sábado, 8 de abril de 2017

Governo teme que pressão contra reforma da Previdência atinja mais votações

Governo teme que pressão contra reforma da Previdência atinja mais votações
Primeira surpresa ocorreu há duas semanas: a rejeição da PEC que permitia a cobrança de cursos de extensão e de pós-graduação em universidades federais
Postado em 07/04/2017 09:00 / atualizado em 07/04/2017 09:19
 Evaristo Sá
 Temer discursa durante o almoço, no Palácio do Itamaraty, oferecido ao rei Carlos XVI Gustavo e à rainha Sílvia, da Suécia, que estão em visita oficial ao Brasil: preocupação com a base (foto: Evaristo Sá)

Brasília -Apesar de ter acumulado vitórias importantes e de afirmar que tem a base mais sólida no Congresso nos últimos anos, há algumas semanas o Planalto acendeu o alerta em relação ao apoio dos deputados. O receio é de que a pressão contrária à reforma da Previdência contamine outras votações importantes.

Ao recuar na proposta que mexe com a aposentadoria da população, o governo não só tenta garantir os votos para esta medida, mas também leva um sinal ao Congresso de que o respeita, para acalmar os ânimos.


A primeira surpresa ocorreu há duas semanas: a rejeição da PEC que permitia a cobrança de cursos de extensão e de pós-graduação em universidades federais — a oposição venceu por quatro votos e barrou a proposta. 

E ontem, mais um alerta: a flexibilização do texto da reforma da Previdência ocorreu no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados adiou, mais uma vez, a votação do projeto de lei que cria o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para socorrer os estados com grave crise financeira.

O governo tenta, há três semanas, votar o projeto da renegociação, nomeado PLP nº 343/2017, enviado ao Congresso em 23 de fevereiro.
 
A matéria contém o artigo do projeto de lei de renegociação da dívida dos estados, vetado anteriormente por Temer por ter sido totalmente desfigurado pela Câmara, que retirou as contrapartidas que o governo havia incluído para socorrer as unidades da Federação.

Com o reenvio do projeto, voltaram as contrapartidas, como a proibição de concessão de reajustes aos servidores. 

O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, negou que o governo tenha perdido por causa do adiamento da votação do projeto dos estados. Assessores de Temer afirmam que o adiamento para a próxima semana havia sido acertado, na quarta-feira, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), diante da falta de quórum da base aliada e da oposição para aprovar o projeto.

Por mais que tentem minimizar os sintomas, o alerta no Planalto já estava aceso desde a votação da terceirização irrestrita que, apesar de ter sido aprovada, passou com um placar apertado: 231 a 188, o que não seria suficiente para uma PEC, em que são necessários o apoio de dois terços da Casa, ou seja, 308 votos. 

A principal preocupação é em relação à reforma da Previdência, que sofre resistência até de fiéis aliados do Executivo, porque mexe na aposentadoria da população e pode ter um impacto negativo nas urnas.

O governo sabe que está sob fogo cruzado, mas tem consciência de que agora entra na fase de apuração, em que os parlamentares refletem e tendem a mudar de voto. A flexibilização da reforma serve também como um “afago”, um sinal de “respeito” ao Congresso. Interlocutores do Planalto, no entanto, garantem que a base não abandonou o governo, mas que a reforma, com todas as suas dificuldades, pode contaminar outras matérias. 

Por isso, o próprio presidente passou a intermediar a negociação com os parlamentares.

Temer busca evitar momentos pelos quais passou Dilma Rousseff, que perdeu a base no Congresso, até ser afastada. A forma como ambos negociam é diferente. 

O presidente tenta aplicar o mantra do “diálogo” presente em todos os seus discursos e conversa diuturnamente com parlamentares. 

“Estava insustentável antes. Agora, vamos conversar para ver como lidar com a nova proposta”, comenta um aliado que prefere não se identificar. Apesar dos indícios da fragmentação na sustentação da base, o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), nega que há rupturas ou problemas de relacionamento. Segundo ele, inclusive, o governo já tem garantido o número de votos necessários para a aprovar a PEC da Previdência, mas não detalhou a quantidade. 

Fator Renan

Além de lidar com as medidas consideradas impopulares, o governo também se depara com ataques de um correligionário, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Considerado até pouco tempo um dos pilares da estabilidade do governo no Congresso, Renan deu um cavalo de pau na estratégia política e passou a fazer, desde o começo do ano, duras críticas à gestão Temer, dizendo que o presidente propôs medidas amargas que “atingem o povo trabalhador”.

A mudança de postura se deu, na verdade, para agradar ao eleitor de Alagoas, com vistas às eleições de 2018, e a possibilidade de perda do foro privilegiado em caso de derrota.

A primeira ameaça de prejudicar o Executivo no cotidiano do Senado se deu semana passada, quando ele começou uma articulação a fim de indicar o senador Roberto Requião (PMDB-PR), um dos críticos mais ácidos de Temer, para relatar a reforma da Previdência.

Interlocutores do Planalto tentam minimizar a influência de Renan, justificando que ele é apenas um em meio a 81 senadores e que claramente objetiva aumentar a popularidade em Alagoas, reduto nordestino petista.

Terceirização

Apesar de ter conseguido aprovar projetos difíceis, como a PEC dos gastos e a regulamentação da terceirização, o governo vive desafios para aprovar medidas no Congresso.

O governo conseguiu aprovar o projeto que regulamenta a terceirização irrestrita, mas o placar apertado chamou a atenção do Planalto: foram 231 votos a favor e 188 contrários. Se fosse uma PEC e precisasse de apoio de dois terços da Casa, como é o caso da Previdência, não seria aprovado.

A votação acendeu alerta amarelo para a Previdência. Além disso, o governo terá que incluir salvaguardas aos trabalhadores na reforma trabalhista

Reforma da Previdência

Nos corredores da Câmara, diz-se que o governo não chegaria, se a proposta fosse apreciada hoje, a um terço dos 308 votos necessários para aprovar as mudanças na Previdência. Isso mesmo depois de o Planalto recuar e retirar servidores estaduais da reforma.

Pós-graduação paga

O governo era favorável à PEC que autorizava a cobrança por cursos de extensão e de pós-graduação nas universidades federais. Perdeu, no entanto, por pouco: fez 304 dos 308 votos necessários.

Renegociação dos estados

Há pelo menos três semanas, o Executivo tenta aprovar medidas para ajudar estados onde as contas públicas estão em calamidade, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Ao ver que o texto do governo não passaria, Rodrigo Maia não botou a matéria para votação na quarta-feira




2 comentários:

  1. Em Alagoas os deputados já estão avisados, se votarem favoráveis a essa reforma, ñ serão reeleitos.

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  2. Isso tem que ser Brasil todo votou a favor acabou vida política nunca mais vai se eleger nem para sindico

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