31 de Março de 2017
O colunismo oficial do golpe apressa-se em narrar a
condenação de Eduardo Cunha como prova de isenção e imparcialidade da Lava Jato
[sic].
No Globo desta sexta-feira 31/3, Merval Pereira escreveu que
a condenação de 15 anos imposta pelo juiz Sérgio Moro tira “do partido do
ex-presidente Lula a desculpa esfarrapada de que há uma perseguição seletiva
contra ele e o PT”. Merval mente; o que ele diz é rigorosamente falso.
A mídia
golpista fabrica “verdades alternativas” – como diria FHC, “acadêmico” da ABL
assim como Merval – para distorcer a realidade e ocultar o objetivo político
real e camuflar a razão de ser da Lava Jato no plano político, que é a caçada
ao Lula e a liquidação do PT.
O objetivo econômico da Operação, como demonstra a recessão
econômica, está em estágio avançado de execução: a Petrobrás destroçada, o
pré-sal e a cadeia de gás e petróleo entregue ao capital estrangeiro, a
tecnologia e a engenharia nacional devastada e milhões de empregos de
brasileiros evaporados.
A condenação do Eduardo Cunha, a primeira de vários
processos judiciais a que o sócio do Temer responde, na realidade aconteceu
tardiamente, porque as sobradas razões para condená-lo foram trazidas a público
antes mesmo da eleição dele para a presidência da Câmara, onde foi mantido para
orquestrar o golpe através do impeachment fraudulento da Presidente Dilma.
Há, em relação a Eduardo Cunha, montanhas de provas
materiais, documentais e testemunhais do seu envolvimento antigo com o mundo do
crime e da sua associação criminosa com a cleptocracia que tomou de assalto o
poder de Estado.
Conhece-se, por exemplo, as contas milionárias do
“caranguejo” [seu codinome nas planilhas de propina da Odebrecht] na Suíça, bem
como os acertos pecuniários prévios à votação de matérias de interesse das
empreiteiras no Congresso e para a liberação de empréstimos da CEF.
Nas acusações feitas ao sócio Michel Temer na forma das
perguntas que foram proibidas pelo juiz Sérgio Moro para proteger o presidente
usurpador, Cunha não só se auto-incriminou, como incriminou de maneira
induvidosa sua quadrilha.
Ele forneceu detalhes pormenorizados sobre a divisão
das propinas, os locais de entrega do dinheiro roubado e as funções de cada
elemento da quadrilha – um deles desempenhando o papel de “mula” para o transporte
do produto do roubo.
São abundantes e robustos, portanto, os fundamentos para a
condenação do Cunha, assim como o são os fundamentos para o julgamento e
condenação dos seus parceiros de crime, a maioria deles protegidos com o foro
privilegiado.
A Lava Jato e a mídia golpista usam a condenação
do Cunha, que é uma obviedade jurídica, para sedimentar a falsa ideia de imparcialidade
da Lava Jato e, desse modo, legitimar o arbítrio montado pelo Moro para
condenar o ex-presidente Lula sem o menor fundamento jurídico, legal e
constitucional.
Diferentemente do Eduardo Cunha, contra Lula não existe
nenhuma prova documental, material ou testemunhal para sequer acusá-lo; quanto
mais para processá-lo, julgá-lo e condená-lo.
O que existe, na realidade, são
apenas as convicções dos fascistas da força-tarefa da Lava Jato, dominados por
uma obsessão patológica de condenar Lula, que afrontam o Estado de Direito e a
Constituição para liquidar adversários políticos.
Moro, como sempre programa, escolheu o timing estratégico para
a condenação do Cunha.
Ele prepara o terreno da manipulação midiática e
jurídica a poucas semanas da audiência do Lula em Curitiba, no dia 3 de maio
próximo, a qual ele preside num contexto de fracasso das mobilizações da
direita no último domingo, de desgaste pessoal com o sequestro arbitrário que
promoveu do blogueiro Eduardo Guimarães e, principalmente, do crescente apelo
popular pela eleição do Lula para resgatar o Brasil.
O condomínio jurídico-midiático-policial está construindo o
discurso dos golpistas fascistas para legitimar a caçada ao Lula.
Fonte: http://www.brasil247.com/