Secretaria afasta delegado que fez busca na casa de filho de
Lula
Pasta da gestão Alckmin diz que afastamento ocorre 'para
preservação das investigações'; na noite desta terça, denúncia anônima levou
polícia ao endereço
Por Guilherme Venaglia e Mateus Feitosa
Access_time12 out 2017, 16h26 - Publicado em 11 out 2017,
18h01
Lula e seu filho Marcos Cláudio Lula da Silva, na
inauguração do comitê de Marcos, candidato a vereador pelo PT em São Bernardo
(Fabio Braga/Folhapress/VEJA) (Fabio Braga/Folhapress/VEJA)
Subordinada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB),
a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afastou do caso, nesta quarta-feira, o
delegado da Polícia Civil responsável pelas buscas na casa de Marcos Cláudio
Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), na cidade de Paulínia (SP),
na noite de
ontem.
Segundo nota da SSP, o secretário Mágino Barbosa Filho
determinou “procedimento administrativo para apurar em que condições ocorreu
uma diligência de busca e apreensão” e que o afastamento do policial ocorre
“para preservação das investigações”.
A busca foi realizada após uma denúncia
sobre uso de drogas no local, mas nada foi encontrado.
O órgão também ressalta
que a responsabilidade pelo mandado foi da juíza Marta Brandão Pistelli.
Marcos Cláudio é filho do primeiro casamento da falecida
ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva e foi adotado pelo ex-presidente.
Ele teve uma breve atuação na vida pública:
foi diretor de Turismo e
Eventos da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) e pré-candidato a vereador
pelo PT em 2008, mas teve a postulação barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
Nesta terça-feira, o advogado Cristiano Zanin Martins, que
defende o ex-presidente e seu neto, apontou “caráter abusivo” na ação da
Polícia Civil.
“A busca e apreensão, feita a partir de denúncia anônima e
sem base, não encontrou no local o porte de qualquer bem ou substância ilícita,
o que é suficiente para revelar o caráter abusivo da medida.”
Repercussão
A ação da polícia paulista contra Marcos Cláudio gerou
reação de nomes proeminentes do PT.
No Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT)
classificou a diligência como uma “invasão”, “mais uma ação abusiva cometida
por exibicionismo midiático”.
“Não havia nenhuma investigação em andamento, e a
invasão da casa de Marcos Cláudio foi baseada apenas numa denúncia anônima
falsa”, completou.
A petista ainda relacionou o caso com o suicídio de Luiz
Carlos Cancellier de Olivo, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) que tirou a própria vida depois que foi preso pela Polícia Federal e
afastado da função, suspeito de desviar recursos de programas de educação a
distância (EaD) da UFSC.
“Arbitrariedades policiais como estas levaram ao
suicídio do reitor da UFSC, um homem a quem não se deu direito de defesa”,
escreveu a ex-presidente na rede social.
O esgarçamento das instituições está criando um clima de exceção que, se não for combatido, se tornará o ovo da serpente do fascismo.
Em Brasília, a busca na residência do filho adotivo do
ex-presidente foi o gancho para que o líder do partido na Câmara, deputado
Carlos Zarattini (SP), defendesse a volta do projeto de lei sobre abuso de
autoridade para a pauta do Congresso.
“Estamos vivendo no Brasil um
verdadeiro abuso das autoridades policiais, que fazem perseguições a pessoas,
não só da política, mas também a pessoas comuns”, disse.
Fonte: http://veja.abril.com.br/
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