observar que os evangélicos caminharam muito pouco ou quase nada nas classes média e alta.
É só observar que os evangélicos caminharam muito pouco ou quase nada nas classes média e alta.
Então,
qualquer pensamento que leve a uma educação universalizada, o elemento
religioso, do ponto de vista comercial, vai tentar interferir para respaldar a
busca por um campo que está sendo perdido pelos templos do dinheiro.
Desconsiderar
esse fato, é um erro, sobretudo num país com uma desigualdade tão gritante e
com figuras como Edir Macedo, Malafaia, RR Soares, entre outros, que acabam sendo
hoje muito mais líderes políticos do que religiosos no atual processo da
política nacional.
Por isso, se
o assunto não for examinado com a devida precisão, a violência do dinheiro,
somado à violência da informação que por si só já dificulta a condução de um
esclarecimento maior da sociedade, tornarão, junto com os picaretas da fé, um
obstáculo não só para a floração do pensamento, mas também uma contribuição
para a manutenção do cativeiro religioso que os fundamentalistas da ganância
religiosa impõem ao país.
Não é à toa
que as religiões de matrizes africanas têm cada vez mais sido alvo dos
picaretas evangélicos localizados, na imensa maioria dos casos, em lugares mais
pobres, elas acabam sendo uma barreira de contenção da expansão política e
financeira desses vigaristas da fé, já que perdem a cada dia fieis jovens e não
conseguem avançar sobre as classes economicamente dominantes.
*Carlos
Henrique Machado Freitas
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