quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Secretaria afasta delegado que fez busca na casa de filho de Lula

Secretaria afasta delegado que fez busca na casa de filho de Lula
Pasta da gestão Alckmin diz que afastamento ocorre 'para preservação das investigações'; na noite desta terça, denúncia anônima levou polícia ao endereço
Por Guilherme Venaglia e Mateus Feitosa
Access_time12 out 2017, 16h26 - Publicado em 11 out 2017, 18h01
 Lula e seu filho, Marcos Cláudio Lula da Silva, na inauguração do comitê de Marcos, candidato a vereador pelo PT em São Bernardo
Lula e seu filho Marcos Cláudio Lula da Silva, na inauguração do comitê de Marcos, candidato a vereador pelo PT em São Bernardo (Fabio Braga/Folhapress/VEJA) (Fabio Braga/Folhapress/VEJA)

Subordinada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afastou do caso, nesta quarta-feira, o delegado da Polícia Civil responsável pelas buscas na casa de Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na cidade de Paulínia (SP), 
na noite de ontem.

Segundo nota da SSP, o secretário Mágino Barbosa Filho determinou “procedimento administrativo para apurar em que condições ocorreu uma diligência de busca e apreensão” e que o afastamento do policial ocorre “para preservação das investigações”. 

A busca foi realizada após uma denúncia sobre uso de drogas no local, mas nada foi encontrado. 

O órgão também ressalta que a responsabilidade pelo mandado foi da juíza Marta Brandão Pistelli.

Marcos Cláudio é filho do primeiro casamento da falecida ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva e foi adotado pelo ex-presidente. 

Ele teve uma breve atuação na vida pública: 

foi  diretor de Turismo e Eventos da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) e pré-candidato a vereador pelo PT em 2008, mas teve a postulação barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesta terça-feira, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente e seu neto, apontou “caráter abusivo” na ação da Polícia Civil. 

“A busca e apreensão, feita a partir de denúncia anônima e sem base, não encontrou no local o porte de qualquer bem ou substância ilícita, o que é suficiente para revelar o caráter abusivo da medida.”

Repercussão

A ação da polícia paulista contra Marcos Cláudio gerou reação de nomes proeminentes do PT. 

No Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) classificou a diligência como uma “invasão”, “mais uma ação abusiva cometida por exibicionismo midiático”. 

“Não havia nenhuma investigação em andamento, e a invasão da casa de Marcos Cláudio foi baseada apenas numa denúncia anônima falsa”, completou.

A petista ainda relacionou o caso com o suicídio de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que tirou a própria vida depois que foi preso pela Polícia Federal e afastado da função, suspeito de desviar recursos de programas de educação a distância (EaD) da UFSC.

 “Arbitrariedades policiais como estas levaram ao suicídio do reitor da UFSC, um homem a quem não se deu direito de defesa”, escreveu a ex-presidente na rede social.

O esgarçamento das instituições está criando um clima de exceção que, se não for combatido, se tornará o ovo da serpente do fascismo.

Em Brasília, a busca na residência do filho adotivo do ex-presidente foi o gancho para que o líder do partido na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), defendesse a volta do projeto de lei sobre abuso de autoridade para a pauta do Congresso. 

“Estamos vivendo no Brasil um verdadeiro abuso das autoridades policiais, que fazem perseguições a pessoas, não só da política, mas também a pessoas comuns”, disse.


Nenhum comentário:

Postar um comentário