Judiciário brasileiro custa 4 vezes mais caro que o da
Alemanha
Na relação PIB- depesa com judiciário ganhamos da
Inglaterra, Alemanha
O Poder Judiciário do Brasil é um dos mais caros entre os países do Ocidente.
Embora os juízes tenham salários mais altos, o custo total desse poder não pode
ser explicado por esse quesito. O impacto nas contas é maior por conta do total
de servidores do Judiciário. O Brasil tem a maior relação de servidores da
Justiça por cada 100 mil habitantes. Supera, inclusive, países como a Alemanhã
e a Inglaterra. Estas são apenas algumas das conclusões de um estudo feito pelo
cientista político Luciano Da Ros, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS).
"O custo da Justiça no Brasil: uma análise comparativa exploratória"
apresenta uma série de dados sobre o quanto o país tem desembolsado para fazer
funcionar o Poder Judiciário (todos os níveis e ramos da justiça). Embora não
seja o foco da pesquisa, o estudo acrescenta que a Justiça brasileira é uma das
mais sobrecarregadas do mundo. Em 2013, o total de processos chegou a 95
milhões, o equivalente a mais de 6 mil procesos por juíz, ou quase um processo
para cada dois habitante. Para se ter uma ideia, a cada ano entram no sistema
judiciário cerca de 1,7 mil novos processos para cada juíz. Na Itália, essa
relação é de 876; na França 455 e, em Portugal, 412. (O Blog conversou com
Luciano Da Ros, veja abaixo)
A maior parte das despesas do Poder Judiciário no Brasil refere-se ao gasto com
pessoal: 89% do orçamento. Entre os países europeus, esse percentual é, em
média, de 70%. "O Poder Judiciário brasileiro totaliza cerca de 16,5 mil
magistrados, o equivalente a cerca de 8,2 juízes por 100 mil habitantes.
Trata-se de proporção que não destoa da maioria das nações e que, portanto,
dificilmente explica a disparidade observada nas despesas", diz o estudo.
A maior parte do custo é para pagar mais de 412 mil servidores da Justiça, o
equivalente a 205 para cada 100 mil habitantes, a maior relação entre os países
considerados na pesquisa da UFRGS. Resultado, com grande número de servidores e
um alto custo de manutenção, o Brasil tem um dos mais altos custos de decisão
judicial: R$ 2,2 mil. Na Itália, custa cerca de R$ 1,6 mil, e R$ 2 mil em
Portugal. Mas "embora os magistrados sejam individualmente responsáveis
por mais casos novos por ano no Brasil do que em outras partes do mundo, o fato
é que eles recebem o auxílio de uma força de trabalho significativamente maior
para tanto", diz o estudo.
Como conclusão, Luciano Da Ros afirma que "há diversos motivos plausíveis
que ajudam a explicar por que o Brasil precisa de um sistema de justiça mais
caro do que o de países europeus ou norte-americanos, incluindo, por exemplo, o
seu legado de instituições autoritárias, o longo período de incerteza jurídica
derivado do cenário de sucessivas crises econômicas das décadas de 1980 e 1990,
e as abissais desigualdades socioeconômicas existentes".
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