Mofando na cadeia por Moro, Odebrecht tenta ‘incriminar’
Lula, diz que ex-presidente é amigo de ‘planilha’, mas não apresenta provas
10 de abril de 201
O empresário Marcelo Odebrecht confirmou ao juiz Sérgio
Moro, da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Lula é o ‘amigo’ da planilha
de propinas milionárias da empreiteira. Em depoimento nesta segunda-feira, 10,
Odebrecht disse ainda que ‘Italiano’ – alcunha também lançada na planilha – é uma
referência ao ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda/Casa Civil/governos Lula e
Dilma) e ‘Pós Itália’ referência a Guido Mantega, que também ocupou a pasta da
Fazenda.
As informações foram divulgadas pelo site O Antagonista e
confirmadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Odebrecht foi interrogado durante cerca de duas horas meia.
Ele praticamente reiterou o que já disse à Procuradoria-Geral da República e ao
Tribunal Superior Eleitoral.
Como delator da Lava Jato, Odebrecht se obrigou a responder
a todas as perguntas, diferentemente da primeira vez em que foi ouvido por
Moro, ainda em 2016 – na ocasião, limitou-se a entregar esclarecimentos por
escrito, não respondeu nenhuma indagação do magistrado e acabou condenado a 19
anos e quatro meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema de
propinas e cartel na Petrobras.
Nesta ação que o levou a novo encontro frente a frente com
Moro, Odebrecht é réu ao lado de outros 14 acusados, entre eles Palocci, que,
segundo o Ministério Público Federal, teria recebido propinas de R$ 128 milhões
da empreiteira.
Relatório da Polícia Federal entregue ao Ministério Público
Federal e ao juiz Moro já havia cravado que o ‘amigo’ da planilha de corrupção
era uma alusão a Lula. A defesa do petista nega taxativamente envolvimento em
qualquer tipo de ilegalidade.
Ainda segundo o site O Antagonista, o empresário confirmou a
Moro que tentou avisar o governo Dilma do risco de que a Lava Jato pudesse
chegar à conta secreta do marqueteiro João Santana – das campanhas presidenciais
de Lula (2006) e Dilma (2010/2014).
Odebrecht teria ido até o México alertar pessoalmente a
então presidente, mas ela não teria demonstrado preocupação.
Odebrecht descreveu a Moro a planilha elaborada pelo Setor
de Operações Estruturadas da empreiteira, o Departamento de Propinas.
O empresário falou sobre R$ 4 milhões que teriam sido
repassados ao Instituto Lula e na soma de R$ 12,4 milhões supostamente
investidos na compra do prédio do Instituto.
Também abordou a cifra de R$ 50 milhões em propinas para
Mantega que teriam sido usados na campanha de Dilma e, ainda, os R$ 13 milhões
em espécie sacados pelo ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, ou Programa
B, entre 2012 e 2013.
Odebrecht disse no interrogatório que Palocci era ‘o
principal interlocutor da empresa com o governo Lula’. Ele definiu o
ex-ministro como ‘o intermediário’. Esclareceu todos os pagamentos lançados na
planilha das propinas a Palocci, Lula e o PT.
Ainda segundo revelou O Antagonista, Odebrecht confirmou uma
doação de R$ 4 milhões ao Instituto Lula em 2014. A propina teria saído da
conta corrente que supostamente o petista tinha com a empreiteira e foi
registrada na ‘Planilha Italiano’, subplanilha ‘amigo’.
No interrogatório, Odebrecht contou que, por meio de uma
empresa laranja, a empreiteira comprou o terreno que serviria para abrigar a
sede do Instituto Lula.
Defesa
A assessoria de imprensa do Instituto Lula afirma que:
“O Instituto Lula funciona em uma casa adquirida em 1991
pelo antigo IPET, que depois seria Instituto Cidadania e depois Instituto Lula.
O Instituto jamais teve outra sede ou terreno.
O ex-presidente Lula teve seus sigilos fiscais e telefônicos
quebrados, sua residência e de seus familiares sofreram busca e apreensão há
mais de um ano, mais de 100 testemunhas foram ouvidas em processos e não foi
encontrado nenhum recurso indevido para o ex-presidente.
Lula jamais solicitou
qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa para
qualquer fim e isso será provado na Justiça. Lula não tem nenhuma relação com
qualquer planilha na qual outros possam se referir a ele como ‘amigo’, que nem
essa planilha nem esse apelido são de sua autoria ou do seu conhecimento, por
isso não lhe cabe comentar depoimento sob sigilo de justiça vazado
seletivamente e de forma ilegal.
Todas as doações para o Instituto Lula, incluindo as da
Odebrecht estão devidamente registradas, com os nomes das empresas doadoras e
com notas fiscais emitidas, foram entregues para a Receita Federal em dezembro
de 2015 e hoje são de conhecimento público.”
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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