Boicote aos CIEPs foi um dos maiores crimes já cometidos
contra o povo brasileiro
Posted on julho 19, 2016 by Tribuna da Internet
Darcy, Brizola e Niemeyer tentaram legar uma grande obra
Carlos Frederico Alverga
O fato de a solução do CIEP interessar à Inglaterra vem a
destruir todas as mentiras deslavadas propaladas pelas elites, pela então
deputada Sandra Cavalcanti, defensora da escola de três turnos do governo
Carlos Lacerda, pela Organização Globo, por Roberto Marinho que bombardeou o
máximo que pôde o projeto especial de educação criado por Leonel Brizola, Darcy
Ribeiro e Oscar Niemeyer. Os argumentos falaciosos eram que as escolas eram
muito caras, situadas nas beiras das estradas e outras besteiras desse jaez.
Brizola foi realmente o único governante brasileiro que
priorizou a educação. Construiu 6.300 escolas durante seu mandato como
governador no Rio Grande do Sul entre 1959 e 1963, e mais os 500 CIEPs no
Estado do Rio de Janeiro, com capacidade para 1.000 alunos cada.
A concepção de Anísio Teixeira foi aperfeiçoada por Darcy
Ribeiro, que até transformou os camarotes do sambódromo na maior escola pública
do mundo.
TEMPO INTEGRAL – No Brasil, as escolas tinham que ser
em tempo integral porque as nossas crianças pobres não tinham o que comer em
casa nos anos 80, entravam no CIEP às 8 da manhã, tomavam o café e tinham
aulas, inclusive de educação física, até o meio-dia, quando almoçavam. À tarde,
faziam os deveres de casa no estudo dirigido, auxiliadas pelos professores,
pois em casa muitas vezes não tinham nem mesa onde pudessem escrever, muito
menos orientação pedagógica. Por fim, no final da tarde, lanchavam, tomavam
banho e iam para casa.
Lembro que na época, meados dos anos 80, primeiro mandato de
Brizola no RJ, havia uma lavadeira que trabalhava para minha mãe, que sempre
comentava que saia tranquila, pois sabia que o neto estava no CIEP e não na
rua, onde podia ser cooptado pelo crime.
BOICOTE CRIMINOSO – Cada CIEP comportava 1.000 alunos
em tempo integral. Já pensaram se houvesse havido continuidade administrativa
em relação a esse projeto? Teriam sido 500 mil crianças beneficiadas por ano
nos últimos 30 anos (1986 – 2016). A situação dessas crianças, pelo menos no
RJ, seria bem melhor do que hoje.
Além disso, dada a carência socioeconômica de nossas
crianças pobres, era necessário ter uma visão integrada em relação à educação
no sentido de que, além da instrução pública, a escola pública teria que
fornecer alimentação, assistência médica, odontológica e até moradia, como era
o caso dos meninos pobres órfãos que moravam com a família de policial militar
ou bombeiro no último pavimento do CIEP, onde havia um apartamento e um
dormitório.
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