04/09/2016 11h47 - Atualizado em 04/09/2016 17h17
Temer pede 'compreensão' dos partidos da base após crítica
de Aécio
Presidente comentou declaração de Aécio de que é preciso 'DR'
com PMDB.
Peemedebista afirmou que o que mais faz é discutir a relação com a base.
Peemedebista afirmou que o que mais faz é discutir a relação com a base.
Do G1, em Brasília
Temer voltou a falar na China dos atos de vandalismo em
protestos.
(Foto: Beto Barata/PR)
Efetivado no comando do Palácio do Planalto, o presidente
Michel Temer cobrou neste domingo (4), durante entrevista coletiva na China, a
"compreensão" dos partidos que integram sua base de apoio no
Congresso Nacional e disse que o que mais faz, atualmente, é "discutir a
relação com os governistas.
O peemedebista, que
está em viagem à Ásia para encontro de cúpula dos países do G20, fez o
comentário ao ser questionado por um jornalista sobre declaração do presidente
nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), de que Temer deve ter uma
"DR" com o PMDB por conta do racha no partido na
polêmica votação que permitiu que a ex-presidente Dilma Rousseff venha
a ocupar cargos públicos.
Na ocasião, 10
senadores peemedebistas deram votos que ajudaram Dilma a manter os
direitos políticos, apesar de ter sido condenada no julgamento do processo de
impeachment por crimes de responsabilidade. Oito parlamentares do PMDB votaram
para manter a elegibilidade da petista e outros dois se abstiveram, o que
beneficiou a ex-presidente, na medida em que eram necessários, no mínimo, 54
votos para inabilitá-la para funções públicas.
Em entrevista ao jornal "O Globo" publicada neste domingo, além de criticar a postura de
parte dos senadores do PMDB na votação final do julgamento de impeachment,
Aécio disse que, sem o apoio do PSDB, não existirá governo Temer até 2018.
"Com essa base sólida é que vamos conseguir aprovar
questões aparentemente difíceis, mas que produzirão efeitos muito benéficos no
futuro. Mais do que base sólida, [precisamos] da compreensão dos partidos que
nos apoiam. Até o presente momento, não tenho dúvida dessa compreensão. Não
tenho preocupação. Conversar, haveremos de conversar sempre, não tenham
dúvida", ressaltou o novo presidente.
Ao ser indagado sobre as cobranças do presidente do PSDB,
Temer afirmou que vai "discutir o tempo todo" as queixas e as
divisões na base aliada. Ele ressaltou que faz isso
"permanentemente", na medida em que é necessário muito diálogo para
manter a coesão de uma base com quase 20 partidos, voltando a fazer uma crítica
indireta à proliferação de legendaas no sistema político brasileiro.
"O que eu mais faço é discutir a relação. Eu faço isso
permanentemente. Também, com uma base com quase 20 partidos, se não fizer isso
permanentemente não consegue fazer a base permanecer unida. Quando tiver dois
ou três partidos fica mais fácil", disse Temer, ao responder à reclamação
de Aécio.
"Com os amigos do PSDB, eu tenho conversado com muita
frequência. Tivemos muitos jantares e encontros. Prezo muito o apoio do
PSDB", complementou, tentando fazer um afago na sigla aliada.
Protestos
Temer voltou a falar neste domingo, em sua viagem à China, sobre atos de
vandalismo registrados na onda de manifestações que tem se espalhado nos
últimos dias por cidades brasileiras para protestar contra o impeachment de
Dilma e contra o governo do peemedebista. Na entrevista coletiva, o novo
presidente afirmou que, na opinião dele, "depredação
é delito, não é manifestação".
Na véspera, em outra entrevista, o peemedebista tentou
minimizar as manifestações contra sua gestão, atribuindo os protestos a"grupos
pequenos e a depredadores". Na ocasião, ele também disse que os atos
dos últimos dias não foram "democráticos".
Neste domingo, o novo chefe do Executivo federal afirmou
que, para ele, o movimento de junho de 2013, no qual milhões de brasileiros
saíram às ruas do país para reinvindicar, entre outros pontos, a melhoria dos
serviços públicos, "naufragou" em razão dos "depredadores".
"Ontem [sábado], eu disse que uma coisa é a
manifestação democrática, que é importantíssima. [...] O movimento de junho de
2013 naufragou por causa dos depredadores. Quando começaram a depredar, o
movimento ficou paralisado", destacou Temer aos jornalistas na China, onde
está nos últimos três dias para participar de encontro de cúpula dos países do
G20.
"O povo brasileiro não é afeito à depredação, e nem a
ordem jurídica permite a depredação. A depredação é delito, não é
manifestação", complementou.
Papa Francisco
Em meio à entrevista, Michel Temer foi indagado sobre a declaração do papa
Francisco, neste sábado, no qual o pontífice ressaltou sua preocupação com o
atual momento vivido pelo Brasil e pediu proteção ao país e ao povo brasileiro
em um momento que definiu como "triste". O papa fez o comentário ao
inaugurar um monumento dedicado à Nossa Senhora Aparecida no Jardim do Vaticano
– sede da Igreja Católica.
Temer disse que, na opinião dele, o pontífice demonstrou
uma "preocupação" com o Brasilque todos têm no país. "Acho
que a alegria se formará pouco a pouco", enfatizou.
O peemedebista também foi questionado sobre o fato de o papa
ter dito, em meio ao evento de lançamento do monumento no Vaticano, que é
incerta sua visita ao Brasil em 2017.
Ao discursar na inauguração, Francisco disse que estava
contente de ter a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Vaticano porque, em
2013, em sua visita ao Brasil, havia prometido que retornaria ao país durante a
Jornada Mundial da Juventude, mas, agora, não sabe se será possível.
"Ele [papa Francisco] não tinha plano. Ele disse: 'eu
tenho tanto desejo de voltar ao Brasil que, de repente, eu volte ao Brasil',
minimizou o presidente.
Diante da insistência dos repórteres em relação a uma
eventual ligação da desistência de o papa vir ao Brasil à troca de governo no
país, Temer ironizou. "Acho que é melhor perguntar ao papa. Se eu for a
Roma, eu o procuro."
Se depender de convite, eu faço o convite", ressaltou.
Veja a íntegra da entrevista coletiva de Michel Temer na
China:
Sapatos novos
O presidente da República aproveitou uma folga na agenda neste sábado e foi a
um shopping na China para comprar sapatos novos. Na ocasião, segundo sites de
notícias chineses, ele aproveitou para comprar um cachorro robô de brinquedo.
Na entrevista coletiva que deu na noite de domingo (horário
da China), Temer explicou que teve de sair para comprar um par de sapato porque
o calçado de "quebrou".
"O meu sapato quebrou. Cheguei aqui e tive que sair
para comprar um sapato", contou.
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